Dupla cidadania

A crônica de Francisco Santana

Meu caro amigo escritor, Henrique Sérgio Discacciati, a coisa aqui continua preta, complicada e confusa desde 1500.  Vivenciamos repetidas situações que parecem não ter um fim.  A minha geração está cética. Boa sorte às novas. Politicamente, procuramos por um líder que pense no povo brasileiro, no seu crescimento e que não tenha o perfil de demagogo, ladrão, usurpador e populista como tem aparecido. Esses hipócritas são sempre os mesmos nas áreas municipais, estaduais e federais. Com todos esses predicados negativos eles são sempre os vencedores se mantendo no poder às custas de promessas vãs e da inocência popular. Como o povo gosta de sofrer! O potente coronavírus foi chamado de “gripezinha”. Ele não gostou e já matou mais de 100 mil pessoas e vai matar muito mais. Pela falta de educação e de exemplos não se discutiu sobre a solução do mal. Discutiu-se sobre os meios para propagar a doença com abertura de atividades comerciais e acordos políticos para as próximas eleições. O Brasil nos provou que não estava preparado para receber e combater o vírus assassino. Foram inúmeros problemas com falta de hospitais, médicos, equipamentos, remédios e equipamentos de segurança. Como senão bastasse tivemos o dissabor da corrupção onde homens desalmados se preocuparam com o enriquecimento ilícito na compra de equipamentos médicos. A turbulência social, política e administrativa permeiam o nosso país.

O que esperar de um país sem as necessidades básicas como educação, emprego, habitação, saúde e segurança? Ainda não se descobriu uma maneira de acabar com a corrupção e com os corruptos. Vivemos de crises intermináveis. O caos se instalou. A violência, antes comuns aos grandes centros, se alastrou para todo o território nacional. Há tempos que nossas vidas eram taxadas como patrimônio e hoje se transformou em vulgaridade. Mata-se, agride e se rouba por nada e com requintes de perversidade. A implantação da Lei Maria da Penha não inibiu a violência contra a mulher como se esperava. As estatísticas comprovam o aumento desse ato. Precisamos de leis mais severas, justas, penas mais rígidas e que os culpados paguem rigorosamente pelas infrações cometidas.

Amigo Henrique Sérgio Discacciati, ao ouvir o meu desabafo, um outro amigo me aconselhou a sair do Brasil e a morar num outro país que me dê tudo que não encontro aqui. Foi aí que me veio à cabeça um ato interessante e crescente no Brasil. Eu me refiro à “dupla nacionalidade”, que é um status no qual um indivíduo é titular da nacionalidade de dois Estados Nacionais concomitantemente.  A dupla nacionalidade está prevista na Constituição Federal.  O primeiro passo é pesquisar suas origens. Todos estão atentos ao nome de família para montar o processo. O êxodo está funcionando em médio prazo. Os pais querem ver seus filhos residindo num outro país que tenha segurança, educação e condições de sobrevivência justa e digna.

Aumentaram significativamente os números de escritórios de assessoria para pedidos de cidadania. É mais uma área importante para atuações dos advogados. Países da Europa e América do Norte são os mais procurados. No país cogitado é de suma importância para conseguir a dupla cidadania, saber quem da sua genealogia nasceu. Depois, devemos munir os processos anexando certidões comprobatórias da legitimidade no Consulado do país no Brasil, ou mesmo no próprio país europeu e americano por via judicial.

O tempo para reconhecimento da cidadania pode levar anos. Dependendo do processo ou com um pouco de sorte, se tudo estiver de conformidade com a legislação, pode ser acelerado. “O passaporte europeu é um dos mais valorizados no mundo e, portanto, um dos maiores desejos de quem pretende tentar uma oportunidade lá fora, ou simplesmente quer viajar para todo canto sem se preocupar. Quem possui cidadania européia também pode transitar entre o Japão, Estados Unidos e Canadá sem a necessidade de visto no passaporte. Além disso, pessoas que adquirem o passaporte europeu também podem participar de concursos públicos e abrir empresas e contas bancárias” (site Dupla nacionalidade – Benigno Nunez Novo).

Por curiosidade fiz uma pesquisa no meu patronímico “Santana”. Quem sabe um dia eu resolva possuir uma dupla cidadania. Descobri que Santana é de origem portuguesa, que se refere à avó do Senhor Jesus Cristo e mãe de Maria. Santana também é muito comum no México e em Porto Rico.

Amigo Henrique Sérgio Discacciati, naquela explosão ocorrida há dias no Líbano, uma mulher que teve sua casa destruída e seu filho menor gravemente ferido, deu uma entrevista em prantos e disse ao repórter que gostaria de se mudar para um país que não houvesse violência, religião e preconceitos. Que sirva de requisito para a escolha do país que se quer como a segunda nacionalidade.

A obtenção da dupla cidadania se assemelha a uma semente lançada num terreno fértil. Ela germinou, cresceu se transformou numa resistente árvore de galhos poderosíssimos.  Assim foi o desenvolver da genealogia que mostrou a origem, evolução e disseminação das várias gerações da família. O primeiro passo foi decisivo no processo. Agora é seguir a burocracia e esperar pelo sucesso da sentença. Com ela, o mundo se escancara para conhecimento dos usos e costumes do pretenso país e de seu povo.

Arrivederci!

See you later!

See you soon!

 

 

 

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