De família simples, filha de José Apolinário, padeiro e músico amador, já falecido, e da dona de casa Elizena Joversina dos Reis, Virgínia começou a cantar aos 3 anos de idade, em cerimônias religiosas de coroação de Nossa Senhora, em sua cidade natal, Congonhas. Mais tarde se tornou parte de um coral de canto lírico e se encantou pela técnica.
Sua história com a música teve a ver com boas amizades e muita dedicação ao longo dos anos, num caminho de descobertas e encontros que a levaram aos 28 anos de idade para a universidade pública, e da universidade para o cenário internacional. Virgínia se formou em música, com habilitação em canto lírico, pela Universidade Federal de São João del-Rei e esteve em uma imersão artística Universidade de Koblenz e no Christian-Ernst-Gymnasium na Alemanha, pelo Festival Musik Expedition de 2017. “Eu passei por muitos desafios para concluir minha formação. Não é um caminho simples. A gente vai trombar com preconceito racial, social… mas é muito importante apesar dos baques que a gente leva, se manter firme e focada no objetivo que a gente quer. Sempre vai chegar alguém que vai te ajudar.”
Para a cantora e empresária, viver de música a princípio não era algo dentro da realidade e do contexto familiar em que cresceu. “Minha mãe estudou só até a terceira série do primário. Meu pai estudou até a quinta série… nunca pensei que eu teria música como profissão. Fui conhecendo pessoas que me levaram para esse caminho.”
A soprano contou ainda que precisou vender doces enquanto ainda era universitária além de dedicar também à docência no ensino regular para dar conta dos desafios da profissão e deixou um recado para as meninas negras que sonham em viver da arte. “Vai ter dificuldade. Não são poucas. Não desistam, tenham coragem para enfrentar os desafios. Quem tem a pele de cor não está isento do preconceito. Mesmo quando a gente tiver atingido outros patamares eles ainda existirão. Eu aproveitei muitas oportunidades.”
Virgínia Reis se apresenta no dia 30 de outubro (quinta) no auditório do Conservatório Heitor Villa-Lobos, ao lado do pianista e pesquisador pernambucano Kássio Arão. O concerto está marcado para às 19h e tem como tema “Cenários da Canção Lírica Brasileira”, sendo mais uma edição do projeto Além da Partitura.
