Contra-Ataque: “Que jogo feio. Parecia que eram dois São Raimundos”

Sérgio Monteiro

 

 

A frase é extraída das redes sociais do amigo jornalista Lúcio Braga. Poderia soar como suspeita pelo fato de ele ser atleticano, mas acredito ser esse também o pensamento do torcedor azul neste momento. De fato, uma partida que deu sono e que nivelou muito por baixo os dois times. Um pouco por causa do gramado, é verdade. A Copa do Brasil, assim como os estaduais, tem dessas coisas. Mas também – e isso precisa ser dito – pela qualidade dos times.

Mas é aquela velha história do copo vazio ou cheio. O cruzeirense tem motivos de sobra para escolher qualquer uma das duas opções. Não é novidade pra ninguém que o time tem sérias limitações e está sendo montado com um único objetivo: voltar à Série A do Brasileirão. Atravessando uma grave crise financeira, o Cruzeiro hoje não pode se dar ao luxo de ter sonhos maiores.

O copo pode parecer vazio não apenas por causa do jogo diante do São Raimundo, em Roraima. Mas pelo conjunto da obra. O time vem de uma temporada terrível e nas quatro primeiras partidas do ano não convenceu nem mesmo a seu treinador, que ainda tem dúvidas sobre a escalação ideal. E o detalhe é que os adversários enfrentados estão em um nível bem abaixo daqueles que virão pela frente na disputa da Série B, a partir de maio. Com um futebol tão sofrível quanto o da temporada passada, a Raposa venceu apenas um desses jogos, contra a URT, em campo neutro.

Situação que certamente deixa o cruzeirense ainda mais apreensivo, se é que seja possível. Mesmo sendo início de temporada e de trabalho do novo treinador, é, de fato, preocupante. Com o futebol apresentado até aqui, o retorno à elite do futebol nacional pode não passar de sonho mais uma vez, o que seria uma tragédia em todos os sentidos. Permanecer na Série B mais um ano representa uma perda enorme, tanto do ponto de vista financeiro, quanto do esportivo.

O São Raimundo, que em alguns momentos da partida foi superior ao Cruzeiro, é muito inferior aos times do Campeonato Mineiro. E estes, por sua vez, são, em sua maioria, muito inferiores a Vasco, Botafogo, Coritiba, Goiás, Ponte Preta, Guarani e outros tantos adversários que o Cruzeiro terá que superar na segunda divisão. Felipe Conceição tem uma missão pesada pela frente. E sabe disso.

Por outro lado, o copo pode parecer cheio sim. Mesmo em um cenário inimaginável para o ano do centenário do clube. Nos últimos jogos, vieram a primeira vitória no Campeonato Mineiro e a classificação à segunda fase da Copa do Brasil. Diante de tudo o que o clube vem passando nos últimos anos, pode-se dizer que os objetivos estão sendo alcançados.

Claro que o objetivo da Raposa no estadual jamais poderá ser uma simples vitória diante de um time do interior. Mas era preciso vencer após duas rodadas de tropeços. Independentemente de qualquer situação, o Cruzeiro tem que ser visto como um dos principais times no estadual, ao lado de Atlético e América, e é preciso ter objetivos maiores. Mas, para isso, é necessário dar os primeiros passos. O torneio é de tiro curto e a vitória diante da URT foi crucial para alçar o time à parte de cima da tabela.

Na Copa do Brasil, diferentemente de edições passadas (vale lembrar que o Cruzeiro é o maior campeão da história, com seis títulos), o objetivo esse ano é avançar o máximo possível para aumentar a premiação conquistada. Afinal de contas, essa pode ser a maior receita do clube no ano, se considerarmos que parecemos ainda bem distantes da volta dos torcedores aos estádios. Na próxima fase, o adversário é o América-RN, time com mais tradição e futebol do que o São Raimundo.

Ou seja, se o time de Felipe Conceição entrar em campo mais uma vez como um São Raimundo, a coisa pode desandar. É bom o torcedor começar as orações desde já, senão a água do copo pode secar. Transbordar eu preciso dizer que ela não vai.

 

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Crédito – Gustavo Aleixo/Cruzeiro

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