Sobre quilômetros percorridos e a vida

A crônica de Débora Ireno Dias

O dia começou ainda escuro. Clima ameno na Cidade Maravilhosa, contrastando com a tensão que pairava no ar, despistada pelos sorrisos nervosos, acenos e “selfies”. O café rápido, suficiente para ajudar a despertar o corpo e a alma. O ônibus conduziu ao ponto de largada, passando por ruas que, dali a pouco, seriam tomadas por um arrastão fluorescente. O silêncio dava lugar aos pensamentos expressos através das músicas, da oração, dos últimos acertos sobre como ir, o que fazer ao longo do caminho, onde se encontrar após a chegada. 

Alonga, reza, registra, bate palminha, respira e vai! A sirene tão esperada soou ao final dos 10 meses de preparação, algumas lesões, dúvidas sobre continuar e muitos quilômetros rodados. Estar ali não era o fim e sim a continuidade de um passo que começou quando se interessou por um esporte que lhe trazia vida! Sim, sensação de vida, de liberdade, de vento soprando a brisa sobre si e lhe dando novas chances. E percebeu que este esporte de nada tem de individual, e sim, é uma das formas mais coletivas de se experimentar o bonito da vida. 

Os 21km a serem conquistados não estavam fáceis. Mas a vida não era fácil, não é fácil. Arrancada inicial foi rápida! No fluxo dos demais, viu os quilômetros passarem rápido, mas no tempo suficiente para apreciar o espetáculo do dia nascendo e perceber que Deus se manifesta nos pequenos detalhes. Vieram curvas, veio dor, vieram aplausos, veio medo, vieram mãos que ofereceram o alimento, veio vontade de desistir. Veio o túnel com seu escuro, com abafamento, mas também veio a luz ao seu final. Haveria um retorno que nunca aparecia e a cabeça já não conseguia pensar direito. Aí vieram aqueles que trazia no coração e que lhe ensinaram: respira, conte, cante, lembre-se de acreditar em você mesma, você está preparada! 

Acreditar! Não se trata apenas de correr. Trata-se de acreditar! E fazer com que esta autoconficança aconteça. Trata-se de se preparar para conquistar os quilômetros que se estendem sob os pés, todos os dias. Trata-se de saber que, à medida que os quilômetros passam, muitos poderão estar com você para lhe ajudar a superar a dor, o medo, a sede, o cansaço, não há conquista solitária, mas que depende de você, sobretudo, a sua própria conquista. 

Aproximar-se da chegada, escutar a música, escutar a si mesma e seu grito de vitória. Atravessar o pórtico e perder a noção da existência por alguns instantes por se sentir num estado pleno de prazer por um trabalho bem feito, carregando nos ombros sentimentos e sentidos que só Deus os conhece. Nada negativo, mas tudo o que lhe fez superar mais uma etapa da vida. Abraçar os amigos – sim, a conquista nunca é solitária! E juntos celebrarmos a vitória pessoal de cada um. 

Na volta para casa, as malas pesavam mais, pareciam mais cheias. Era a medalha, a roupa suada, os tênis gastos, mas, principalmente, as memórias e histórias que ficaram registradas no coração. 

Assim segue a vida: acreditar no seu potencial, preparar-se para conquistar sua medalha de cada dia, percorrer os quilômetros que Deus coloca sob seus pés e celebrar a vitória! Respira, conte, ore, cante e vai! A gente consegui! Eu consegui!

Obs: Interessou-se também pela corrida? Ótimo! Mas, antes de começar a correr por aí, faça exames médicos e procure orientação com Profissional de Educação Física formado. Esses profissionais poderão ajudar você a conquistar seus quilômetros de forma sadia. 

#maratonadoriooficial

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