Sem abelhas, sem alimento

A opinião de Júlia Gonçalves

Desde o surgimento dos primeiros seres vivos o mundo passou, principalmente, por cinco grandes extinções em massa. A mais famosa ocorreu há cerca de 65 milhões de anos e foi responsável pelo desaparecimento dos dinossauros e outros vários grupos de espécies. Atualmente, muitos cientistas acreditam que podemos estar caminhando para uma sexta grande extinção em massa, dessa vez em decorrência da ação humana, impactando seres bem pequenos: as abelhas.

As abelhas são insetos voadores, parentes das vespas e formigas. São conhecidas pelo seu importante papel na polinização e pela produção de mel. Elas vivem em colmeias e em seu interior prevalece uma hierarquia social. Cada colmeia conta com uma abelha rainha, centenas de operárias e zangões. A rainha é a única fêmea fértil da colmeia responsável pela postura dos ovos.   Além disso, ela é quase duas vezes maior do que as operárias. As decisões dentro da colmeia não estão restritas à rainha, que apenas mantém a ordem social, mas também por todos os indivíduos através de estímulos auditivos, químicos e visuais. As operárias, por sua vez, são responsáveis por todo tipo de trabalho, desde a coleta do néctar até a limpeza da colmeia. Por fim, os zangões têm a função de fecundar a rainha.

Durante a coleta do néctar ocorre o processo de polinização das plantas que consiste da transferência do pólen da estrutura reprodutiva feminina de uma flor para a estrutura reprodutiva masculina de outra for de uma mesma espécie. Em alguns casos o pólen é transportado por outros insetos, pelo vento ou pela água, mas o principal agente responsável pela polinização são as abelhas. Segundo o Ministério do Meio Ambiente esse processo garante a produção de frutos e sementes e a reprodução de diversas plantas, sendo um dos principais mecanismos de manutenção e promoção da biodiversidade na Terra.

Porém, nos últimos anos a população de abelhas entrou em declínio e isso está ligado a múltiplas causas como, por exemplo, o uso excessivo de agrotóxicos e pesticidas, desmatamento, poluição atmosférica, monoculturas, mudanças climáticas e o manuseio errôneo dos apiários. De acordo com um levantamento feito pela Agência Pública e Repórter Brasil, só no em nosso país, em três meses, cerca de meio bilhão de abelhas foram encontradas mortas.

Nós, humanos, assim como todas as outras espécies de seres vivos, dependemos intimamente  das abelhas. Estima se que esses seres polinizam cerca de 80% das plantas do mundo ou seja, mais de 3/4 das espécies vegetais utilizadas na produção de alimentos dependem da polinização. Sendo assim, cabe a nós o desenvolvimento de estratégias de proteção das populações de abelhas e todos os diversos tipos de polinizadores existentes pois, como dizia Einstein: “se as abelhas desaparecerem da face da Terra, a humanidade terá apenas mais quatro anos de existência. Sem abelhas não há polinização, não há reprodução da flora, sem flora não há animais, sem animais, não haverá raça humana.”

NOTA DA REDAÇÃO – Júlia Gonçalves, membro do Centro de Estudos em Ecologia Urbana do IF Sudeste e graduanda em Ciências Biológicas, sob orientação do professor Delton Mendes.

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