A infância sempre foi alvo de violência. Por serem mais frágeis e vulneráveis, muitas crianças sofrem violências de todas as formas. Mas como podemos identificar e coibir prática tão perversa?
- Sob quais formas pode acontecer a violência na infância?
A violência na infância apresenta-se sob diferentes facetas, desde agressões verbais, negligência, abusos sexuais, agressão física e até mesmo tentativas e assassinato.
Geralmente a agressão à criança acontece dentro de seu suposto círculo de confiança, o que a deixa ainda mais vulnerável.
Independente das formas de violência à criança, tais práticas são crimes, devendo ser denunciados e seriamente punidos.
- Existem motivos que podem levar e levam as pessoas a praticarem atos de violência na infância?
Estudos ligados à Psiquiatria e à Psicologia relacionam a violência na infância a transtornos mentais. Existem muitas condições que levam o adulto a cometer barbaridades com as crianças. Mas independente dos motivos encontrados para “justificar” tais atos, as pessoas responsáveis por tais atos precisam ser punidas.
Não existe justificativa que endosse a permissão para agredir uma criança.
Sabemos que em ambientes desestruturados, principalmente do ponto de vista emocional, a possibilidade de agressão é maior.
Muitos estudiosos apontam para as alterações psíquicas e psicológicas dos adultos que cuidam das crianças agredidas. Muitos outros estudos apontam para um perfil psicológico conturbado dos agressores de forma geral.
Mas também é importante salientar que, no Brasil, o Estatuto da Criança e do Adolescente é a forma legal de proteção a essas crianças, visando minimizar os efeitos deletérios e perigosos desta prática.
Uma sociedade que não respeita e não cuida de suas crianças tende a ter um futuro obscuro do ponto de vista social e até mesmo econômico, haja vista o impacto dessas práticas repugnantes e criminosas na formação de seus cidadãos.
- Quais marcas uma agressão na infância pode deixar na vida da pessoa?
Quando falamos de infância estamos nos referindo à fase de formação da pessoa como um todo: na formação da sua personalidade, na formação de suas memórias afetivas, na formação de seu caráter e etc.
Sempre questiono as famílias que têm essas práticas em suas casas sobre o benefício de curto a longo prazo.
Humilhar, desprezar, bater, dentre tantas outras formas de agredir não resolvem as questões familiares, tampouco criam laços afetivos necessários no ambiente familiar.
Sabemos que nem tudo funciona como sonhamos ou desejamos. Sabemos que o dia a dia traz questões de difícil resolução, mas lançar mão da força e do lugar de autoridade para intimidar e agredir uma criança, como forma de manter a hierarquia e o poder se constituem em crime que necessita ser combatido.
- Como podemos ajudar as crianças que sofrem algum tipo de agressão?
No Brasil temos leis que protegem nossas crianças. Sabemos, no entanto, que existem formas silenciosas de agressão que nunca são denunciadas e até mesmo percebidas.
Ainda temos condições que a criança fica exposta à violência sem se dar conta do que está acontecendo, por não ter ninguém que interrompa o ciclo ou até mesmo por estar inserida num círculo de violência que já se tornou padrão.
Em toda as situações ou circunstâncias, denunciar o ato violento e proteger a criança são prioridades número 01.
Denuncie ao Conselho Tutelar, à Polícia, a alguma autoridade. A denúncia é a porta que se abre à libertação dessa criança possibilitando à mesma uma vida digna e possível, longe de tamanhas atrocidades.
- A quais sinais devemos estar atentos em relação a crianças que são agredidas?
Crianças vítimas de agressão não são crianças na sua concepção máxima de existência. Elas raramente sorriem, brincam, interagem.
Mostram-se entristecidas, reativas, deprimidas e também agressivas. Diminui seu desempenho escolar, o padrão de sono se altera, o choro pode ser frequente.
Podem estar adoecidas do ponto de vista físico (p. ex. desnutridas), machucadas, com medo.
Tendem a se isolar e em muitas circunstâncias acham que são as culpadas pelas agressões.
Perceber que algo não está bem com uma criança é a chance de propiciar condições de vida para ela.
Assim, diante de quaisquer dúvidas e/ou desconfiança de agressão a uma criança, fique atento, procure quem de direito para que a situação possa ser averiguada e, se necessário, que as medidas de segurança sejam prontamente adotadas.
NOTA DA REDAÇÃO – Valeska Magierek – Psicóloga, Neuropsicóloga e Palestrante no Centro AMA de Desenvolvimento, em Barbacena