
Ontem, sábado, 16, eu passei boa parte do dia me dedicando a um projeto de extensão universitária que eu estou submetendo ao fomento no nosso Programa de Apoio à Extensão Universitária, da Universidade do Estado de Minas Gerais. Isto não é novidade alguma para você leitor (a) que também é professor (a). Independente do nível de ensino, a vida de docente sempre traz suas imprevisibilidades, mesmo que haja planejamento, muitas datas estão aquém das nossas possibilidades de controle.
Mas, qual a relação do projeto de extensão de universitária com a gratidão em tempos de dificuldades? Ontem enquanto eu estudava os diagnósticos do objeto para a elaboração do projeto, eu me recordei dos intermináveis anos que eu fiquei em casa estudando para concurso. Durante, aproximadamente, duas décadas o meu maior objetivo profissional era ser professora universitária de carreira pública.
Além de intermináveis, os anos tornaram-se, também, frustrantes a cada reprovação. Naquela época, a minha família sempre dizia para eu ter fé, confiar e viver com tranquilidade o processo. Para mim, realmente, esta paciência com o tempo presente foi impossível. Ser grata, mesmo com tantas conquistas era muito difícil.
A minha mãe me deu oportunidades para eu me preparar para as provas. Eu escrevo oportunidades, pois eu não carrego a bandeira de uma meritocracia absoluta. Sem chances de vida as pessoas não conquistam suas vitórias, chances de estudo, de cursinho, de faculdade, de ingresso ao mercado de trabalho equitativo, com salário justo e respeito à saúde mental das pessoas.
Mas, como ser grato mesmo com aquelas dificuldades? Como ter alegria com muitas portas fechadas? Eu não tenho a resposta. Não há como mensurar o que o outro sente, o sofrimento pelo qual o vizinho passa, a colega de trabalho vivencia na “outra parte da vida”. Ter compaixão e ser um abrigo em momentos de dificuldade muitas vezes é o mais importante: para nós e para o outro.
E se a dor é nossa, um caminho talvez seja o exercício de agradecer por estarmos vivos, pois aquilo que nos dói são as dificuldades, e não o dom da vida! Eu acho que este é o início, agradecer, fazer terapia e, se for o caso, procurar ajuda médica!
Prof.ª Dra. Marcela da Paz – Docente na UEMG – Barbacena