Se Deus é mineiro, porque Papai Noel não seria?

Por Sérgio Monteiro

Crescemos ouvindo as pessoas dizerem que Deus é brasileiro. Segundo Gabriel, o Pensador, só se for no futebol. Bingo! Eu carreguei essa informação como dúvida por muitos anos, mas em 1997 comecei a desconfiar que poderia ser verdade. Se não fosse por obra de Deus, teria Elivélton, um convicto canhoto, feito aquele gol de pé direito contra o Sporting Cristal? Em 2013, veio a confirmação. Porque se a épica conquista alvinegra não for obra Dele, pare o mundo que eu quero descer. Com a devida permissão de Raul, é claro. Ronaldinho, Victor, Cuca e Jô tiveram uma grande participação, eu sei, mas aquele escorregão do atacante do Olímpia na final…

Pra mim, não resta mais dúvida. Deus é mesmo brasileiro. E mineiro. E gosta de futebol. Não à toa, nos deu duas Libertadores – uma azul e uma alvinegra. A de 76 foi obra de Palhinha, Joãozinho e Jairzinho mesmo.

Alguém já deve estar se perguntando: ‘Se Deus é brasileiro, mineiro e gosta de futebol, o que explica a derrota na Copa de 98, o 7 x 1 da Alemanha, as derrotas do Galo em 77, 80, 99, 2012 e 2015 e os vice-campeonatos da Raposa de 74 e 2010 (brasileiro), 76 e 97 (mundial) e 2009 (Libertadores)’? Ora, Ele muitas vezes está ocupado com coisas bem mais importantes, né? Como agora, por exemplo. Em plena pandemia da Covid, com o mundo clamando por uma vacina e chorando por seus entes e amigos que partiram, Ele não poderia estar preocupado com a bola entrar ou não na casinha.

Estivesse Deus olhando pelo Brasileirão, o Cruzeiro até teria caído ano passado para a Série B. Até para provar a seu torcedor que time grande, se fizer por onde, cai sim. Mas certamente a metade azul de Minas não estaria passando por tantas dificuldades na Segundona. A esta altura do campeonato, já teria carimbado seu passaporte de volta à primeira divisão. Agora é fato que alguém vai perguntar: ‘Mas e o América, porque está subindo então’? Meu amigo, a resposta é simples: se o Cruzeiro teve Tostão e o Galo teve Reinaldo, o América tem Lisca.

Mas Deus não abandona seus filhos. E é aí que surge o bom velhinho. Sim, Papai Noelestá a postos para atender nossos pedidos. E ele há de ser mineiro. Porque se tem duas coisas que o mineiro nunca perde são o trem e a fé.

O título inédito da Copa do Brasil é o pedido número um do americano. Se não for possível, que venha então o da Série B, apesar dos árbitros, esses seres que não acreditam em Papai Noel, não gostam dos mineiros e vivem nos levando canecos embora. E, claro, a permanência do Liscapara 2021.

Uma arrancada típica de quem desconfia do impossível e gargalha do improvável. O atleticano não precisa de mais nada, Papai Noel. Doze vitórias até o fim de fevereiro e a cobiçada taça nacional de volta para casa, sua verdadeira origem, em 1971. Azar dos paulistas e cariocas se eles não nasceram no Estado de Deus e do Papai Noel. Pra completar, que Sampaoli permaneça por aqui.

O pedido do cruzeirense é um pouco mais complicado. A esta altura, é quase um milagre. São sete vitórias e uma improvável vaga no grupo de acesso à Série A. Se não for mais possível, que venha um 2021 bem diferente, sem punições da Fifa e com Felipão desde o início. Afinal, Scolari também sabe que não há lugar melhor que BH.

A lista não é das maiores, mas também passa longe de ser das mais simples. Se achar que está complicado demais, Papai Noel, converse com Deus que ele te explica rapidamente que em se tratando dos times mineiros tudo é possível. Ele vai te contar como fez pra presentear os americanos com o decacampeonato, pra parar o Pelé naquele eterno 6 x 2 e o que aprontou quando Riascos partiu pra bola naquela Libertadores alvinegra.

Vem com a gente, Papai Noel. Porque nós, mineiros, temos a estranha mania de ter fé na vida!

 

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Crédito – DUM/hojeemdia.com.br