Um ano marcado pelo recrudescimento da pandemia de Covid-19

Por Francisco Fernandes Ladeira 

 

Se pudéssemos resumir este ano em um dito popular, provável seria: “depois da tempestade, a bonança”.  Evidentemente, a pandemia de Covid-19 ainda continua fazendo vítimas e o Brasil atravessa grave crise política, econômica e social. No entanto, em relação aos outros trimestres de 2021, temos agora um cenário epidemiológico muito favorável, com todos os indicadores mais baixos, devido ao avanço da vacinação contra a Covid-19 (apesar das propagandas e teorias conspiratórias dos chamados “negacionistas”). Nesse sentido, diferentemente da última passagem de ano, já é possível avistar uma luz no fim desse túnel pandêmico.

Isso não significa afirmar que 2021 tenha sido fácil. Muito pelo contrário. Infelizmente, neste ano, a sociedade brasileira conviveu com os fantasmas da fome, da inflação, do desemprego, da perseguição ideológica a professores e do recorde de desmatamento da Amazônia. 

No cenário político, o principal acontecimento do ano foi a recuperação dos direitos políticos do ex-presidente Lula, fator que já o colocou na liderança nas pesquisas de intenção de voto para a próxima eleição presidencial.  Por sua vez, o atual mandatário, Jair Bolsonaro, a despeito das motociatas e outras manifestações de rua, amargou altos índices de rejeição popular. Já na chamada “terceira via”, nomes como Sérgio Moro, Ciro Gomes e João Dória se apresentaram como alternativas a Lula e Bolsonaro. No entanto, suas pré-candidaturas, por enquanto, não emplacaram, tendo menos de dois dígitos nas pesquisas.

Nos noticiários internacionais, as principais manchetes de 2021 foram a posse de Joe Biden como 46º presidente dos Estados Unidos, as manifestações (malsucedidas) da oposição conservadora contra o governo cubano, a volta do grupo fundamentalista Talibã ao poder no Afeganistão (após vinte anos de invasão estadunidense), o fim do “reinado” de uma década e meia de Angela Merkel na Alemanha e o aumento das hostilidades entre Rússia e Ucrânia.

Excepcionalmente, por causa da anteriormente mencionada pandemia de Covid-19, grandes eventos esportivos, programados para 2020, foram realizados este ano. Na Olimpíada de Tóquio, o Brasil obteve seu melhor desempenho na história, com a 12ª colocação no quadro de medalhas. Os principais destaques brasileiros foram as jovens Rebeca Andrade (medalha de ouro na ginasta artística) e Rayssa Leal (prata no skate).

Na Eurocopa, a Itália, merecidamente, ficou com título, após bater a Inglaterra na final. Em nosso subcontinente, na polêmica Copa América realizada em território brasileiro (após recusas colombianas e argentinas), a Argentina de Lionel Messi sagrou-se campeã, após vencer seu maior rival, a seleção brasileira, em pleno Maracanã.

No futebol de nosso país, o grande destaque do ano foi o Atlético, campeão das duas principais competições nacionais: Brasileirão e Copa do Brasil (no primeiro semestre, o Galo também já havia vencido o Campeonato Mineiro, consolidando, assim, três títulos na temporada).

Como não poderia deixar de ser, em 2021, a internet foi tomada por acalorados debates. As declarações homofóbicas do jogador de voleibol Maurício Souza, o mistério envolvendo o significado do termo “cringe” e a pergunta “E fora do story, tu tá bem?” (que satirizava a ostentação das redes sociais e a diferença entre o que é postado e a vida real) foram algumas das principais pautas das discussões virtuais.

Por fim, o surgimento de uma variante do novo coronavírus, a ômicron, detectada no mês de novembro, na África do Sul, o país do Apartheid, nos alertou sobre os efeitos nefastos do “apartheid” de vacinas em benefício das nações ricas. Como se trata de uma pandemia inerentemente global, só estaremos realmente livres da Covid-19 quando todos os países do planeta atingirem altos índices de vacinação.

No entanto, diante da ômicron, as grandes potências mundiais, em vez de impulsionar campanhas de vacinação contra a Covid-19 mundo afora, preferiram reforçar a imunidade de suas populações e fechar fronteiras. É o típico egoísmo imperialista. Desse modo, para quem acreditava que, com pandemia, teríamos um mundo mais solitário, 2021 trouxe um grande (e triste) “choque de realidade”.

NOTA DA REDAÇÃO – Francisco Fernandes Ladeira é doutorando em Geografia pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). Autor de nove livros, entre eles “A ideologia dos noticiários internacionais” (Editora CRV).

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