Volta à Palmatória?

Leonardo Lisbôa

Instalou-se  o  Grupo  Escolar  no  bairro  para  a  instrução  pública  rompendo  com   o   modelo   em   que   os   filhos  da   elite   estudavam   em   casa   de   professores   particulares.   Era   a   forma  de   disciplinar  para  a  sociedade:  normas  das  NORMALISTAS  para  formar  cidadãos  disciplinados:  os  mais  favorecidos  para  as   universidades   e   os   menos,  para  a  fábrica.

 

Não  se  usava  mais  a  palmatória,  mas  as   “palma  das   na bunda”  era  a   regra   para  as  mães.  Era  a  herança  da  chibata  da  época  da   escravidão.  Mas  naquele  Grupo  Escolar  havia  o   quarto  escuro  de   despejo  usado  pedagogicamente  pelas  professoras,  agora  chamadas  de  Tias,  para  disciplinar:  “Quem  fizer  bagunça  na  fila  vai  para  lá!”

 

Era  a   época  da  pedagogia  do  medo!

 

A  sociedade  era  a  herdeira  da  Eugenia:  falsa  ciência  que   tinha  seus   métodos   para   purificar  etnias  e  sociedades.

 

Para  aqueles  não   adaptáveis   às   normas   a   psiquiatria  mandava  para  a  assistência  aos  alienados:  entorpecentes,  camisa  de   força,  choque  elétrico,  banhos   coletivos   frios  e  até  o   “chá  da  meia  noite”.

 

A   cidade  era   limpa  e  organizada:  alunos  sendo  disciplinados  em   carteiras  enfileiradas,   bairros   centrais   para   a  elite,  periféricos  para  funcionários  públicos, vilas  para  o  operariado  e  cortiços  para  os   miseráveis.

 

Instalou-se  a  Ditadura  Militar:  privilégios  para  eles  e  migalhas  para  o  povo.

 

Foi  preciso  vir  um  médico  italiano,  que  conhecia  os  horrores  do  Nazismo,  denunciar  os  Porões  da   Loucura.

Foi  preciso   ocorrer  muitas  mortes  para  evidenciar  que   a   ordem   dos   militares   não  era  tão  ordeira  assim!   Transformações   ocorreram   com   inúmeras   denúncias   daqueles   que   governavam   para  si.

 

E  agora  nós  temos  que   aprender  a   viver   democraticamente   uma   vez   que   os   períodos   históricos  precedentes   foram   de   violência.   A   ESCOLA   tem  que   achar   um   novo   caminho.

 

A   pedagogia  há  de  ser   transformadora  para   uma   sociedade   mais   humana   e   igualitária.   Certamente   inovadora   e   não   retrógrada   aos   períodos   violentos   e   de   privilégios   para   poucos.

 

E   eu   estava   tranquilo   aqui   em   meu   canto   disposto  neste  pleito   a   não   me   manifestar   politicamente.   Até   que   uma   senhora  BELA,  RECATADA  E   DO   LAR   começou  a   lotar  meu   Messenger  com   campanha   a   favor   do   INOMINÁVEL.   Fiquei  pasmo  ao   ver  PROFESSORAS  fazendo  coro  nesta  campanha  em  prol   do   retrocesso.   Pior   ainda   foi   ver   que   PSICÓLOGA   conhecida   está  na   campanha   também.   E   pior,   pedindo  a  volta  da   DITADURA   MILITAR!    Cada   um   tem   o   seu   direito,  isto   é   a   DEMOCRACIA.   Mas   ao   ver   MULHERES   PROFISSIONAIS   DA   ÁREA   DE   HUMANAS,   PROFESSORAS   E   PSICÓLOGAS   fico   pensando  que   tipos  de  PROFISSIONAL  SÃO   ESTAS?   Qual  é   a   prática  pedagógica  de   seu   ensino/aprendizagem  com  seus   educandos?  A   palmatória?   Que   aconselhamento    e   terapia   oferecem   aos   seus  pacientes?  A   volta  aos   Porões   da   Loucura?

 

Por   estes   absurdos   e   muito   mais

#Elenão   #evabraunnão

*Eva  Braun  aqui:  MULHERES  QUE   FAZEM   CAMPANHA   EM   PROL   DO   FASCISMO   BRASILEIRO   E   PARA   O   INOMINÁVEL.

 

Quem   se   omite,   permite.

Que   saibamos   votar   e   viver   DEMOCRATICAMENTE   sem   medo!

 

 

Leonardo Lisbôa

Barbacena, 27/09/2018

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NOTA DA REDAÇÃO: Leonardo Lisbôa  é professor da rede pública de ensino de Minas Gerais. Fez sua especialização em História na UFJF e seu mestrado em psicopedagogia na Universidade de Havana, Cuba. Publica textos também no sítio www.recantodasletras.com.bronde mantém duas escrivaninhas (Perfis): o primeiro utilizando o próprio nome ‘Leonardo Lisbôa’ e o segundo o de ‘Poesia na Adega’.  Registro no CNPq: http://lattes.cnpq.br/0006521238764228

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