Como está o seu “economês”, ou melhor … A sua linguagem da riqueza?

A opinião do administrador Pedro Tostes

O tema trazido no título deste artigo representa, na verdade, uma sequência com outros dois textos que irei preparar para as próximas publicações. A inspiração para a elaboração desse trabalho veio a partir de uma conversa com um dos mais promissores economistas (dentro em breve), além de ser um grande amigo meu, Jonathan Azi (valeu pelo apoio de sempre, irmão!) e também de um certo incômodo que eu e muitas pessoas (pra não dizer todas) já tiveram por não entenderem direito (ou nada entenderem) daquilo que é noticiado nos telejornais quando surgem aquelas típicas chamadas “E agora, vamos falar de economia com o nosso especialista Fulano de Tal …” – confessa aí: nessa hora, não dá uma certa preguiça de escutar aquele monte de expressões difíceis, visualizar gráficos saltitantes, queda ou alta do dólar, taxa de desemprego, Taxa Selic, inflação, preço do barril de petróleo, PIB e mais um monte de palavras de “economês”, aparentemente, sem sentido algum?!

Pois é! E pensar que são exatamente estes os fatores que rondam você dia-a-dia, afetando suas compras de supermercado, o quanto você paga no posto de combustível, o preço das suas contas de água, luz e telefone, o gás de cozinha, a escola dos filhos, o preço da mensalidade da faculdade e etc, etc, etc … será mesmo que dá para desprezar as informações do “Chatonildo Engravatado” que fala de economia?! Bom, eu penso que não …

Mas … para que o interesse seja despertado, eu me proponho a partir de então, a tentar explicar alguns dos termos mais importantes que são utilizados para analisar cenários econômicos de uma forma prática, objetiva e didática, evitando que isso se torne um exercício maçante, buscando levar conhecimento de tal modo que, das atitudes mais simples até as mais complexas que envolvem sua rotina, você possa fazer boas escolhas e não apenas ser um agente passivo da economia, e assim, estimular a capacidade crítica de analisar as decisões governamentais com mais lucidez e, o mais importante: que você não fique alheio(a) às informações que podem impactar diretamente na saúde financeira do seu bolso!

Para esquentarmos as turbinas da produção de conhecimento, vamos ao nosso primeiro tema, um dos mais noticiados nos últimos meses, o famoso PIB (Produto Interno Bruto), importantíssimo componente econômico, que merece ouvidos atentos quando formos ligar a TV novamente no telejornal.

O PIB nada mais é do que o somatório em moeda de todos os bens e serviços finais que foram produzidos dentro da economia de um país e, quase sempre, medido em ciclos anuais. Qual é o motivo da expressão “finais” ter sido grifada anteriormente? Simples, para evitar que caiamos no erro de contabilizar dois ou mais componentes em duplicidade.

A título de exemplo, poderíamos imaginar a seguinte situação: se um país produz R$ 100.000,00 em madeira, R$ 45.000,00 em verniz e R$ 145.000,00 de mesas envernizadas, logo, para efeito de cálculo do PIB, devemos assumir apenas o valor de R$ 145.000,00 (do bem final) que já inclui o preço da madeira e do verniz em sua formação. Tal somatório representa a medição do preço que o consumidor paga para ter aquele bem ou aquele conjunto de bens, levando em consideração, inclusive, os impostos que envolvem as operações no mercado.

Um ponto-chave a ser mencionado é que o PIB não representa a literal riqueza de um país, ou seja, não deve ser associado ao tesouro nacional, sendo considerado uma “reserva financeira” como comumente é difundido, pois, na verdade, ele mede de forma restrita o fluxo de novos bens e serviços que são comercializados na economia.

Para sua composição, o PIB utiliza informações de indicadores e estudos elaborados basicamente pelo IBGE, pela Receita Federal e pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) – que mede o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo – inclusive, tema da próxima publicação, você não perde por esperar!).

Sem nos aprofundarmos muito, mas apenas para enxergarmos como ele pode ser calculado, temos duas formas básicas:

  • Oferta – de acordo com o volume produzido, envolvem três setores: “Indústria + Serviços + Agropecuária”;
  • Demanda – de acordo com o gasto total realizado, utilizando-se uma fórmula matemática própria que envolvem os seguintes componentes: consumo das famílias (bens), investimento empresarial, gastos governamentais com bens e serviços e o saldo da balança comercial (exportações e importações).

 

Bom, mas você pode estar se perguntando depois dessas explicações: “o que de fato, o PIB causa impacto direto sobre mim e sobre o país?!” Muito embora ele não seja fonte única de informação para conhecermos a eficiência de um país, ele pode indicar a situação de elementos importantíssimos aos quais ele está atrelado, é o que procuro explicar agora.

Quando o PIB de um país está em alta (ou ainda, mantenha-se em patamares elevados ano após ano), podemos observar cenários econômicos em crescimento, pois a economia como um todo está a evoluir e, nessas ocasiões, há maior quantidade de dinheiro disponibilizado, a renda per capita (renda média da população) tende a acompanhar a elevação e o consumo aumenta em conjunto. As empresas se expandem porque os investimentos sobem e elas se tornam mais competitivas nos cenários nacional e internacional, fazendo com que os produtos fiquem melhores e mais baratos, havendo também a disponibilização de novos produtos e a partir daí … novas empresas podem surgir, gerando novas contratações (maior empregabilidade) e, tudo isso reunido, acaba por ajudar a combater a inflação. Top, né?! Vamos seguindo …

No entanto … eis a questão: e quando o país enfrenta ciclos ruins ou os chamados ciclos econômicos recessivos de forma constante, o que acontece com o PIB? Já dá para imaginar, não é mesmo?! Utilizaremos o nosso próprio cenário econômico para exemplificar melhor …

O Brasil tem sérios problemas de infraestrutura (e deixo claro, isso não é de hoje). Apesar de termos experimentado períodos ao longo da história em que houve maior incremento de recursos para a melhoria da infraestrutura como um todo, há muito o que ser feito para a manutenção do crescimento econômico mais bem sustentado. Nosso país paga um alto preço para escoar seus bens produzidos dentro e fora do território nacional: aeroportos, rodovias, ferrovias, portos estão extremamente deficitários para dar conta de acompanhar de forma robusta o mercado cada vez mais exigente por eficiência e agilidade. Além disso, a carga tributária praticada por aqui é de desanimar empresas e consumidores, atravancando o imprescindível dinamismo para que as negociações ocorram de forma menos complexa e burocrática.

Com altas taxas de impostos, os preços das mercadorias e dos serviços passam a ficar mais dilatados atrapalhando a elaboração de orçamentos governamentais e das empresas … e advinha quem paga a conta?! (Opa … falei de um tal de IPCA lá em cima … pois é justamente a velha e conhecida INFLAÇÃO – não disse que você não perderia nada por esperar?! Calma que já já faremos o debate deste tema por aqui!). Ou seja, nossa capacidade de consumo só decresce …. Sem contar nos altos juros cobrados para termos acesso aos produtos desejados … (meu amigo e minha amiga, é de cair o queixo!)

Toda essa dificuldade vem “abraçar” a geração de empregos, só que de forma negativa, porque a produção diminui, as vendas despencam e aí … a necessidade de mão-de-obra desce junto. Por falar em mão-de-obra, o Brasil  é um dos países que mais precisam investir em educação (como já comentei no texto “A importância do investimento em EDUCAÇÃO: inclusive, FINANCEIRA!”, segue o link de acesso: https://barbacenaonline.com.br/amp/a-importancia-do-investimento-em-educacao-inclusive-financeira/) justamente para melhorar também a capacidade intelectual e técnica de seus empregados atualmente, é extremamente caro e penoso um cidadão querer se capacitar de forma tal para concorrer num cenário político-econômico tão conturbado e tão escasso de ofertas de emprego como o nosso: incentivar a educação é incrementar poderosamente a economia!

Investimentos … ah, esses são os mais prejudicados por conta das tantas variações políticas, bem como suas interferências por caráter ideológico, partidarista ou sei lá o quê (uma coisa precisa ser dita: isso amarra nosso desenvolvimento, enquanto indivíduos e como nação, é preciso ir além!) … pois tragicamente, os investidores não encontram a confiança necessária para aplicar seus recursos, fazendo-os desacreditar que haverá sustentação e retornos financeiros futuros.

Fonte da imagem: Ignição Digital

Em resumo, ao entrarmos no tema PIB (danadinho ele!!), já abordamos vários conceitos e tendências que se desdobram a partir de uma análise mais criteriosa. É válido ressaltar que, todos os aspectos aqui trazidos são estruturados para que a sua compreensão seja facilitada, procurando dar estímulo a sua própria curiosidade, instigando você a se inteirar cada vez mais acerca de tudo aquilo que, muitas vezes, fazem garoupas, oncinhas, micos-leões-dourados, araras, garças e tartarugas-marinhas entrarem e saírem da sua conta bancária ou do seu bolso, mas evitando que você fique sem entender as razões destes grandes fenômenos “da natureza econômica”.

Até a próxima, meus caros leitores! E muito obrigado pela atenção de sempre e pelos retornos constantes que tenho recebido através das mensagens de apoio, crítica e sugestões: todas aumentam a minha motivação para estar aqui com máxima dedicação e enorme carinho!

NOTA DA REDAÇÃO – Pedro Tostes Ribeiro é servidor público municipal de Barbacena; formado em Administração pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais – campus Barbacena; e pós-graduando em Gestão Pública Municipal pela Universidade Federal de São João del-Rei.

 Contato: [email protected]

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