Investir é para todos?

Por: Marcelo Antônio Rocha de Oliveira e Oliveira Lopes Jr.

Sabe aquele dinheiro que sobra no final do mês, quando o salário cai na conta? Às vezes acontece de sobrar uma beirada, não é? O que você costuma fazer com ele? Pede um lanche pelo aplicativo ou dá uma busca na internet para comprar mais uma bugiganga que talvez nem precise? Ou você é daqueles que pensa um pouco mais e guarda na poupança?

Antes que sejamos acusados de ser levianos ao falar dessa forma, é forçoso reconhecer o fato de que para a grande maioria dos brasileiros essa possibilidade não existe. Afinal, o salário que se recebe é tão pouco que é preciso se virar para sobreviver. Segundo o IBGE, o Brasil é um dos países mais desiguais do mundo com renda domiciliar per capita de R$1.625,00, dados de 2022. Nessa condição, é falacioso tentar supor o que o outro poderia fazer “com o dinheiro que sobra”, já que essa não é uma possibilidade.

Entretanto, mesmo sabendo do risco que estamos correndo ao escrever esse texto, atrevemo-nos a prosseguir com o intento. Suponhamos, portanto, que você é uma dessas pessoas que têm a felicidade de escolher o que fazer com o dinheiro que eventualmente possa sobrar no final do mês. Se a sua opção é depositá-lo na poupança, esse texto é para você. Isso pode ser um sinal de que você leva jeito para investir.

Contudo, é melhor que isso. E se dissermos que é possível continuar comprando bugigangas e ranguinhos nos aplicativos, já que uma coisa não exclui a outra?

A questão vai além de simplesmente organizar os seus gastos, mas usar uma parte do que sobra, e quando sobra, de forma inteligente. Suponha que sobraram R$250,00 no final do mês e você não sabe o que fazer com o dinheiro. As contas estão pagas. Você já foi ao bar semana passada e não pretende ir novamente. Também já pediu um lanche na outra semana e a fatura do cartão de crédito anda meio puxada.

Assim, suponhamos que sua opção seja gastar R$100,00 e guardar o restante. A pergunta é, onde guardá-lo? Debaixo do colchão é perigoso esquecer e a inflação irá consumi-lo. Para se ter uma ideia, segundo a Agência Brasil (EBC), a inflação fechou em 4,72% em 2023. Numa conta simples, sem considerar juros compostos: 4,72% ao ano ÷ 12 meses = 0,39% ao mês. Dessa forma, se os seus R$150,00 ficarem no seu bolso ou numa gaveta na sua casa, no final do ano, valerão R$150,00 – 0,58 (0,39% de 150,00) = R$149,42. Ou seja, se o dinheiro ficar parado, perderá valor.

Não costumamos pensar nesses termos. Imaginamos que uma nota de R$100,00, em nossas mãos, vai sempre valer R$100,00. Porém, ela desvaloriza com o tempo. Quando nos lembramos disso, em algum momento, geralmente optamos por depositar o dinheiro na poupança, que por tradição acreditamos ser mais segura. E é verdade que ela seja. No momento em que escrevemos esse texto, o rendimento da caderneta de poupança está em torno de 0,57% ao mês, dados de dezembro de 2023. Nesse mesmo mês, o IPCA – Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – registrou 0,40% de inflação. Logo, considerando a inflação média mensal de 0,39% e que a poupança é a sua opção, por muito pouco você não “trocou cebola”, como diz o ditado, já que na prática seu rendimento foi somente a diferença entre a poupança e a inflação (em torno de 0,18% ao mês).

A boa notícia, que talvez ninguém tenha te contado, é que existem opções melhores quando se deseja fazer uma operação que vá além de simplesmente guardar o seu dinheiro. É o que se chama comumente de investimentos. Eles se dividem em dois tipos, os de renda fixa e os de renda variável.

A poupança é um tipo de investimento – que está mais para “guarda” por causa do baixo rendimento – de renda fixa, onde, na prática, você empresta dinheiro para o banco que, em contrapartida, te paga juros mensais para usar o seu dinheiro. O termo é “usar”, porque o banco empresta seu dinheiro a outros clientes e cobra juros por isso, mas com uma diferença importante: o rendimento da poupança, que é a forma como o banco te remunera para pegar o seu dinheiro emprestado, é dez, quinze vezes menor do que ele cobra dos seus clientes para realizar empréstimos.

Nesse cenário, o que podemos fazer para amenizar nosso evidente prejuízo? Se o sistema é injusto, enquanto a revolução não vem, vamos ficar de braços cruzados esperando as coisas caírem do céu? Não podemos nos dar a esse luxo. Como nos ensina o Professor Luiz Antônio Simas, é possível operar nas brechas do sistema e, dançando conforme a música, aproveitar-se das possibilidades.

Historicamente, no sistema capitalista, se um grande banco quebra, seja no Brasil, nos EUA ou na Europa, os governos socorrem, e com o nosso dinheiro, diga-se de passagem. Por outro lado, se algum de nós, meros mortais, ou a padaria do Seu Zé da esquina vai à falência, quem nos ajuda? Nem Jesus na causa.

Portanto, ficar de braços cruzados apenas criticando o sistema não é uma boa opção. Já está posto que o sistema é injusto, que o Brasil é o paraíso do rentismo e etc. Contudo, não há contradição entre agir para transformá-lo de forma que seja mais justo para todos e, simultaneamente, aproveitar-se das oportunidades que estão postas, com o cuidado, aqui, de não cair em armadilhas e fazer o jogo dos donos do poder. Eis o “x” da questão: o que eles esperam de nós? Que a gente apenas conteste e não queira participar disso, ou melhor ainda, que ignoremos a existência de oportunidades. Assim, eles ficam numa boa, com o bolo inteiro para eles.

Mas então, o que fazer?

Uma possibilidade é investir de maneira inteligente uma parte do nosso dinheiro. E temos algumas boas opções com riscos menores, por exemplo, se comparados aos que muitos empreendedores se aventuram, por opção ou necessidade. Fato é que mais de 30% das empresas vão à falência nos primeiros 5 anos de vida. Pensem nos custos para abrir um negócio, os impostos e taxas, os insumos, os salários de empregados e etc. Tudo isso chega muito antes que se possa falar em qualquer lucro. Além disso, a maioria dos empreendimentos não possuem dinheiro para manter um fluxo de caixa mínimo para tocar o negócio no primeiro ano, até que a empresa tome corpo e forme uma clientela razoável que permita que os resultados apareçam.

Mas, voltando para o nosso assunto. O que fazer então com aquela sobra? Uma boa opção é começar investindo em renda fixa. A famosa sopa de letrinhas: CDB, LCI, LCA, RDB, Debêntures e etc., além do Tesouro Direto. São transações que pagam um pouco melhor do que a poupança para investir o nosso suado dinheirinho. Apesar das muitas siglas, o que importa saber é que são investimentos de renda fixa, nas quais você empresta dinheiro para as instituições financeiras ou para o governo, comprando títulos emitidos por eles, e recebe juros como recompensa. Chama-se renda fixa porque você sabe com certeza o valor que vai receber no final do período acordado.

Alguns desses investimentos contam com a segurança do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) para aplicações de até R$250.000,00, o que traz maior segurança para os investidores. Na renda fixa, investimentos em LCI, LCA, CRI e CRA são isentos de impostos. Para os demais é cobrado uma alíquota regressiva de imposto de renda sobre os rendimentos, que varia de 22,5% a 15%, de acordo com o tempo que o dinheiro ficará investido. Já a poupança é isenta. Porém, nessa opção, se a aplicação for realizada no dia 10 de um determinado mês, por exemplo, o investimento só terá a remuneração exatamente no dia 10 do mês subsequente. Se você resgatar o dinheiro no dia 9, perderá todo o retorno do período.

A taxa SELIC, regulada pelo Banco Central do Brasil, é a taxa básica de juros da economia. Normalmente, ela é utilizada como instrumento para controlar a inflação. Enquanto escrevemos essas linhas, a SELIC está em 11,75% ao ano. Em um cálculo simples e sem considerar os juros compostos: 11,75 ÷ 12 meses = 0,97% ao mês. Os bancos emprestam dinheiro entre si seguindo a taxa CDI como parâmetro, que por sua vez, acompanha a SELIC de perto. Logo, eles cobram mais ou menos 0,97% ao mês de juros para fazer empréstimos a outras instituições financeiras. Para nós, que não temos CNPJ´s fortes, nem somos donos de grandes empresas ou instituições financeiras, a taxa de juros que nos oferecem para nos emprestar dinheiro é bem mais salgada. Para se ter uma ideia, o juros para um empréstimo consignado em folha de pagamento hoje gira em torno de 1,60% ao mês, ou seja, aproximadamente 0,40% maior que o CDI. Percebam que essa diferença praticamente cobre a inflação mensal em favor das instituições financeiras. E isso não é uma coincidência. O risco de emprestar dinheiro para os bancos é o da inadimplência, não o da desvalorização do dinheiro, visto que os ganhos cobrem a inflação. Nem é preciso dizer sobre quando as pessoas precisam utilizar o limite do cheque especial ou optam por parcelar a fatura do cartão de crédito, ou pagar o valor mínimo. Nesses casos, os juros cobrados são exorbitantes, pra não dizer coisa pior. Na prática, é quase um assalto legalizado ao cidadão que se submete ao processo.

Dessa forma, o que podemos fazer é basicamente mitigar as nossas perdas, como cobrir as perdas da inflação, por exemplo. Isso pode parecer pouco, mas a questão é que qualquer coisa que se ganha em um cenário onde os prejuízos são a regra, já é um bom negócio.

Retornando para as soluções de investimento, a renda fixa é sim uma boa opção para esse propósito. Aplicando seu dinheiro nela, você consegue superar os rendimentos da poupança em todos os casos. Há diversas opções para isso. As mais comuns são os CDB´s e o Tesouro Direto, além das contas-correntes em bancos digitais que oferecem rendimentos diários, em vez de mensais, atrelados ao CDI. Nelas, é possível manter seu dinheiro rendendo e agendar o pagamento dos seus boletos, por exemplo. Fazendo dessa forma, ele rende “uma beirada” enquanto o pagamento não é liquidado. Trata-se de uma forma inteligente de utilizar o seu dinheiro.

Pense na lógica de funcionamento de um banco, por exemplo. Uma das suas receitas principais são as tarifas que nos cobram em troca dos seus serviços. Ao aplicar seu precioso dinheiro em opções de renda fixa, você se coloca no papel de quem está emprestando dinheiro, assim como as instituições financeiras fazem, e recebe juros em troca. Podem ser somente alguns centavos, é verdade, mas estão entrando em sua conta. Podemos imaginar que são como tarifas bancárias, ou juros que pagamos ao parcelar uma compra. Nesse caso, contudo, estamos recebendo esses valores em vez de pagar por eles. É o mesmo caso dos cashbacks, cupons de desconto ou liquidações. Em outras palavras, tanto no recebimento de juros ou recebendo descontos em promoções, estamos ganhando, e isso é como colocar dinheiro no bolso.

Um segundo passo para os investidores são as aplicações em renda variável. Trata-se de investimentos com maior risco. Contudo, o que é a vida se não se arriscar, não é mesmo? Na verdade, o que existe são riscos escalonados em contraposição ao perfil de cada pessoa para se submeter a cada um deles.

Falar de riscos relacionados a dinheiro é algo bastante relativo. Por exemplo, qual o risco de você perder dinheiro jogando na Megasena? Segundo as estatísticas, com uma aposta simples, a chance de acertar os 6 números é de uma em 24 milhões, e de uma em 154 mil para acertar 5 números. Por seu turno, a chance de acertar o resultado de um jogo no bolão de futebol ou numa casa de apostas, as tais bets, é de aproximadamente 20% de um resultado acontecer. O que as pessoas não entendem é que, nesse caso específico, na média você acumulará 80% de erros (ou prejuízos) a cada aposta. Traduzindo em miúdos, no final das contas você vai errar muito mais do que acertar e os prejuízos vão se acumular ao longo do tempo.

Esses são bons negócios? Claramente percebe-se que não. Entretanto as pessoas estão dispostas a correr o risco, mesmo sabendo que a chance de perder é enorme. Trata-se de uma situação em que a força do hábito ou o senso comum nos diz que a recompensa, caso venha, vale o risco. Mesmo que os cientistas nos digam que é bem maior a probabilidade de um raio cair em nossa cabeça, em um dia de tempestade, do que ganhar em um jogo de azar, não damos ouvidos. Nossa cabeça costuma funcionar dessa forma, mais ou menos. É que se chama popularmente de efeito manada. Ou seja, nem sempre refletimos sobre o que é melhor fazer. Apenas fazemos.

Imagem extraída no perfil do @professorvicenteguimarães no Instagram

Funciona da mesma forma com os investimentos em renda variável, ou na bolsa de valores. Criou-se um mito de que é algo muito perigoso de se fazer, quando na verdade não é bem assim. O risco existe, é fato. Porém, você pode controlá-lo. Hoje em dia, o que você quiser aprender está disponível na internet. Numa pesquisa rápida no Youtube, por exemplo, é possível encontrar muita informação gratuita e de qualidade sobre investimentos. Claro, existem os picaretas que querem te enganar. Mas é possível driblá-los, filtrar as informações e, em pouco tempo e com pouco esforço, aprender a investir sozinho e de forma autônoma. Para isso, basta assumir o controle, pensar por si próprio e querer aprender.

Existem alguns tipos de investimentos em renda variável. Os mais comuns são as ações e os fundos imobiliários. Neles, você compra cotas emitidas pelas empresas/fundos e torna-se proprietário de um percentual deles. Na prática, você está se associando a essas empresas, pois ao investir você financia o negócio.

Nesse ponto cabe uma reflexão importante. É fundamental que você conheça quais são os valores da empresa que deseja investir, quais os seus objetivos diante da sociedade. Por exemplo, é possível comprar ações de empresas mineradoras e/ou fabricantes de armamentos. Vai do gosto e/ou da consciência de cada um, na verdade. Por isso é fundamental que você saiba o que o seu dinheiro está financiando ou, em outras palavras, se os valores/resultados daquele negócio são compatíveis com os seus.

Em troca do seu investimento, você recebe dividendos, que são fatias dos lucros dos negócios. A grande diferença entre renda fixa e variável está exatamente nesse aspecto. Ao investir na bolsa de valores você se sujeita à variação do mercado, que implica em maiores riscos, mas traz também maiores oportunidades. O grande diferencial da renda variável é a possibilidade de ganhar em duas frentes: com a valorização das cotas e com os dividendos. Para ilustrar a valorização, é como se você comprasse um lote por R$50 mil e no ano seguinte ele estivesse valendo R$60 mil. A analogia é a mesma para as cotas.

Nesse “jogo”, o investidor precisa aprender como equilibrar suas aplicações para que sua exposição ao mercado seja lucrativa. E não há fórmula pronta para todos os casos, você deve descobrir o que é melhor para você.

Apesar disso, há algumas estratégias fundamentais em que é possível generalizar. Talvez a mais fundamental seja a necessidade diversificar seus investimentos. Como num bolo fatiado, é inteligente colocar uma parte na renda fixa, outra na renda variável. E dentro de cada uma das modalidades, diversificar novamente, aplicando, por exemplo, uma parte em CDB´s pré-fixados ou no tesouro direto, outra em CDB´s com liquidez diária, deixando ainda uma terceira parte em uma conta-corrente remunerada. Para a renda fixa, a indicação é que uma parte seja separada como reserva para emergências, como uma cirurgia mais cara, ou alguma outra necessidade.

Feito isso, você pode destinar outra parte para a bolsa de valores, que é uma das fatias que não compõem sua reserva de emergência. Na bolsa, você pode investir em ações e em fundos imobiliários, os chamados FIIs. Você pode comprar diretamente ações de uma determinada empresa ou cotas de FIIs, ou investir em ETF´s ou fundos de fundos, que são     fundos de investimentos indexados a um índice. A vantagem de investir diretamente é que você não depende de bancos e/ou corretoras para atravessar o negócio e te cobrar taxas para isso. Você precisa somente de um cadastro em uma corretora que ofereça corretagem zero.

Os FIIs são fundos que investem em imóveis. Dentre eles, há uma divisão por categorias: os fundos de tijolos – que são donos de shoppings centers, prédios comerciais (escritórios corporativos), galpões logísticos, agências bancárias, varejo de rua, hotéis, do segmento educacional, residencial, para citar os principais; e os fundos de papel, que são aqueles que investem em títulos de dívidas no mercado imobiliário, recebendo juros desses, que costuma ser a forma como as grandes empresas financiam a sua expansão imobiliária.

Novamente, nos dois segmentos (ações e FIIs) é fundamental diversificar, afinal você não deve “apostar” todas as suas fichas em um único negócio. Não que a bolsa seja como um cassino onde se aposta em algo. Longe disso. Ao contrário, é possível ser racional e com isso otimizar seus movimentos em renda variável. Sobre isso, há algumas considerações importantes:

1º investir em ações de empresas perenes, que são aquelas menos sujeitas à variação do mercado devido às suas características. São perenes as empresas capazes de manter-se relevantes para seu público e rentáveis por um longo período de tempo, mesmo com as mudanças no mercado. São exemplos as empresas elétricas (de fornecimento e distribuição), as de saneamento básico, seguradoras e instituições financeiras consolidadas no mercado, para citar as mais seguras. Ao investir em empresas perenes, o investidor corre riscos consideravelmente menores do que, por exemplo, investir em empresas mais suscetíveis às oscilações do mercado, como as de varejo, as exportadoras de matérias primas, conhecidos como commodities, sujeitas à sazonalidade e maior volatilidade.

2º Da mesma forma, dentro das categorias de fundos imobiliários, há investimentos considerados mais seguros. Nesse caso, o investidor precisa conhecer minimamente qual o ramo de atuação do fundo, se ele tem se demonstrado rentável ao longo do tempo, se paga dividendos atrativos e se possui boa saúde financeira. Todas essas informações são facilmente encontradas na internet, numa busca relativamente rápida. O grande atrativo dos FIIs é a possibilidade de diversificar seus investimentos em imóveis de forma gratuita, rápida e segura.

Para exemplificar a vantagem dos FIIs, imagine que você tenha R$500 mil reais e deseja investi-los. Tradicionalmente, você ouviria que o melhor negócio é adquirir um lote e construir apartamentos para alugar ou mesmo comprar um imóvel novo. Nesse cenário, os fundos imobiliários se apresentam como alternativa. Imagine que o apartamento que você comprou está vazio e com dificuldade para alugar, que você precisa arcar com os custos de manutenção, taxa de condomínio, despesas que chegam antes de qualquer ganho. Em vez de alocar todo o dinheiro em um único negócio, você pode comprar cotas de diversos fundos. Dessa forma você diversifica o investimento e minimiza riscos. E com um bônus: não precisa se preocupar com desocupação, inadimplência, manutenção, dentre outras coisas, já que o fundo toma conta de tudo por você.

Outra grande vantagem é que bons fundos imobiliários possuem imóveis de ótima qualidade, bem localizados e predominantemente comerciais, cujos aluguéis são bem mais altos. Por lei, os fundos imobiliários são obrigados a distribuir 95% do que arrecadam. Investindo neles, você recebe os dividendos do fundo, que são como uma fatia do aluguel que ele recebe dos seus inquilinos. Além disso, são isentos de imposto de renda, assim como as ações, com algumas exceções para transações de maior valor, o que não costuma ser o caso para pequenos investidores.

Falar de lucros com investimentos pode parecer uma heresia para o trabalhador brasileiro comum, pois só conseguimos pensar em lucros de grandes empresários e empreendedores. Contudo, tomando os devidos cuidados e guardadas as devidas proporções, a bolsa de valores pode ser um bom lugar para investir e ganhar dinheiro sem correr diretamente os riscos do negócio em si, como aconteceria se você alocasse todo o seu dinheiro abrindo uma loja de roupas, ou uma padaria, por exemplo.

Por fim, reiterando o que dissemos no início do texto, o ideal é não investir uma bolada de uma vez só. Isso é para quem tem dinheiro sobrando. Investimentos são estratégias de médio/longo prazo. Não é coisa que acontece do dia para noite. Sua função é proporcionar  renda extra na aposentadoria, para viajar daqui um tempo, para comprar algo que deseja e etc. São projetos futuros. Por isso, não é algo para se ter pressa. O correto é investir aos poucos, alocando o que sobra, quando for possível, mês a mês, sempre reaplicando os dividendos e cuidando para que o bolo cresça de forma constante e consistente, como alguém que semeia e cuida bem do seu jardim. Reza a lenda que os juros compostos dão uma forcinha se você for resiliente e perseverante em seu propósito.

OBS: Uma ressalva importante é o perigo de pensar na bolsa de valores somente como um lugar para especular, como fazem os traders – que são investidores que operam exclusivamente nas flutuações de preços, tentando comprar na baixa e vender na alta. Esse é um risco desaconselhável. Nesse caso, jogar na loteria pode ser mais interessante, visto que as perdas superam os ganhos na maioria dos casos.

OS AUTORES:

 

Oliveira Lopes Júnior é funcionário público, graduado em Direito e pós-graduado em Ciências Forenses.

Marcelo Antônio Rocha de Oliveira é servidor público, graduado em Administração, pós-graduado em Gestão Empresarial, Mestre em Educação Profissional e Tecnológica e Músico amador.

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