Por Bianca Rosa, advogada e escritora, com orientação do professor Doutor Delton Mendes Francelino, Diretor da Casa da Ciência e da Cultura de Barbacena, Coordenador do Centro de Estudos em Ecologia, Saúde Pública e Mudanças Climáticas e Diretor do Instituto Curupira
O Dia do Poeta, celebrado em 20 de outubro, foi instituído em homenagem à criação do Movimento Poético Nacional, ocorrido em 1976, em São Paulo, na residência de Paulo Menotti Del Picchia, escritor, jornalista, romancista, advogado e pintor. Essa data especial presta homenagem aos poetas, aqueles que detêm o dom de converter emoções em palavras.
Através da poesia, eles registram a vida, interpretam a sociedade e dão voz aos sentimentos mais recônditos da alma humana. Com ela, encontramos um belo caminho para organizar o nosso caos interno, forçando-nos a um olhar sincero para dentro de nós mesmos. A poesia é a expressão mais intensa e artística do amor, da saudade, da beleza e da própria existência do tempo. Na liberdade da criação, o poeta pode brincar e inovar com sons, ritmos, imagens e múltiplos sentidos.
Em forma de homenagear essa data, destaco o grande poeta Castro Alves (1847-1871), o “Poeta dos Escravos”. O poeta romântico do século XIX teve uma vida breve, falecendo precocemente aos 24 anos, vítima de tuberculose. Sua alcunha se deve às suas poesias de cunho abolicionista, que o tornaram um defensor eloquente da causa.
Sua obra mais conhecida, o poema “Navio Negreiro” (escrito em 1870), faz parte do grande poema épico “Os Escravos”. Dada a sua relevância histórica e política, a composição descreve a situação de sofrimento de homens e mulheres vítimas do tráfico de escravos entre a África e o Brasil. Fica evidente, assim, que a poesia pode, e deve, tomar parte ativa nas questões sociais.
Desce do espaço imenso, ó águia do oceano!
 Desce mais … inda mais… não pode olhar humano
 Como o teu mergulhar no brigue voador!
 Mas que vejo eu aí… Que quadro d’amarguras!
 É canto funeral! … Que tétricas figuras! …
 Que cena infame e vil… Meu Deus! Meu Deus! Que horror!
 Era um sonho dantesco… o tombadilho
 Que das luzernas avermelha o brilho.
 Em sangue a se banhar.
 Tinir de ferros… estalar de açoite…
 Legiões de homens negros como a noite,
 Horrendos a dançar…
Negras mulheres, suspendendo às tetas
 Magras crianças, cujas bocas pretas
 Rega o sangue das mães:
 Outras moças, mas nuas e espantadas,
 No turbilhão de espectros arrastadas,
 Em ânsia e mágoa vãs!
(trecho da Poesia Navio Negreiro de Castro Alves- 1870)
Hoje, a poesia mantém sua força e relevância em nosso meio. Ela não se limita aos livros, mas se manifesta em toda parte: nas letras de músicas, na arte de rua, nas redes sociais e em nosso dia a dia. A poesia é uma forma de arte viva que continua a se expressar e a resistir em todas as linguagens.
Se não fosse poeta, o que eu seria?
Certamente, a tristeza me espreitava,
E o mundo perderia seus matizes.
Não veria a beleza em cada detalhe,
No sussurro da brisa, no sol que resplandece.
Não viveria amores tão intensos,
Nem sonhos que em versos se materializam.
A música perderia sua magia,
O verso se calaria em mim
Sentiria o frio sem o aconchego, o calor sem a vibração do instante.
A sutileza me escaparia, E as imperfeições, sem graça, se mostrariam.
O barulho seria apenas ruído,
E o dia, um fardo sem poesia.
Ser poesia é sentir o indizível, A dor que em palavras se alivia,
E a presença de Deus em cada momento.
Bianca Rosa
Apoio Divulgação Científica: Samara Autopeças e Anjos Tur – Turismo e escolares.
								
								
															









