Contra-Ataque: Ah, Galo, se você levasse essa torcida a sério…

Sérgio Monteiro

 O ótimo Djavan que me perdoe, mas hoje o “se” é meu. Sem ele, não dá pra explicar o que o Atlético tem feito nesse Campeonato Brasileiro. Porque se Hyoran não tivesse perdido o pênalti no começo do jogo, o resultado contra o Vasco, no sábado, seria outro. Assim como poderia ter sido se o goleiro adversário não operasse aquele milagre na cabeçada de Gabriel, já na metade do segundo tempo. E se Arana, um dos principais nomes da temporada atleticana, não tivesse vacilado no primeiro gol? Parecia o Guga! Ah, Galo, se você quisesse ser campeão brasileiro…

Imaginem vocês se Sampaoli não fosse tão teimoso e pirracento e ao menos relacionasse o atacante Diego Tardelli para as partidas? E se ele entendesse, assim como 99% da torcida alvinegra, que Rafael é melhor do que Éverson? Aliás, se o goleiro atleticano defendesse um terço das bolas que chegam ao seu gol, já poderia ser o suficiente, não é mesmo? Ah, Galo, se você gostasse de goleiro que joga com as mãos…

E se o ataque não perdesse tantos gols? Porque falta de criação de jogadas não é o problema. E a defesa? Será que se não falhasse tanto a situação seria menos complicada nessa reta final? Fato é que se Guga não vacilasse tanto, alguns pontos não teriam ficado pelo caminho. E se tivesse vendido o Guga? Seria bem diferente, né? E se Réver ainda tivesse 26 anos? Ah se o Sampaoli não inventasse tanto…

Olhando a tabela, o atleticano lamenta pontos perdidos de forma inexplicável. E se o time tivesse vencido o Sport em casa? E se não tivesse perdido para o lanterna Botafogo no turno? E se não tivesse permitido a virada para o Bahia quando o jogo parecia totalmente sob controle em Salvador? E se tivesse ao menos segurado um empate diante do Fortaleza fora de casa? Ah, Galo, se você jogasse contra todos os adversários como joga contra o Flamengo…

Mas o se não é novidade na vida do Atlético. Por muitas vezes, ele atravessou o caminho alvinegro, impedindo conquistas e vestindo sempre a camisa do adversário. Falando apenas de Campeonato Brasileiro, se o regulamento de 1977 fosse outro, hein?E se Reinaldo estivesse em campo na decisão contra o São Paulo? E se Aragão não estragasse a festa em 1980? Pensa bem se Reinaldo não estivesse machucado naquela final?Mancando, ele fez dois gols. Se Márcio Rezende de Freitas desse aquele pênalti no segundo jogo da final de 99? E se a bola do Belletti entra no terceiro jogo? Ah se a CBF não vestisse a camisa tricolor do Fluminense em 2012…

A diferença para o Inter agora é de oito pontos. Pode voltar para cinco se o Galo ganhar hoje do time reserva do Santos. E a partir daí faltarão seis rodadas para cada time, sendo que Internacional, São Paulo e Flamengo têm rodadas mais complicadas do que o Atlético. Isso não é garantia de nada, é verdade, mas e se o Galo resolver fazer a parte dele? Se ganha de Fortaleza, Goiás, Fluminense, Bahia e Sport? Certamente chegaria no último jogo, contra o Palmeiras, com chances de ficar com a taça. Ah se o Galo quiser ser campeão brasileiro….

Basta querer, pois ainda dá. Sabe porque? Porque essa torcida é um capítulo a parte. O atleticano promete, após uma derrota, nunca mais ligar pra futebol, mas não cumpre. Não consegue. Ama incondicionalmente. E se um dia essa torcida parar de acreditar, aí é melhor parar tudo. Sim, é a Massa que move o Atlético. Não fosse a energia vinda das arquibancadas, nenhum jogador teria acreditado nas viradas contra Newell’sOld Boys, Olímpia, Corinthians e Flamengo. E se assim fosse, nada de Libertadores em 2013 e Copa do Brasil em 2014. Ah se o Galo levasse mais a sério essa apaixonada torcida…

 

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Crédito – Bruno Cantini/Flickr/Atlético-MG

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