Contra-Ataque: Aquele abraço!

Sérgio Monteiro

 

 

Aquele abraço!

 

Ainda não está sacramentado, é verdade. Como diz o outro, “falta pouco para não faltar mais nada”. E é exatamente esse o sentimento do atleticano nesse final de ano: já vimos de tudo, já choramos inúmeras vezes, nos decepcionamos, passamos raiva, sofremos, comemoramos, extravasamos. Vivemos essa paixão sem limites ao extremo, mas estava faltando uma coisa para muitos de nós: ver o Galo campeão brasileiro.

Por isso, o grito acabou saindo da garganta antes da confirmação matemática dessa conquista tão esperada. Seguramos até demais, mas nos dois últimos jogos em casa, não teve jeito: “é campeão” saiu em meio a lágrimas e lembranças de uma história marcada pelo amor e pela fidelidade. O atleticano é assim: fiel ao Atlético independente de qualquer outra coisa. Não teve Portuguesa, regulamento surreal, Aragão, Márcio Rezende de Freitas, Dacildo Mourão ou qualquer outra coisa que nos tirasse o que temos de melhor: amar o Galo de forma incondicional.

Ainda à espera de mais uma vitória ou de um tropeço do Flamengo, o atleticano sabe que chegou a sua hora. Festejar está em nós. Minas Gerais e o Brasil verão algo jamais visto. Belo Horizonte será pequena para suportar tamanha felicidade. Vai transbordar!! Pode ser terça, pode ser quinta, sexta ou domingo. O dia não importa. O que vale de verdade é que a espera terminou.

São cinquenta anos esperando sim. E aguentando torcedores rivais tirando sarro. Mas o atleticano – e essa é a diferença para as demais torcidas – não sucumbe à dor. Ele transforma a dor em uma paixão cada vez maior. Ao contrário de outros torcedores, nós não negamos a nossa história. O longo tempo na fila não nos envergonha e sim nos fez ainda mais devotos e apaixonados por esse Atlético de Minas, do Brasil, da Massa!

O amor do alvinegro pelo Galo é cada vez maior e mais intenso. Foi assim nos piores momentos, como na dor profunda pelo rebaixamento em 2005. Um ano depois, porém, estávamos lá no aeroporto para receber um time marcado pela garra costumeira que nos move, apesar da escassez de craques. Naquele ano, não era preciso nem possível ter craques no time, mas era necessário gritar aos quatro cantos a nossa “atleticanidade”, o nosso orgulho por vestir e amar o preto e branco que faz Minas Gerais tremer.

Foi na decepção de 1977, na indignação de 1980, na angústia de 1985, no choro de 1996, na ira de 2012 e na esperança que começou em 1908 que o atleticano foi forjado. E por isso ele é especial. Soubemos esperar, soubemos sofrer e saberemos comemorar nos próximos dias, podem ter certeza. Para quem acha que agora só daqui 50 anos, é bom se acostumar à nova realidade. Pois no Galo há um projeto muito sério que tem tudo para durar décadas. E mesmo se esse projeto der errado, não tem problema. Amar o Galo independe de taças.

É isso o que tenho presenciado e sentido a cada sorriso, a cada lágrima que escorre, a cada gol. No grito, nos olhos de cada atleticano, só há raça, luta, amor. Essa atmosfera que tomou conta do Mineirão e dos bares espalhados por cada canto de Minas Gerais chega aos jogadores e à comissão técnica. Não por acaso, os números dessa campanha vitoriosa assustam. Ganhar do Galo hoje é tarefa das mais difíceis, porque não são apenas 11 em campo. São milhões de apaixonados que dividem cada bola e a empurram para as redes.

No choro do Rei há lágrima de todos nós escorrendo. Ele, assim como todo atleticano, sabe que ser campeão em cima do Flamengo tem um gosto especial. Em cada abraço atleticano, é um pedaço da história de cada torcedor que fica ali. Por falar em abraço, fica aqui um bem apertado para a torcida vice-campeã do Brasil. A arrogância, assim como o vento, também perde! E saibam: Minas Gerais continua cada vez mais linda!

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