Por Júlia Gonçalves, membro do Centro de Estudos em Ecologia Urbana do IF Sudeste, Campus Barbacena, graduanda em Ciências Biológicas, sob orientação do Prof. Delton Mendes
(…) “A aniquilação biológica resultante, obviamente, terá sérias consequências ecológicas, econômicas e sociais. A humanidade acabará por pagar um preço muito alto pela diminuição da única assembléia de vida que conhecemos no Universo”.
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A Terra tem 4,5 bilhões de anos, mas a vida somente surgiu por aqui há algo em torno de 3,5 bilhões de anos. Nesse período, na verdade, sobretudo nos recentes 700 milhões de anos, a vida terrestre quase foi extinta diversas vezes em decorrência de catástrofes naturais, que causaram grande perda da biodiversidade de espécies ao longo de um período limitado de tempo (sobretudo nas Eras Paleozóica e Mesozóica). Esses eventos são conhecidos como extinções em massa e são reflexos da íntima relação entre a vida e as condições geofísicas terrestres e, segundo pesquisadores, infelizmente, estamos na sexta grande extinção.
Segundo o Laboratório de Biodiversidade e Evolução Molecular da UFMG, “a extinção no Permiano (Era Paleozoica) de 250 milhões de anos atrás (…) foi a pior na história da Terra: estimativas sugerem que até 95 % de todas espécies vivas antes do evento desapareceram. Uma mudança na composição da atmosfera da Terra, vulcões na Sibéria e outras causas foram as causas principais (…). A mais famosa das extinções em massa é a mais recente, a do fim do período Cretáceo (Era Mesozoica), quando os dinossauros se extinguiram (com exceção, tal como muitos cientistas sugerem, alguns dinossauros que evoluíram em pássaros)” devido a eventos subsequentes à queda de um asteróide na Terra. Estimativas apontam que atualmente existem cerca de 8,7 milhões de espécies, sendo que a grande maioria ainda não foi identificada e catalogada. Apesar disso, a biodiversidade terrestre, da qual depende toda a humanidade, está sendo destruída em uma velocidade nunca vista antes. Dessa forma, cientistas apontam que estamos caminhando para a sexta grande extinção em massa, também conhecida como a extinção do Antropoceno, e, dessa vez, em decorrência da ação humana, intensificada nos recentes 150 últimos anos.
Estamos vivendo em um período de grandes transformações ambientais provocadas pela influencia antrópica. O resultado disso tudo é “uma aceleração rápida e iminente do nível de extinção de espécies”, de acordo com a agência AFP. Destruição de habitats, introdução de espécies exóticas, aquecimento global, práticas agrícolas, caça e a degradação ambiental são alguns dos fatores que influenciam uma mudança drástica no planeta Terra e na grande perda da biodiversidade animal e vegetal. Mas, a principal causa é a “superpopulação humana e o crescimento contínuo da população, e o consumo excessivo, especialmente pelos ricos” (Paul Ehrlich, professor da Universidade Stanford, Califórnia, 2016 ). De acordo com o portal de noticias O Globo, “um estudo publicado em 2015 com base em dados da União Internacional para Conservação da Natureza apontou que o espectro da extinção ameaça cerca de 41% de todas as espécies de anfíbios e 26% dos mamíferos conhecidos” e, se continuarmos contribuindo para esse processo, não restará mais ambiente apto a nos abrigar.
Esse alerta precisa ser compreendido e atendido, pois, todos nós, humanos, necessitamos, incansavelmente, dos serviços da natureza que vão desde a polinização até a decomposição de matéria orgânica. A Terra nos deu a vida, sustentou-nos e agora, nós a estamos matando. “A aniquilação biológica resultante, obviamente, terá sérias consequências ecológicas, econômicas e sociais. A humanidade acabará por pagar um preço muito alto pela diminuição da única assembléia de vida que conhecemos no Universo”.
Apoio divulgação de ciência: Samara Autopeças
Algumas referências:
CEBALLOS, Gerardo; EHRLICH, Paul R.; DIRZO, Rodolfo. Califórnia, 2016.
Biological annihilation via the ongoing sixth mass extinction signaled by vertebrate population losses and declines – Proceedings of National Academy of Sciences.