Um castelo assombrado e uma igreja misteriosa
Jairo Attademo
O caso de hoje não é uma lenda. Está documentado e tem testemunhas. É um acontecimento tenebroso, pior do que as mais obscuras lendas sobre fantasmas, bruxas, lobisomens e assombrações.
Aconteceu na igreja de um Castelo muito antigo, em Montemor-o-Velho, no centro de Portugal.
Deixem-me explicar um pouco sobre Montemor-o-Velho.
Montemor significa Monte Maior.
Estamos falando de uma vila perto de Coimbra, com pouco mais de 3 mil almas, sede do município com o mesmo nome que abriga mais de 26 mil pessoas. Há um castelo medieval ali, digno de ser visitado.
A ocupação humana no local vem de 7 mil a 2.500 anos antes de Cristo. Já o Castelo e a cidade remontam à Idade Média.
INTERESSANTE
Há quem diga que os moradores de Montemor viviam às rusgas com os vizinhos da freguesia de Maiorca. Todos queriam ter a primazia de morar nos lugares mais elevados e com a mais bela vista do Condado. Assim, os de cá gritavam para os de lá: Monte Mor, Monte Mor (querendo dizer Monte Maior), enquanto os de lá revidavam: Maior Cá, Maior Cá.
Bem, só existe um Velho se houver um Novo. E há.
Montemor-o-Novo é outra cidade, tão antiga quanto a primeira. Fica no Alentejo, perto de Évora, há 270 quilômetros de distância do Velho. Normalmente, os jovens gostam de ficar longe dos velhos.
Por que, então, chama-se Novo, se é tão antigo quanto o outro?
É que a localidade foi reedificada no século XII, quando nomearam-na também Montemor, um nome que já existia. Então acrescentaram-lhe “o Novo”. O primeiro, cuja idade se confunde com a do segundo, acabou sendo chamado “o Velho”.
O Castelo de Montemor-o-Velho é cercado não só de muralhas, mas de lendas. Uma delas diz que ali estão escondidas duas arcas, uma da peste e outra da riqueza. A da peste, se aberta, lançará maldições sobre o mundo todo. A da riqueza ninguém sabe o que faria.
Vai ver que quem encontrar a da riqueza ficará rico sozinho e quem abrir a da peste vai espalhar desgraça para todo mundo.
Bem, normalmente é isso o que acontece.
Então, onde está a coisa terrível que teve lugar na igreja do Castelo de Montemor-o-Velho? Vamos contar.
O ano era 2003 e o local era a Igreja de Santa Maria de Alcáçovar, que fica no Castelo. O santuário foi o cenário escolhido para gravação de algumas cenas da novela portuguesa O Teu Olhar, da TVI, que fez muito sucesso.
UM TANTINHO DA NOVELA
Uma mulher fica cega depois de ser atropelada por um jovem em sua moto.
O motociclista perde a consciência e é levado pelo irmão.
O irmão o engana dizendo que a vítima ficou bem.
Vítima e atropelador nunca mais se viram.
O jovem, anos depois, é um oftalmologista.
O destino leva a mulher até ele para uma cirurgia de recuperação da visão. Os dois se apaixonam.
Um “rolo” danado acontece.
Chega, pois o caso de hoje não tem nada a ver com o enredo da novela.
Prossigamos.
Tudo corria normalmente no local da gravação, dentro da igreja. Como sempre, o set estava tomado por holofotes, câmeras, microfones, gruas, fios de todos os calibres e gente para todo lado.
Não nos esqueçamos: tudo ocorria dentro de uma igreja medieval, num castelo do século XII, tudo rodeado por lendas.
Lá pelas tantas, com os atores em cena e gritos de luz, câmera, ação, acontece o inesperado: um apagão geral.
Do nada, sem que ninguém conheça as causas até hoje, todos os aparelhos eletrônicos pararam de funcionar. Totalmente.
Vários atores e atrizes passaram mal. Relatos dão conta de que além do mal-estar geral, uma das atrizes começou a falar com voz grave, masculina, e a vomitar sangue. Segundo testemunhas, foram necessárias várias pessoas para segurá-la.
No meio do caos, com a aflição e o terror tomando conta de quase todos, alguém menos afetado teve a ideia de chamar o padre para, digamos assim, exorcizar o ambiente. Ou fazer alguma coisa parecida, vai saber.
O pároco de Montemor-o-Velho chegou, rezou e mais não se sabe sobre outras providências.
Quando tentaram retomar a gravação, as telas dos monitores ficaram vermelhas ou acinzentadas, como se estivessem se recusando a trabalhar.
Os técnicos garantiram que não havia nada de errado com os equipamentos e que nem mesmo fatores como umidade poderiam ser responsabilizados.
Isso foi há 20 anos e não sei se aconteceu exatamente assim. Sei que até hoje não se conhece a causa daquilo. Os jornais da época noticiaram, portanto, aconteceu uma coisa bizarra naquela igreja e naquele dia.
ARREPIO
É fascinante saber que essa igreja foi a mesma que, há sete séculos, serviu de local para a sombria decisão do Rei Afonso IV e de seus conselheiros pelo assassinato da jovem Inês de Castro, com quem o príncipe Pedro I de Portugal havia se casado às escondidas depois que sua esposa Constança falecera.
Inês, como já contamos aqui noutra história, foi a mulher que teve seu esqueleto exumado e vestido de Rainha para um beija-mão no Salão Real, quando Pedro subiu ao trono*.
*no canal Lendas&Histórias do Youtube, você pode ver essa história (A Noiva-Cadáver de Portugal), também publicada aqui no BOL.
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