Se somos macacos, o que nos diferencia dos chimpanzés?

Por Vitória Oliveira, licenciada em Ciências Biológicas e membro do Centro de Estudos em Ecologia Urbana do IF Barbacena, sob orientação do professor Delton Mendes Francelino, coordenador do Centro de Estudos em Ecologia Urbana, do IF Barbacena.

Frequentemente enaltecemos a civilidade humana em detrimento de sua natureza primitiva. Esquecemo-nos de nossas origens selvagens e de que a natureza foi fundamental para nos tornarmos uma espécie adaptada e sobrevivente no planeta. Buscando retornar a essas origens, e compreender o que de fato nos diferencia de outras espécies animais e, inclusive de nossos parentes mais próximos, os macacos do gênero PAN (chimpanzés, gorilas e orangotangos), é fundamental entender o caminho evolutivo traçado por nossa espécie.

Inicialmente, é importante destacar que os seres humanos são mamíferos, primatas, do gênero Homo (que possui várias espécies extintas, algumas das quais surgiram no planeta a partir de cerca de 7 milhões de anos). Nós, como espécie, Homo Sapiens, surgimos há apenas cerca de 200 mil anos e desde a fase inicial evolucionária, na África, diversas características morfológicas e biológicas já diferenciavam os indivíduos Sapiens dos macacos símios (Pan). É recorrente na literatura científica referirmos a nós como Homo sapiens sapiens, sobretudo em decorrência da complexificação de nossos processos simbólicos nos recentes 50 mil anos.

Cientistas apontam várias características que foram fundamentais para a evolução da espécie humana e que nos diferenciaram dos primatas símios, como a adoção da postura bípede (postura ereta), o desenvolvimento do polegar oponível (que possibilitava a manipulação/produção de ferramentas por nossos ancestrais) e, o aumento do tamanho o cérebro, que representou alterações cognitivas do ser humano, o desenvolvimento do pensamento e da racionalidade. Esta última característica, em especial só foi possível, por mudanças no padrão alimentar de nossos ancestrais, e também ao desenvolvimento de habilidades motoras que estimulavam o raciocínio.

Muito além das heranças biológicas, a cultura é a principal característica distintiva de nossa espécie e, está diretamente relacionada ao conjunto de características morfológicas humanas (ou seja, a cultura é resultado da anatomia, e vice e versa). Isso significa que grande parte dos símbolos culturais construídos pela humanidade ao longo do tempo, estão diretamente associados aos seus instintos, à sua relação com o ambiente e com a natureza. Ao utilizarem “acessórios”, pintarem o corpo, criarem rituais de morte, nossos ancestrais desenvolveram características fundamentais que nos diferenciam de outros primatas. Esses comportamentos são transferidos ao longo das gerações e ensinados à prole. Ao nascer, um bebê é um representante da espécie Homo sapiens, mas é ao apropriar-se desses padrões de comportamento que o mesmo se torna humano.

Em suma, o que nos torna humanos, não é uma divisão entre caracteres biológicos e culturais, mas sim, uma fusão dos dois aspectos. É justamente a capacidade de acumular e transmitir cultura, valores, informações entre as gerações que nos tornam humanos, e só fazemos cultura, por toda a programação biológica que possuímos, possibilitadas pela evolução.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

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OLIVEIRA, V. S.; SOUZA, E. P.; VIOTTO FILHO, I. A. T.; PONCE, R. F. Educação e o desenvolvimento do psiquismo: uma análise histórico-cultural acerca dessa relação. Colloquium Humanarum, Presidente Prudente, v. 14, n. 1, p.60-66 jan/mar 2017. DOI: 10.5747/ch.2017. v. 14. N 1.h294

NOGUEIRA, S. Sapiens- Uma nova história da humanidade. Revista Super Interessante, 2017 (Atualizado em 2020). Disponível em: < https://super.abril.com.br/ciencia/sapiens-uma-nova-historia-da-humanidade/> Acesso em: 12/02/2020.

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