Cuidar do que é meu

Por Débora Ireno Dias

Desde meados de março, assumi por completo a faxina da casa, além de passar as roupas e cozinhar todos os dias. Nada diferente do que muitos e muitas também tiveram que fazer logo que nos foi determinado #FiqueEmCasa. 

No início, em meio a todos os sentimentos que transitavam no meu pensamento e coração, fui arrumando a casa um pouco ali, um pouco aqui. Nada muito complexo. O mesmo para o almoço e demais afazeres na cozinha. Com o passar dos meses, vejo-me buscando os cantos da casa, dos armários, elaborando melhor o cardápio (o trivial, mas mais saboroso), preocupando mais em deixar perfume e flor pela sala. Com o passar dos meses, o cronograma semanal inclui cada dia uma tarefa da casa, num horário que possa sofrer mudança, mas que consiga ser realizado (tem dia, que a tarefa fica para trás!). Cuidados com o lugar em que habito e com quem habito. 

Outro dia, varrendo a casa, veio este insight. Estou aprendendo de alguma forma a cuidar do que é meu. Talvez, em 7 anos de casada, nunca tive tanto tempo e tanta responsabilidade para cuidar de onde moro. Tinha uma pessoa que vinha uma vez por semana e organizava minha vida de casa enquanto eu trabalhava. Nos finais de semana, almoçava na Mamãe ou na Sogra. Ou seja, era muito tranquilo. E agora não! O meu trabalho ficou home Office, e a casa e todas as suas demandas, em minhas mãos. 

Cuidar do que é meu! Um dos aprendizados desta pandemia, para mim, tem sido este: cuidar do que é meu, tomar para a mim a responsabilidade de algo que eu sabia, mas não assumia, talvez, com a total capacidade e veemência que merecia e precisava. 

Falo da minha casa, onde moro. Falo também da casa onde habita minha alma e meus sentimentos. Falo das decisões e comportamentos que tanto desejava que viessem de um outro, mas que deveriam ter sido feitos por mim. Falo das expectativas criadas em tantas situações por ter deixado que outros cuidassem de algo que eu poderia ter feito (não falo aqui com arrogância ou orgulho, falo do meu baixo nível de auto confiança em muitas situações da minha vida). 

Olho agora meu apartamento iluminado pelo sol do fim da tarde, as flores novas na mesa. Tudo bem cuidado. E me sinto feliz! Olho para o espelho e vejo um florescer de auto confiança. E me sinto feliz! 

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