Contra-Ataque Especial COPA DO MUNDO: Carimba que é craque!

 

Aqueles mais acostumados a colecionar álbuns de campeonatos de futebol vão se recordar das figurinhas carimbadas, um privilégio para poucos jogadores. Normalmente, o craque do time. E olha que nem todo time tinha a sua figurinha carimbada! Essas sempre foram as mais difíceis de se conseguir. Para completar o álbum do Brasileirão nos anos 80, até conseguir a figurinha do Zico ou do Roberto Dinamite, era praticamente uma regra ter 30 do Paloma ou 40 do Quiñones antes. Daí a expressão que dá título ao texto.

Foquemos, então, na história das Copas do Mundo, que é o objeto desta coluna, lançada na última semana. Para coroar os craques de cada edição, a FIFA entrega a “Bola de Ouro” ao final da competição. Obviamente, como toda eleição de “melhor da partida” ou “melhor do campeonato”, sempre haverá uma enxurrada de críticas e lamentações. Nenhuma lista nesse sentido passa ilesa à indignação de torcedores. De fato, qualquer lista que se faça fatalmente será ingrata com alguém.

Mas vamos partir dessas premiações para eleger os maiores craques de todas as Copas. Aqui, vamos considerar apenas jogadores campeões mundiais. Em um outro momento, falaremos de craques consagrados que não conseguiram erguer a principal taça do futebol mundial.

Curiosamente, a maioria dos eleitos pela FIFA não ficou com o título (pelo menos na edição em que foi coroado com a Bola de Ouro). São 10 prêmios para campeões e 11 para jogadores que ficaram no quase. As críticas já começam por aí. Certamente, alguém que está lendo esse texto já se lembrou da escolha por Oliver Kahn em 2002, momentos depois de Ronaldo acabar com os alemães na final e levar o Brasil ao penta. Esse é um dos tantos casos que ficam guardados na gaveta da injustiça. Curiosamente, o mesmo Ronaldo foi eleito quatro anos antes, mesmo sendo Zidane o cérebro da França, campeão naquela oportunidade.

O destino, nesse caso, foi ainda mais irônico: Ronaldo acabou sendo protagonista daquela final, mas não pelo futebol apresentado e sim por ter se envolvido em um episódio dos mais estranhos e mal explicados de todas as Copas. Abatido por ter passado mal no hotel nas horas que antecederam a partida, o camisa 9 do Brasil acabou indo a campo e presenciou, in loco o baile francês, capitaneado por…. Zidane, o craque da Copa de 2002, vencida pela Itália. E como explicar Schillacci ser o Bola de Ouro em 1990, quando Lothar Matthäus, com um futebol impecável, levou os alemães à conquista do tri? Ironicamente, a tetracampeã Alemanha nunca teve um jogador eleito pela Fifa como craque nas Copas vencidas por ela. Poderíamos falar de mais injustiças aqui, mas vamos ao que interessa.

Entre os 10 donos da Bola de Ouro que conquistaram a taça, a coluna escolheu focar em quatro, que certamente figuram entre os maiores craques da história das Copas do Mundo. Que nos desculpem Nasazzi (Uruguai, 1930), Giuseppe Meazza (Itália, 1934), Didi (Brasil, 1958), Bobby Charlton (Inglaterra, 1966), Mario Kempes (Argentina, 1978) e Paolo Rossi (Itália, 1982), mas Garrincha, Pelé, Maradona e Romário merecem destaque nesse texto.

 

Garrincha: da molecagem irreverente à ‘responsa’, em 1962

 

Bicampeão com o Brasil em 1958 e 1962, Garrincha trouxe ao futebol a alegria que muitas vezes faltou ou falta em alguns times campeões. Despojado – para alguns até mesmo descompromissado – o ponta direita tinha um jeito peculiar de jogar futebol. Para muitos, ‘Mané’, como era carinhosamente chamado pelos fãs, merecia não só a Bola de Ouro de 1962, mas também o título de maior jogador da história. Mas essa é uma outra discussão.

Fato é que Garrincha foi fundamental na conquista do bi, em terras chilenas. Mesmo não sendo um goleador nato, dividiu a artilharia daquela Copa com outros cinco jogadores, com quatro tentos anotados – dois nas quartas-de-final, na vitória por 3 x 1 sobre a Inglaterra e dois na semifinal, na vitória por 4 x 2 sobre o Chile.

A alegria e a genialidade de Garrincha encantaram o mundo na Copa de 1962, no Chile

 

Pelé: Rei do futebol e da Copa de 1970

 

Oito anos depois, o Brasil voltava a conquistar a taça, com uma seleção que encantou o mundo e fez história. Recheado de craques, o time brasileiro tinha em Pelé a maior referência. O camisa 10 do Santos, que até hoje ostenta o status de “Rei do Futebol”, chegou ao tricampeonato mundial exalando categoria e genialidade. São poucos os jogadores que ficaram marcados, entre outras coisas, também pelo “gol que não fez”. Edson Arantes do Nascimento conseguiu até isso.

Em terras mexicanas, Pelé, que já havia sido decisivo para a primeira conquista brasileira, com 6 gols na Copa de 1958, foi às redes quatro vezes – na estreia contra a Tchecoslováquia (vitória por 4 x 1), ainda na primeira fase contra a Romênia (dois gols na vitória brasileira por 3 x 2) e na decisão diante da Itália. O camisa 10 da seleção comandada por Zagallo abriu o placar na goleada por 4 x 1. O mundo se rendia, naquele 21 de junho de 1970, ao primeiro tricampeão mundial e ao dono da coroa mais cobiçada no ‘planeta bola’. O campeão só podia ser o time do Rei!

Pelé ostenta até hoje o status de ‘Rei do Futebol’, resultado do tricampeonato do Brasil, com exibições de gala em 1970

 

Maradona: o dono do Mundial de 1986

 

Depois de um intervalo de 16 anos, o futebol voltou a se render à genialidade de um craque campeão – quis o destino que fosse novamente em solo mexicano. Diego Armando Maradona, o polêmico camisa 10 da Argentina, só não fez chover na Copa de 86. Até gol de mão ele fez – ou teria sido ‘La mano de Dios’? Aos 26 anos, Maradona chegou à Copa sabendo que era a hora de colocar o seu nome na galeria dos maiores craques da história. Ídolo do Napoli, time emergente do futebol italiano àquela altura, faltava a ele o maior troféu que um jogador pode almejar em sua carreira.

No primeiro título da Argentina, em 1978, Maradona chegou a integrar a seleção nos preparativos para o mundial, mas acabou ficando de fora da lista definitiva. A história, obviamente, não poderia terminar ali. Em 1986, o craque desfilou a sua genialidade em campo e levou os “Hermanos” ao bicampeonato. Como uma espécie de “dono do time”, Maradona anotou 5 gols, ficando a apenas um do artilheiro da Copa, Gary Lineker, da Inglaterra.

Com apenas um gol na primeira fase, no empate por 1 x 1 com a Itália, ele guardou o melhor para o final. Com uma atuação histórica, ele marcou os dois gols argentinos na vitória por 2 x 1 sobre a Inglaterra, nas quartas-de-final. Essa, talvez, tenha sido a melhor partida feita por um jogador em uma Copa do Mundo. Além do gol de mão, ele fez um dos gols mais bonitos da história dos mundiais, driblando metade do time adversário, sem deixar dúvidas de que estávamos diante de um dos maiores gênios de todos os tempos. Na semifinal, contra a Bélgica, mas dois gols na vitória por 2 x 0.

Maradona carregou o time argentino nas costas e até mesmo na mão no bicampeonato de 1986

 

Romário: Chama o Baixinho que a Copa é nossa!

 

Outro baixinho, desta vez brasileiro, ganhou os holofotes na Copa de 1994. Assim como Maradona, Romário foi o dono do time comandado por Parreira nos Estados Unidos. Aliás, foi o dono da Copa. Graças a ele, o Brasil chegou ao tetracampeonato. E a história começa antes mesmo da estreia brasileira diante da Rússia. Com a vaga na Copa ameaçada, Parreira teve que se render ao apelo popular e convocar o atacante, até então preterido pela comissão técnica, para o último jogo das Eliminatórias, contra o Uruguai. O baixinho não só pegou a camisa titular, como fez os dois gols da vitória brasileira no Maracanã. Vaga assegurada no mundial, vaga assegurada no time.

Para a alegria dos brasileiros, que viram o camisa 11 fazer 5 gols na Copa, decidindo partidas complicadas e abrindo caminho para o tão sonhado tetra. Romário foi às redes nos três jogos da primeira fase, fazendo um gol nas vitórias sobre a Rússia (2 x 0) e Camarões (3 x 0) e no empate diante da Suécia (1 x 1). Mais um gol nas quartas, na vitória por 3 x 2 sobre a Holanda e o gol que garantiu a vaga na final, na suada vitória sobre os suecos por 1 x 0 na semifinal.

Coube a Romário classificar o Brasil para a Copa de 1994. Mas o Baixinho queria mais: e a taça não poderia ir para outras mãos

 

É claro que outros jogadores mereciam ser citados, mas a escolha da Coluna Contra-Ataque está feita: entre os campeões mundiais, ninguém brilhou tanto em uma Copa do Mundo como Garrincha, Pelé, Maradona e Romário. Essa é uma lista que não tem fim. Messi, Cristiano Ronaldo, Mbappé, Neymar? Só o tempo nos dirá quem fará parte dela.

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