Você sabe o que é biorremediação?

Por Júlia Gonçalves, membro do Centro de Estudos em Ecologia Urbana do IF Sudeste, Campus Barbacena, graduanda em Ciências Biológicas, sob orientação do Prof. Delton Mendes

 

O aumento desenfreado da população humana e o crescimento de suas atividades industriais, grandes responsáveis pelo lançamento de resíduos químicos nos ecossistemas, resultaram em diversos problemas ambientais. As ações antrópicas e seus impactos à natureza despertaram nas últimas décadas intensas preocupações, que têm sido amplamente discutidas, alçando pesquisas em todo o mundo, principalmente objetivando modelos e técnicas sustentáveis que auxiliem na recuperação e preservação de áreas contaminadas e degradadas da biosfera terrestre. 

A biorremediação tem sido considerada como um importante recurso científico na busca pela minimização desses problemas provocados pela humanidade e pode ser definida como um “processo no qual organismos vivos, normalmente plantas ou microrganismos, são utilizados tecnologicamente para remover ou reduzir (remediar) poluentes no ambiente” (GAYLARDE; BELLINASO; MANFIO; 2005, p. 36). De acordo com o Instituto Oceanografico da USP (2019), “há diversas técnicas envolvendo métodos físicos e químicos que podem ser empregadas para a remediação de áreas contaminadas, porém, para a escolha dos procedimentos adequados alguns fatores devem ser levados em consideração, como a eficiência do método, simplicidade na aplicação, menor tempo de processo e baixo custo na recuperação das áreas de interesse. Com isso, comparado a métodos convencionais, a biorremediação tem se destacado por apresentar eficiência, baixo custo, fácil aplicação, sem causar danos adicionais ao ambiente”. 

Microrganismos, como o nome já sugere, são seres microscópicos, representados por fungos, bactérias, vírus, algas e protozoários encontrados em praticamente todos os ambientes e que, geralmente, estão associados às mais diversas patologias. No entanto, eles também são muito importantes para os ciclos naturais e merecem atenção. O processo biológico de descontaminação geralmente utiliza microrganismos do próprio ambiente, como bactérias, mas em alguns casos também podem ser introduzidos e, apesar de serem, em grande parte, seres extremamente pequenos, são extremamente resistentes as variações ecológicas. Ainda segundo esses autores “este processo […] é uma alternativa viável para o tratamento de ambientes contaminados, tais como águas superficiais, subterrâneas e solos, além de resíduos e efluentes industriais em aterro ou áreas de contenção”.

Uma das interessantes vantagens de se utilizar as técnicas de biorremediação é a sua segurança e a possibilidade de poderem ser executadas no próprio local contaminado. “Em relação às técnicas convencionais (incineração, aterro etc.), são normalmente mais econômicas, eliminam permanentemente o risco da contaminação, têm boa aceitação da opinião pública e há um encorajamento das agências reguladoras ambientais com respeito à sua utilização, podendo ser associadas com outros métodos químicos ou físicos de tratamento” (SEABRA, 2005). Vale destacar que cada processo de biorremediação é particular e, portanto, há diversas limitações em seu uso, uma vez que algumas substâncias não são suscetíveis à biodegradação. 

Nós, humanos, assim como todas as outras espécies de seres vivos, dependemos intimamente da diversidade microbiológica existente. A poluição ambiental atinge e altera negativamente todos os ecossistemas. Por isso, preservar o que nos resta e tentar remediar essas áreas contaminadas é tão importante, pois, como já dizia Peter Scott, um dos fundadores da Organização WWF (World Wide Fund for Nature):“nós não salvaremos tudo que gostaríamos, mas salvaremos muito mais do que se nunca tivéssemos tentado”.
Apoio divulgação científica: Samara Autopeças

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