A vida se refaz

Por Débora Ireno Dias

No noticiário, vejo algo que não podíamos imaginar, mas que desejávamos há tempos: oceanos mais claros, céu mais azul, nuvens mais brancas. O ar mais leve, mais respirável. Postagens nas redes sociais mostram animais saindo dos seus esconderijos, peixes reaparecendo onde antes havia lixo nos canais daquela cidade italiana. Florestas mundo afora se abrem em cores e movimentos onde antes havia uma carga excessiva de poluentes para cima de seus galhos. Há mais barulho de pássaros, de vento, de animais diversos. Há mais vida onde antes era cinza, escuro, sujo. A Natureza se refaz.

O mundo parou por conta de um serzinho invisível que tem feito estragos visíveis até aos mais “cegos de coração”. O que se vê no primeiro plano: vírus, morte, dor, medo, pandemia. Mas um olhar atento poderá ir além do que se vê no primeiro plano. Poderá reconhecer que a vida se refaz nas mãos que buscam a cura, nas portas que se abrem para acolher, nas janelas que transparecem calor e luz no meio do frio do isolamento, nas trocas de receitas e potes de bolos entre vizinhos, nas sacolas carregadas pelos corações que levam alimentos a quem não os tem. Um olhar atento poderá perceber que a vida se refaz no abraço estendido virtualmente, mas sentido no calor das palavras; nas lágrimas escondidas ou escancaradas traduzindo o medo e o amor simultaneamente, nos gestos que buscam soluções coletivas. Ações que já existiam, mas que, talvez, nosso olhar não estivesse tão atento a quem delas precisasse. 

O mundo parece girar mais devagar a ponto de, às vezes, não sabermos ao certo as horas, o tempo. As notícias nos chegam através de números, os quais sobem e nos assustam. Mas outros números ficam escondidos e estes, sim, nos animam: horas em casa para ler, estudar, estar junto, olhar no olhar, brincar, assistir, descansar, celebrar, orar, meditar, desconectar do que se excede e conectar ao que aproxima. Números que crescem e nos fazem sorrir, mesmo que haja incertezas e medos. Não se deixar levar por estes sentimentos é tarefa árdua para todos nós. Sempre foi e agora está mais latente. Como não pensar o que será, o que seremos após esta onda?

Vejo muitos buscando algo novo, se ajudando e reinventando – em vários sentidos. Vejo que a Humanidade está tendo uma nova chance e aqui não falo de todos os Seres Humanos, falo da minha Humanidade pessoal. Sinto que a minha essência, meu Humano está tendo a chance de se refazer, olhar-se e se entender, compreender. E se eu consigo assim enxergar e me dar a chance de voltar ao simples, ao essencial, ao que é belo em mim, certamente conseguirei fazer algo para a Humanidade toda. A partir da minha Humanidade, conseguir tocar o coração da Humanidade. 

A Natureza nos mostra isso desde o início desta pandemia: a capacidade de se refazer. Foi necessário parar o mundo para que ela se refizesse em vários pontos do Planeta. Talvez, seja agora a minha vez, a de cada um: cuidar da sua Humanidade, refazer-se, evoluir naquilo que me faz, nos faz nos aproximarmos do Criador. Talvez, ao final desta onda, seremos Homens e Mulheres mais bonitos, mais Humanos. A chance aí está, sempre esteve. Mas agora, o sinal de alerta foi dado e estejamos atentos: é hora de se refazer e voltar a viver! 

Renascer! 

Feliz Páscoa! Feliz Renascimento! Feliz Vida Nova em Cristo!

Vai passar! Ele passou pela dor e sofrimento! Ele vai nos ajudar a passar por esta tempestade e a renascermos!

Nós usamos cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência em nossos serviços, personalizar publicidade e recomendar conteúdo de seu interesse. Ao utilizar nossos serviços, você concorda com tal monitoramento. Aceitar Saiba Mais