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A invisibilidade que nenhuma mulher quer

Maria Solange Lucindo Magno

 

Que o meu texto suscite uma reflexão serena e madura.

Ao tomar conhecimento do tema da redação do ENEM em 2023, quando os candidatos deveriam discorrer sobre a invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil, considerei que relativo às mulheres, tema mais interessante poderia ter sido abordado. Não quero entrar no mérito, principalmente porque sou da opinião de que numa casa as tarefas devem ser divididas entre todos os moradores e se algum deixar de fazer o que lhe cabe, que fique sem fazer. Vi a minha mãe e tias serem exímias donas de casa e não terem nenhum reconhecimento por isso. Como dizia minha mãe: “ela era a escrava do lar”. A mulher, desde sempre, cuidou de tudo: desde a organização da casa até as necessidades físicas e psicológicas de seus integrantes.

Mas voltando ao tema proposto por mim, a invisibilidade que incomoda mesmo a uma mulher é não ser notada por quem ela quer chamar a atenção.  

Costuma-se dizer que uma mulher se arruma para outra mulher e não para agradar a um homem. Talvez haja um fundo de verdade nisso, pois mulheres são altamente competitivas, no entanto, a mulher quer se mostrar atraente para o parceiro, gosta de ser admirada e desejada.

A realidade mostra que alguns homens não prestam muita atenção em suas companheiras, especialmente depois de casados, e as mulheres se ressentem com isso. É comum não observarem os cabelos diferentes, uma roupa nova ou não notarem um perfume gostoso. Só costumam ficar alertas quando ela chama a atenção de um outro homem: “Opa, tem alguém interessado na minha mulher!”

No Brasil as mulheres costumam ser consideradas “velhas” bem cedo, quando caminham para os 40 anos. E isso se dá também porque as meninas cada vez mais precocemente têm chamado a atenção por se vestirem como mulheres maduras, se maquiarem e se enfeitarem. Há muita erotização.

Há alguns anos, Carla Bruni, ex-primeira-dama da França, disse numa entrevista que uma mulher a partir dos 36 anos é admirada mais por sua inteligência, elegância e simpatia. Mas seria justa essa consideração? Será que ela não falava por si mesma? Por estar há muito tempo “na estrada?” Conheço e vemos por aí mulheres bem atraentes aos 50 anos. E aqui não me refiro àquelas que fazem todo e qualquer tipo de procedimento estético, mas às que envelhecem bem, que se cuidam, que têm autoestima, enfim, têm uma boa genética.

Entrementes, muitos homens não pensam assim. A julgar por Roberto Justus, que disse uma frase anos atrás, deixando muitas mulheres indignadas: “As mais velhas que me perdoem, mas nós preferimos mesmo as mais jovens”. E de fato, de tempos em tempos, ele troca de mulher, geralmente com a diferença de dez anos mais jovens entre elas. Sempre no mesmo padrão: loiras, olhos azuis e tem um filho com cada uma, dando a impressão de que quer criar uma raça pura, pois todos os filhos se parecem. Roberto Justus é um empresário rico e dessa forma fica bem fácil essa troca de mulheres. Há uma barganha entre o status, boa condição financeira e, claro, o “amor”.

Vinícius de Moraes foi ainda mais efusivo: “Que me perdoem as feias, mas beleza é fundamental”. Ou seja, há uma cobrança ferrenha por juventude, beleza, perfeição. Algumas mulheres se desorientam com isso e metem os pés pelas mãos. Por mais que incomode, é preciso se respeitar, se aceitar e, por fim, se conformar. Conheço mulheres que se submeteram a plásticas para reconquistarem o marido e não surtiu o efeito esperado. Uma foi trocada por outra logo em seguida ao procedimento; uma outra fez os procedimentos e o marido sequer notou. O que é isso, minha gente? Mais amor-próprio, por favor!

Bem não nos recuperamos da fala do empresário, um outro homem famoso disse para o mundo todo que “uma mulher de 50 anos não seria bonita e nem teria um corpo atraente o bastante para ele”. A fala desse infeliz repercutiu tão mal que, até homens ficaram revoltados com ele. Não quero nem mencionar a aparência do sujeito.

O fato é que não há como mudar essa realidade. A todos os lugares que vamos, observamos mulheres e homens sozinhos. Geralmente aqueles que saíram de algum relacionamento. É verdade que nem sempre as pessoas desacompanhadas estão à procura de alguém, mas a maioria, sim, gostaria de conhecer uma outra pessoa, se relacionar com ela. Entretanto, para mulheres mais velhas fica mais difícil engatar um outro relacionamento. A opção, ao que parece, é apenas o sexo casual. A mulher mais velha não chama a atenção, por mais elegante, bem cuidada e inteligente que seja, seus cabelos, seu cheiro não atraem mais e, aos olhos de muitos, ela se torna inexoravelmente INVISÍVEL.

O mais incompreensível é que as próprias mulheres são algozes de outras. Basta ver a cobrança que fazem da aparência de celebridades  de modo geral.  As vítimas mais frequentes são Xuxa e Paolla Oliveira. É como se tivessem um ódio insano, extravasando a frustração com o próprio envelhecimento.

Há alguns dias ouvi a fala de um homem que saiu em defesa de Fátima Bernardes. Ela gravou um vídeo dando dicas de sua maquiagem diária e, claro, se mostrou com o rosto natural antes do processo. Foi o bastante para que uma horda a crucificasse pelo fato de vê-la ao natural e “velha”. Como pode? Fátima tem 63 anos e está muitíssimo bem cuidada, mais que muitas de 20 e poucos. E aqui não me refiro ao fato de ela ser uma mulher rica, mas ressalto a sua disciplina com exercícios, determinação ao cuidar da saúde e do sono, ao se alimentar corretamente.

Há que se compreender a beleza própria de cada idade e isso vale para os homens também. Os que querem sempre as mais jovens, ficam velhos e deveriam ter uma rotina de cuidados, pois a parceira merece.

Certa vez um médico tentou explicar o fenômeno que faz com que os homens percam o interesse por mulheres mais velhas: eles não captam mais os seus hormônios, por estarem também num processo de envelhecimento. Dessa forma, a mulher mais jovem, com sua beleza e frescor, reacende nele o desejo sexual, despertando o homem vibrante que se arrefeceu. Na prática, ocorre o mesmo com a mulher que, certamente, perde o interesse sexual por seu parceiro pelos mesmos motivos. O que ainda diferencia é que as mulheres são mais envolvidas emocionalmente, costumam ser acomodadas.

É uma cultura que desfavorece as mulheres. Quando há aquelas que se relacionam com homens mais jovens, normalmente os comentários são ferinos, entretanto, por uma questão até cultural, quando é com o homem, há mais tolerância.

Relacionamentos não se sustentam apenas por aparência, pois esta muda com o passar do tempo. Se assim fosse, mulheres (ou homens) de extrema beleza não seriam traídos ou trocados por outras (os). Porém, devemos considerar ainda que, parceiros de idades muito diferentes vão bem até certo ponto, uma vez que há o choque de gerações, de interesses e até mesmo a disposição para certas aventuras. Isso não é uma regra, no entanto.

Enfim, o jeito é se adaptar às mudanças, viver a vida de acordo com as fases que se apresentam, compreendendo que tudo passa e não sofrer por isso. Somos sucedidos em todas as situações. O envelhecimento é premente, nunca se falou tanto disso e, portanto, é preciso que todos se preparem para essa fase da vida, que pode ser mais ou menos sofrida a depender da maneira como a encaramos.

 

Observação: o conteúdo foi baseado em um texto do Livro Escritos Com o Coração, de minha autoria.

Por Maria Solange Lucindo Magno – professora e pedagoga

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