Por Isabela Neto Cury, 13 anos, participante do grupo de Pesquisa Meninas Cientistas da Casa da Ciência e da Cultura, orientada por Dr. Delton Mendes Francelino. site:
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Resumo:
Este artigo analisa como a investigação científica sobre a existência de vida extraterrestre transcende a curiosidade científica, astronômica e assume papel também filosófico e psicológico. Inspirando-se nas reflexões de Carl Sagan, discute-se como a humanidade, ao procurar sinais de inteligência cósmica, revela não apenas sua ânsia por conhecimento, mas também necessidade profunda de pertencimento e de superação da solidão existencial. O estudo, via Grupo de Pesquisa “Meninas Cientistas” e como iniciação à Ciência, propõe que a busca por vida fora da Terra é, em essência, um reflexo do desejo humano de compreender a si mesmo e seu lugar no universo.
Introdução
Ao que tudo indica, há muito tempo, mesmo antes do Homo sapiens surgir, a humanidade ergue os olhos para o céu em busca de respostas como: de onde viemos? Para onde vamos? O que são estes pontos brilhantes que vemos no céu? Primeiramente, através de mitos e crenças, e, posteriormente, por meio da ciência, desenvolvemos modelos para explicar os astros, o espaço e nossa posição nele. O progresso da astronomia revelou uma verdade ao mesmo tempo fascinante e perturbadora: a Terra é um pequeno planeta orbitando uma estrela comum, situada em uma galáxia dentre bilhões de outras galáxias.
Carl Sagan (1980 – 1994), renomado astrônomo e divulgador científico, propôs em suas obras “Cosmos” e “Pale Blue Dot” que a busca por vida extraterrestre ultrapassa a simples detecção de alienígenas. Segundo ele, trata-se de um exercício de autoconhecimento: ao indagar se estamos sozinhos no universo, estamos também investigando quem somos e se nossa existência possui um propósito maior.
Dessa forma, o objetivo deste artigo é refletir sobre o fato de que a busca por vida fora da Terra não se limita ao campo empírico da ciência, mas integra dimensões emocionais, filosóficas e existenciais da condição humana.
A insignificância cósmica e o choque existencial
As descobertas científicas do século XX e XXI evidenciaram que o universo observável possui cerca de 93 bilhões de anos-luz de diâmetro e abriga trilhões de galáxias. Essa imensidão, descrita por Sagan como o “oceano cósmico”, contrasta com a pequenez da Terra, reduzida a um “pálido ponto azul”.
Tal constatação produz o que alguns psicólogos chamam de choque existencial: a sensação de fragilidade e isolamento diante da vastidão incompreensível. Em termos psicológicos, a percepção de insignificância pode gerar tanto angústia quanto um impulso de procurar conexão. É nesse contexto que a busca por vida extraterrestre ganha relevância simbólica, pois funciona como uma tentativa de preencher esse vazio.
A busca por vida como espelho da humanidade
Procurar sinais de inteligência extraterrestre não é apenas uma prática científica; é uma forma de autoinvestigação. O programa SETI (Search for Extraterrestrial Intelligence), por exemplo, utiliza radiotelescópios para captar possíveis sinais artificiais vindos de outros planetas. No entanto, ao mesmo tempo em que se coleta dados, a humanidade se projeta no cosmos, questionando sua singularidade.
Sagan destacou que essa busca é uma forma de “olhar para o espelho cósmico”. Ao indagar sobre alienígenas, exploramos nossas próprias características: nossa inteligência, nossa sociabilidade, nossa vulnerabilidade e até mesmo nossa necessidade de pertencimento.
Sobre a interpretação:
A questão extraterrestre demonstra que as fronteiras disciplinares não são rígidas. A astronomia fornece os instrumentos técnicos telescópios, sondas espaciais, espectroscopia para procurar sinais de vida. A filosofia oferece a reflexão sobre o sentido da existência, enquanto a psicologia analisa as implicações emocionais dessa busca.
Essa interdisciplinaridade é fundamental. A ciência sozinha pode responder se há vida, mas não responde o que isso significaria. Por isso, o estudo da possibilidade extraterrestre é, ao mesmo tempo, um campo empírico e uma jornada simbólica.
O consolo da possibilidade:
Mesmo sem evidências concretas, a hipótese de vida fora da Terra cumpre uma função psicológica e cultural. Ela nos dá esperança de que não estamos sozinhos e, ao mesmo tempo, alimenta narrativas culturais desde a literatura até o cinema. Em outras palavras, a busca por vida extraterrestre é também uma forma de enfrentamento da solidão cósmica.
Algumas considerações finais:
A procura por vida extraterrestre é simultaneamente uma pesquisa científica e uma reflexão existencial. Inspirada por Carl Sagan, e filósofos desde a antiguidade, concluo que não se trata apenas de descobrir se existem alienígenas, mas de compreender a nós mesmos. A ciência, nesse sentido, revela-se como uma ponte entre o conhecimento técnico e os sentimentos humanos mais profundos, como a solidão, a esperança e o desejo de pertencimento.
Assim, ao apontarmos nossos radiotelescópios para o céu ou enviarmos sondas para planetas distantes, estamos também enviando perguntas para dentro de nós: quem somos, qual é o nosso lugar e se, afinal, estamos destinados a viver sozinhos nesse vasto oceano cósmico.
Referências bibliográficas
Sagan, C. Cosmos. Random House, 1980.
Sagan, C. Pale Blue Dot: A Vision of the Human Future in Space. Random House, 1994.
NASA. Universe Size and Scale. Disponível em: https://www.nasa.gov. Acesso em: set. 2025.
SETI Institute. The Search for Extraterrestrial Intelligence. Disponível em: https://www.seti.org. Acesso em: set. 2025.
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