O drama de uma sociedade cada vez mais globalizada

Delton Mendes Francelino

O mundo mudou muito rápido nos últimos anos. Somente na última década houve a explosão das mídias sociais, alavancada pela tecnologia da informação e da sociedade em rede, calcada nas possibilidades de interação rápida e dinâmica entre as pessoas por meio da internet. No entanto, é possível dizer que as pessoas estão se aproximando mais?

Pesquisas revelam que, ao contrário do que um olhar despretensioso pode mostrar, apesar de mais de 70% da humanidade estar conectada via web, em rede, significativa parcela das pessoas adultas em todo o mundo sentem-se extremamente sozinhas. São altos os índices de depressão e suicídio por exemplo. Mas, como isso é possível? Se as mídias sociais teoricamente aproximam as pessoas, por qual razão elas se sentem solitárias?

Estudos têm mostrado que são graves os problemas contemporâneos da humanidade no que tange suas culturas de relacionamento e interpretação comunitárias. Fatores antes fundamentais da interação humana, como a conversa pessoal e relações de cidadania e identificação social nos seios de comunidades têm cada vez mais desaparecido. Muros altos e cercas elétricas “defendem” os cidadãos da criminalidade e violência, mas, acima de tudo, inibem a interação, o convívio e estado de bem estar social. Não à toa, são assustadores os dados colhidos de entrevistas na Europa e EUA, onde alta porcentagem da população afirma que não conhece os nomes dos vizinhos; outros sequer viram as pessoas que moram ao lado em espaços de tempo de 10 ou 15 anos.

O mundo mudou nas últimas décadas. Relações de proximidade extrema entre pessoas e seus ambientes; entre os habitantes das cidades e os significados do espaço, da comunidade hoje são bem diferentes. As conseqüências disso vão muito além do que a mera individualidade e estado de solidão. Provocam um verdadeiro abismo existencial humano, que inibe a interpretação do mundo, do planeta e das pessoas como espaços de aprendizagem, de interatividade e transformação. A felicidade tão buscada pelo capitalismo apresenta-se cada vez mais uma utopia para a população mundial, tão baseada no consumismo e no imediatismo. Quando, enfim, poderemos vislumbrar um futuro digno, cuja felicidade não seja um produto a ser obtido, mas um sentimento de paz e interioridade construído coletivamente?

 

NOTA DA REDAÇÃO: Delton Mendes Francelino é Diretor Internacional do Instituto Curupira (MG, SP e EUA); Professor Col. Graduação em Ciências Biológicas/ IF Sudeste Campus Barbacena/MG; Site: https://deltonmendes.wixsite.com/meioambiente; Coordenador do Centro de Estudos em Ecologia Urbana e Educação Ambiental Crítica do IF Sudeste, Campus Barbacena, MG; Palestrante e professor: Meio Ambiente/ Eco cultura/Permacultura/Ecoeducação; Contato cel/+whatsapp:(32) 9 8451 9914

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