Você é parte do processo

Por Francisco Santana

Quando eu cursava o primário no Grupo Escolar Dona Adelaide Bias Fortes, sempre acontecia o desfile cívico nos arredores da escola no dia 7 de setembro para celebrar a Independência do Brasil. Era um desfile tímido e sem muitas pompas, mas existia muita vibração e entusiasmo. Era maravilhoso desfilar nas ruas e ver um parente ou conhecido gritar pelo seu nome. Meu pai, João Pedro Santana, integrava a Polícia Militar de Minas Gerais e era nosso instrutor. Por ser seu filho, a cobrança era bem maior. “Santana, estufa o peito! Bate o pé firme no chão! Olha pra frente! Pare de conversar! Pare de rir!” E em casa, a bronca continuava. Meu pai reclamava muito da falta de coordenação de muitos alunos e que alguns desconheciam qual perna era a direita e qual a esquerda, assim como os braços.  

 

Para atenuar o problema, ele nos ensinou uma música que de tanto cantar a gente aprendeu e acertou o passo. Era assim: “Um, dois feijão com arroz; três, quatro feijão no prato; cinco, seis falar em inglês; sete, oito comer biscoito; nove, dez comer pastéis”. Ou então, ele falava alto: “Esquerda direita! Direita esquerda!” Era uma ordem unida para evitar o erro. No final, tudo dava certo e a gente desfilava com garbo e o público se divertia ovacionando-nos com palmas e gritando os nossos nomes. Quanta saudade! Quanta maravilha!

 

A música que cantávamos era uma realidade. Havia em nossas casas fartura de arroz, feijão, biscoitos e pastéis. E hoje? A palavra farta sumiu e apareceu outra que se chama falta. Poucos possuem o privilégio de ter esses alimentos em suas casas. Falar inglês é para uma minoria. O que ficou da lição nas falas do meu pai? Apenas a esquerda e direita. A elas, se somaram outras como centro, centrão, comunismo, fascismo, lulismo, bolsonarismo, tebelismo, morolismo e dorialismo.  

 

Cada adepto defende a sua bandeira, ideologia ou silogismo, que é um termo filosófico com o qual Aristóteles designou a conclusão deduzida de premissas, a argumentação lógica perfeita. Na forma clássica é um argumento dedutivo constituído de três proposições declarativas que se conectam de tal modo que, a partir das duas primeiras, é possível deduzir uma conclusão. 

 

Temos hoje no cenário político, muitas ideologias, siglas e partidos políticos onde cada um defende seus argumentos acreditando ser o melhor para o nosso país. Ledo engano. O poder de persuasão dos políticos e de seus correligionários tenta convencer o povão, que é uma massa disforme, incoerente, venal e muitas vezes hipócrita para angariar adeptos para o seu lado. Bastava apenas uma ideologia: fazer do Brasil um país desenvolvido, ótimo para se criar uma família com gerações de empregos, moradia, segurança, saúde, construções de hospitais, planos de saúde acessíveis para a população, boas escolas com professores bem pagos, um país de políticos honestos, verdadeiros, comprometidos com a sociedade, sem corrupções, com o respeito ao direito e ir e vir e principalmente respeitar a nossa Constituição Federal. Se todos eles se preocupassem com a nossa sociedade e não em se auto promoverem todos ganhariam e acreditariam em suas palavras que jamais seriam vãs, levianas e sem credibilidade.  

 

Para que tudo isso aconteça temos que nos modificar interiormente e praticar novos hábitos. Que tal refletirmos nas palavras do Conselheiro Espiritual Dalai Lama? “Se você quer transformar o mundo, experimente primeiro promover o seu aperfeiçoamento pessoal e realizar inovações no seu próprio interior. Estas atitudes se refletirão em mudanças positivas no seu ambiente familiar. Deste ponto em diante, as mudanças se expandirão em proporções cada vem maiores. Tudo o que fazemos produz efeito, causa algum impacto.” Pura verdade. Com isso, muitos daqueles que buscam o seu voto teriam medo de lhe pedir porque encontrariam resistências porque aprenderíamos a distinguir o certo do errado, o bom do ruim e do falso do verdadeiro. 

 

Será que estou sonhando? Delirando? Ou será que desaprendi o significado da palavra utopia? Não estarei aqui para comprovações, mas deixo a semente, a ideia de um Brasil justo, igualitário, progressista e imparcial. Você é parte desse processo.  

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