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A Pobreza nos EUA: a face oculta (ou não) do capitalismo e o desafio de um Natal mais equitativo

Série Especial de fim de ano: Natal e Pobreza no mundo 

Artigo 3

Por: Doutor Delton Mendes Francelino – especialista  em mudanças climáticas e ecologia Urbana/ Diretor e Criador da Casa da Ciência e da Cultura, do Museu de Ciências Naturais Itinerante de Minas Gerais e do Observatório Astronômico. Autor de livros

Os Estados Unidos da América (EUA) são frequentemente vistos como o país da prosperidade, da liberdade e da concretização do “sonho americano” e, até mesmo, global. Para muitos, os EUA são sinônimo de sucesso, riqueza e oportunidades, especialmente por sua associação com o capitalismo, a pátria mãe do dinheiro. No entanto, essa imagem de terra de abundância esconde uma realidade difícil: a pobreza, que afeta milhões de cidadãos americanos, é um problema persistente e crescente, especialmente em um contexto no qual o Natal, maior celebração do país, expõe ainda mais as desigualdades sociais.

Apesar de o país ser considerado a maior economia do mundo, os números de pobreza nos Estados Unidos são alarmantes. De acordo com o U.S. Census Bureau, em 2022, cerca de 11,6% da população americana vivia abaixo da linha da pobreza. Isso representa aproximadamente 37 milhões de pessoas, incluindo crianças, idosos e trabalhadores de classe média que, paradoxalmente, não conseguem alcançar uma vida digna devido aos baixos salários e aos altos custos de saúde e habitação. 

Como aborda matéria do G1 (2020): “Os EUA, país que conseguiu chegar à Lua e criou a revolução da internet, tem 40 milhões de pessoas abaixo da linha de pobreza e pouco reduziu este índice desde 1963 — o que explica facetas tão distintas?” A disparidade econômica é tão pronunciada que, em um estudo do Federal Reserve, cerca de 40% dos americanos afirmaram que não teriam recursos para cobrir uma emergência de US$ 400 sem recorrer a empréstimos ou crédito. Citando, ainda, a reportagem do G1, ao destacar dados Centro de Dados Kids Count: enquanto 11% das crianças brancas nos EUA vivem na pobreza, essa taxa chega a 32% para crianças negras e 26% para crianças latinas”.

Esse cenário se intensifica durante o período natalino. Embora o Natal seja amplamente celebrado como um tempo de união e generosidade, para muitos americanos, especialmente os mais pobres, é uma época de amargor. As famílias de baixa renda enfrentam dificuldades para garantir uma ceia de Natal, presentes para os filhos ou até mesmo refeições decentes. Organizações como a Feeding America, uma das maiores redes de bancos de alimentos nos Estados Unidos, relatam que mais de 34 milhões de pessoas lutam contra a insegurança alimentar, e a maioria dessas pessoas experimenta esse sofrimento em tempos festivos.

O contraste entre a opulência das festas de Natal e a realidade da pobreza é visível, principalmente nas grandes cidades, onde os ricos desfrutam de luxo enquanto milhões de outros mal conseguem sobreviver. Esse quadro cria uma desigualdade que é amplificada por um sistema econômico que prioriza o lucro sobre o bem-estar social. Em um país onde se prega que qualquer um pode chegar ao topo com esforço, a pobreza parece ser tratada como um fracasso individual, ignorando as profundas falhas estruturais que perpetuam esse ciclo de desigualdade.

Em um mundo cada vez mais consumista, no qual o capitalismo apresenta dificuldades, como sistema, de promover o bem-estar coletivo, o Natal deve ser oportunidade de repensar os valores que realmente importam. O verdadeiro significado da vida e da existência não está na acumulação de riquezas, mas no cuidado mútuo e na solidariedade. Como sociedade, precisamos refletir sobre como nossas ações, ou a falta delas, afetam os mais necessitados. O Natal, em seu espírito mais puro, deve ser uma chamada à ação, um lembrete de que a verdadeira prosperidade está no bem-estar de todos, e não apenas de alguns.

Apoio divulgação científica: Barbacena Online, Samara Autopeças e Anjos Tur Turismo. 

 

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