Quedas
Por Débora Ireno Dias
Cai lama, cai barragem, caem vidas.
Cai água, despenca o céu, afogam vidas.
Explode o fogo, cai o teto, queima a vida.
Cai o helicóptero, caem vidas.
Cai, desaba, explode, afoga.
Choro, rezo, peço, grito, desespero.
A vida passa perto, de perto se vê que vai logo embora, numa queda, numa fogueira.
Cai a vida a cada dia. Cai o choro, a indignação.
Quedam-se palavras de apoio, de dor, de raiva, sem pudor.
Só não cai a fé, suporte para a alma na busca pela vida nova que poderá surgir ao levantar para novo dia.
Não cai a esperança, sustentada pelo sentimento de acolhida que vem de quem nem se conhece.
Não cai a caridade, no agir discreto da mão que afaga.
Não cai o Amor de Deus, a nos sustentar em cada queda que a vida – ou os homens – ou nós mesmos – nós dá…
NOTA DA REDAÇÃO – Débora Ireno Dias é profissional de Educação Física na rede municipal de ensino de Barbacena. Desportista.