Contra-Ataque Especial COPA DO MUNDO: É pra colocar na parede!

Sérgio Monteiro

Daqui exatos 100 dias, a bola vai rolar no Catar para a disputa da 22ª edição da Copa do Mundo. A expectativa é grande para 32 nações, que disputarão o título mais cobiçado do futebol mundial. E a coluna Contra-Ataque estreia uma edição especial sobre a competição, disputada desde 1930. Todas as quintas-feiras, vamos trazer histórias, números e análises sobre a Copa do Mundo, em dez colunas que vão te deixar por dentro de tudo o que acontece e preparado para quando a bola rolar, no próximo dia 21 de novembro.

Vamos começar falando dos campeões. De 1930 a 2018, apenas oito seleções conseguiram erguer a taça – Brasil, Alemanha, Itália, Argentina, Uruguai, França, Espanha e Inglaterra. Algumas grandes forças históricas do futebol chegaram perto, mas não alcançaram o triunfo. São os casos da Holanda, vice-campeã em 1974, 1978 e 2010, da Tchecoslováquia, vice em 1934 e 1962 e da Hungria, vice em 1938 e 1954, por exemplo.

Claro que todos os títulos são históricos e merecem um quadro na parede, mas fazendo uma análise sobre cada conquista, chegamos a algumas considerações e conseguimos diferenciar os campeões. A começar pelos números.

Nas 21 edições da Copa do Mundo, apenas em quatro vezes a seleção campeã terminou o torneio com 100% de aproveitamento. Na primeira edição, em 1930, o anfitrião Uruguai venceu as quatro partidas disputadas e não deixou dúvidas de quem deveria ficar com o primeiro troféu. As vítimas foram Romênia, Peru, Iugoslávia e Argentina, adversário da primeira final da história das Copas.

Em 1938, na terceira edição, a Itália repetiu o feito, com quatro vitórias em quatro partidas disputadas. Jogando em campos franceses, a ‘Azzurra’ superou Noruega, França, Brasil e Hungria, tornando-se a primeira seleção bicampeã mundial.

As outras duas vezes em que o campeão não sofreu empates, nem derrotas foram com o Brasil, maior campeão até hoje, com cinco taças conquistadas. Em 1970, a seleção canarinha derrotou os seis rivais que cruzaram o seu caminho: Tchecoslováquia, Inglaterra, Romênia, Peru, Uruguai e Itália.

O Brasil de 1970 ainda é o maior de todos os campeões: unindo a eficiência dos números com a magia de um futebol envolvente

32 anos depois, em terras orientais, a “família Scolari” voltou a erguer a taça com 100% de aproveitamento. Foi a primeira e única vez que isso aconteceu com o campeão tendo que entrar em campo por sete vezes. O Brasil conquistou o penta superando Turquia, China e Costa Rica na primeira fase e Bélgica, Inglaterra, Turquia (novamente) e Alemanha nas fases decisivas.

A Alemanha, campeã pela primeira vez em 1954, fez 25 gols em seis partidas, chegando a uma média histórica de mais de quatro gols por jogo

Ainda falando de números, há outros que merecem destaque. A Alemanha conquistou sua primeira taça em 1954, na Suíça, com um ataque avassalador e jamais igualado em se tratando de mundiais. Foram incríveis 25 gols em seis partidas, o que dá uma média superior a quatro tentos por jogo. No caminho até a taça, os alemães golearam a Turquia duas vezes (4 x 1 e 7 x 2) e a Áustria, já na semifinal (6 x 1). Pesa contra o selecionado do técnico Sepp Herberger, no entanto, a goleada sofrida diante da Hungria por 8 x 3, ainda na primeira fase. Esta é a maior derrota sofrida por uma seleção campeã em Copas do Mundo. Por outro lado, a estreia da seleção uruguaia na Copa de 1950, no Brasil, foi um sonoro 8 x 0 sobre a Bolívia. Esta é a maior goleada aplicada por um time campeão desde 1930 até os dias atuais.

Por fim, vale destacar as defesas das seleções da França, em 1998, e da Itália, em 2006, que sofreram apenas dois gols em seis partidas. São as defesas menos vazadas entre todas as seleções campeãs.

Mas se os números são favoráveis em alguns aspectos, eles podem rasurar algumas campanhas também, apesar dos títulos. A mesma Alemanha de 1954 que vazou as redes adversárias 25 vezes, carrega na bagagem o peso de ser a pior defesa entre os times vencedores. Foram nada menos do que 14 gols sofridos em seis jogos. Mais de dois por partida. Essa mesma Alemanha figura em outro ranking nada agradável.

Apenas quatro seleções campeãs não terminaram a competição de forma invicta: Alemanha (1954), Alemanha (1974), Argentina (1978) e Espanha (2010). Todas com um revés durante a campanha. Espanha, aliás, que tem o pior ataque entre os campeões. Apenas oito gols marcados em sete partidas.

Números expostos, vale lembrar o que foi dito no início do texto: todas as seleções campeãs, obviamente, merecem um quadro na parede. Vencer uma Copa do Mundo é entrar para a história do futebol mundial. Mas a análise deve ultrapassar os limites numéricos.

Apesar da goleada história sobre o Brasil em pleno Mineirão, em 2014, a Alemanha não conseguiu derrubar o maior campeão de todos: o próprio Brasil, comandado por Zagallo em 1970. Com uma campanha irretocável e um futebol mágico, a seleção brasileira faz por merecer até hoje o ‘título’ de maior seleção da história das Copas. Afinal de contas, um time que conseguiu reunir dentro de campo Rivellino, Jairzinho, Tostão, Pelé e Gérson não pode cair no esquecimento jamais.

Não à toa, nossos adversários têm dor de cabeça até hoje, 52 anos depois do tricampeonato brasileiro em terras mexicanas. Tchecoslováquia, Inglaterra e Romênia caíram na fase inicial diante do futebol envolvente dos brasileiros. No mata-mata, dois velhos conhecidos sul-americanos – Peru e Uruguai – antes da decisão diante da Itália. A exibição diante dos italianos talvez seja a maior de uma seleção em uma final. A goleada por 4 x 1 retrata bem o domínio brasileiro que não poderia terminar de outra forma senão com a taça nas mãos.

Alemães vão espernear por causa de 2014, argentinos vão dizer que Maradona e companhia fizeram melhor em 1986, italianos, franceses, uruguaios, ingleses e espanhóis podem questionar, mas fato é que ninguém tira do Brasil de 1970 esse status de “melhor de todos”. Esse é o quadro que deve encabeçar qualquer galeria que se faça em uma parede.

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