Por Francisco Santana
Está comprovado, o coronavírus é conveniente e inconsequente. Danadinho! No início, ele mostrou o ar de sua graça deixando acontecer o carnaval. E depois? Ele prejudicou de forma contundente a realização da Páscoa, deixando todos de água na boca ao invés do sabor delicioso de chocolate. Muitas mães não ganharam presentes e nem a presença dos filhos. No mês de maio, ele estava furioso. A festa junina ficou na lembrança. Batata doce, canjica, pau de sebo, milho verde na brasa, cocadas, quentão e quadrilhas ficaram na vontade e no desejo. Pais e mães não podem reclamar, o coronavírus prejudicou ambos. O que dirão os namorados? As comemorações ficaram na virtualidade e por outros meios de comunicações. Por um tempo ficaremos sem beijos, sem abraços e sem aperto de mãos. Pela negligência da população, não comemoraremos nas ruas o Dia da Independência do nosso país. Ele voltou com força e vigor.
Pensei: se ele não deixou que comemorássemos as datas festivas, ele também vai prejudicar as eleições não tornando o voto obrigatório. Aí apareceu o comunicado do ministro do Tribunal Superior Eleitoral, Luís Roberto Barroso dizendo que o primeiro turno da votação para prefeitos e vereadores ocorre no dia 15 de novembro e o segundo, no dia 6 de dezembro. As eleições, inicialmente estavam previstas para ocorrerem em outubro. Coronavírus, eu sabia que carnaval e política têm muita coisa em comum. E você contribuiu com a máscara.
Começaram as cenas. Já estamos à mercê dos falsos discursos dos candidatos. A quantidade deles me faz lembrar dos vestibulares ou daquelas filas quilométricas à procura de empregos. A primeira necessita de conhecimento e a segunda, de experiência. Sobram falsas promessas e astúcia. É a procura do bom salário para desempenhar serviços complicadíssimos como: colocar nomes de ruas anônimas, distribuir títulos de cidadão honorário e menções a empresários abonados. Recebi de um amigo essas duas mensagens:
“Um político divide os seres humanos em duas classes: instrumentos e inimigos” (Friedrich Nietzsche).
“As leis são como as teias de aranha que apanham os pequenos insetos e são rasgadas pelos grandes” (Sólon).
Os mais espertos se aproveitam da ingenuidade ou analfabetismo do eleitor para lhe prometer algo e ganhar seu voto. Por isso, o governo não liga muito para a pasta da educação. Vamos examinar alguns tipos de analfabetismo. O analfabeto é aquele que recebeu pouca ou nenhuma instrução para aprender a ler e escrever. Muitos nem sabem assinar o próprio nome. O iletrado não compreende o que lê. Esse problema atinge todas as camadas da sociedade e está ligado a um ensino falho recebido na escola. O funcional é a pessoa que consegue ler e escrever frases curtas, mas não tem noção do seu significado. Ela conhece as letras, mas não o que elas querem dizer. O tecnológico é o que não possui informações necessárias para operar computadores e outras ferramentas tecnológicas. O governo tem incentivado muito a inclusão digital, uma necessidade do mundo contemporâneo.
Em se tratando de Barbacena, vivemos a mesmice política. Os candidatos são sempre os mesmos. O percentual de mudança no legislativo municipal é baixíssimo. Falta-nos seriedade, consciência, responsabilidade, juízo e vergonha na cara. Durante uma gestão falamos mal dos eleitos e na outra eleição, os elegemos. O voto é sério e tido como uma procuração que damos a eles para agir em nosso nome. É fácil ser eleitor e candidato no Brasil, difícil é escolher candidatos fiéis e compromissados com o povo. Há inúmeros políticos, eleitos de notório saber político e constitucional e nem por isso fazem leis beneficiando a sociedade e melhorando a cidade que os elegeu.
Como dizia um amigo meu: “Mãe é mãe”. Sendo assim gostei da colocação da mãe do ditador boliviano Enrique Penaranda que disse arrependida:
“Se eu soubesse que meu filho ia ser presidente, eu o teria ensinado a ler e a escrever”.
Na atualidade, quem não sabe ler, escrever e interpretar textos pode votar e até mesmo nos comandar. Torço para que eu esteja enganado nas minhas conjecturas e que possamos ver a nossa Câmara de Vereadores em sua grande maioria renovada com eleitos atuantes e de um prefeito compromissado com melhorias para a cidade. Para acontecer, depende de nós, eleitores.