Contra-Ataque: A temporada já começou?

Sérgio Monteiro

 

A temporada já começou?

 

O Atlético precisa decidir o que quer da temporada 2021. Com urgência. A Copa Libertadores já começou, o Brasileirão começa mês que vem e o time estreia na Copa do Brasil no início de junho. E até agora não deu pra entender quais são, de fato, os objetivos deste elenco atleticano. Amparada por investidores que parecem incansáveis, a diretoria vem falando em conquistas de grandes títulos, mas os jogadores não parecem nem um pouco sintonizados com as metas dos diretores. E isso pode trazer sérios problemas ao clube e uma imensa frustração em seu torcedor.

Se fora do campo o Atlético tem se esforçado para montar um elenco capaz de disputar com os principais times do país e do continente as taças mais desejadas, dentro de campo a resposta está muito aquém do esperado. Isso já aconteceu ano passado, ainda sob a batuta do técnico Sampaoli, quando o Galo perdeu fôlego na briga pelo título brasileiro. O resultado foi um terceiro lugar que garantiu uma das metas traçadas – o retorno à Copa Libertadores. Mas que acabou sendo amargo pela expectativa criada na torcida alvinegra.

Este ano, já sob o comando de Cuca e com alguns reforços de peso, a situação parece ainda mais preocupante. Após um início empolgante com o time alternativo no Campeonato Mineiro, ainda com o técnico interino Lucas Gonçalves, o atleticano tem visto, nos últimos jogos, um time sem grandes motivações e com uma capacidade de criação de jogadas muito pobre para os investimentos feitos.

Com Cuca à frente do time, o Galo convenceu nas vitórias sobre o Coimbra e o América. Fora isso, vieram as derrotas para a Caldense e o Cruzeiro, as vitórias magras sobre o Pouso Alegre e o Boa Esporte e o péssimo empate na estreia da Libertadores, diante do Deportivo La Guaira, na Venezuela. Partidas que ameaçam os sonhos da torcida, não apenas pelos resultados, mas, principalmente, pelo desempenho do time. Não parece justo o #foracuca, mas treinador e jogadores devem uma satisfação a seus torcedores. Com o futebol fraco que tem mostrado e a falta de comprometimento do time, o Atlético passará longe dos títulos cobiçados.

Perder um clássico é normal. Perder para a Caldense em Poços de Caldas pode acontecer. Aliás, tem acontecido na história recente do confronto. Mas o alto investimentodos parceiros do clube não permite a postura apresentada pelos comandados de Cuca dentro de campo. Na derrota para o seu maior rival, o Atlético foi dominado por um time bastante inferior. Contra o rebaixado Boa Esporte, no Mineirão, a vitória veio graças a um pênalti mal marcado já no fim da partida. Contra o La Guaira,o Atlético só não saiu de campo derrotado porque o goleiro Éverson salvou o time em pelo menos três oportunidades claras do adversário.

Nos dois últimos duelos, o Atlético optou por restringir as suas ações ofensivas a cruzamentos na área. Foram 51 bolas alçadas contra o Boa Esporte e 59 contra os venezuelanos. Três gols (sendo um de pênalti) em 110 tentativas de cruzamento.O resultado não poderia ser outro senão a decepção da torcida e a crítica pesada por parte da imprensa esportiva.Primeiro, porque o que se espera do Galo esse ano é um time envolvente, que ofereça riscos a seus adversários com jogadas trabalhadas, infiltrações e tabelas. Contratado a peso de ouro e com status de craque, Nacho Fernández veio pra dar criatividade ao meio-de-campo, mas o time parece ignorar isso e preferir as bolas alçadas na área adversária.Segundo, que os atacantes do time têm baixa estatura. Savarino, Vargas e Keno não têm entre seus pontos fortes o cabeceio.

Para piorar, o auxiliar técnico Cuquinha, que dirigiu o time na Venezuela (Cuca está cumprindo suspensão de duas partidas na Libertadores), disse, em entrevista coletiva pós-jogo, que o time não treina os chamados “chuveirinhos” e nem tem essa alternativa como proposta de jogo. Ou seja: a casa está realmente bagunçada. Quando há uma diferença entre o que se treine e o que se faz é sinal, no mínimo, de que precisa treinar mais. No caso, muito mais.

Paralelo a esses fracos resultados nos últimos jogos, há um erro de planejamento da diretoria, que passou os últimos dois meses falando em zagueiros como prioridade na contratação de reforços e não contratou um zagueiro sequer. A Libertadores já começou e a inscrição de novos atletas só é possível a partir da segunda fase. Só que para chegar à segunda fase, é preciso passar pela primeira. Embora o Atlético ainda seja apontado como favorito no Grupo H, o que se vê dentro de campo não condiz com essa condição.

O empate diante do fraquíssimo La Guaira não só preocupa, mas deve ligar o sinal de alerta dos atleticanos. O torcedor não pode aceitar como evolução um esforço para buscar o empate diante de um adversário que claramente não reunia condições físicas para 90 minutos.Por certo, Cerro Porteño e América de Cáli serão adversários muito mais complicados. O que se espera é que o Atlético perceba que a temporada já começou a tempo de buscar a vaga. E que medalhão só ganha jogo se suar a camisa.

 

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Crédito –globoesporte.com

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