Com 22 anos de atuação em Barbacena, Carlos Delben é professor universitário e advogado. Também atuou durante 09 anos na Ordem dos Advogados do Brasil de Minas Gerais e agora, mestrando em Administração no Centro Universitário Unihorizontes BH, onde a linha de pesquisa é a relação de poder e dinâmica das organizações.
Em seu trabalho de dissertação do mestrado, Carlos busca respostas a respeito do estresse ocupacional a partir de estudos com advogados atuantes e inscritos na terceira subseção da Ordem dos Advogados do Brasil em Barbacena – aproximadamente 1.200 advogados inscritos –, sobretudo em tempos de pandemia provocada pelo vírus da covid-19, agravando a situação. Segundo ele, o tema escolhido foi direcionado ao profissional de direito, uma vez que ele está sujeito a uma alta carga de trabalho e a conflitos decorrentes de relacionamentos interpessoais, o que o expõe a um alto risco de estresse, o que pode gerar diversos riscos à saúde como doenças do coração e reações psicológicas como ansiedade e depressão.
A pesquisa já começou a coletar dados com os seguintes objetivos:
– Identificar a possível ocorrência de estresse ocupacional e analisar a intensidade de sua manifestação;
– Identificar os possíveis sintomas de estresse manifestados pelos profissionais a serem pesquisados;
– Identificar e analisar as possíveis fontes de tensão no trabalho, indutoras das manifestações de estresse;
– Identificar os possíveis impactos no trabalho, decorrentes das manifestações de estresse, na percepção dos advogados a serem pesquisados;
– Identificar os mecanismos de regulação que estes profissionais utilizam para minimizar as tensões no ambiente laboral;
– Relacionar os possíveis níveis de estresse identificados com as variáveis sociodemográficas e funcionais do estudo e relacionar as ocorrências de estresse ocupacional com os construtos: fontes de tensão no trabalho, fontes de tensão do indivíduo, indicadores de impacto no trabalho e os mecanismos de regulação, dos advogados da 3ª subseção da Ordem dos Advogados do Brasil de Minas Gerais.
O professor universitário ainda ressalta que “para desempenhar o seu trabalho substancialmente intelectual o advogado precisa lidar com uma rotina desgastante. Por exemplo, ele precisar desenvolver o estudo constante de uma legislação complexa e dinâmica, ter a boa compreensão dos procedimentos legais, cumprir constantemente prazos e decisões, promover o embate com outros advogados e demais agentes dos processos em que atua, resolver as demandas de clientes e os conflitos, agressões e acusações de adversários. Além de tudo isso, o advogado precisa lidar também com dificuldades pessoais, decepções e a necessidade de manter uma postura combativa, crítica e perfeccionista. Poucos advogados possuem salário, então, muitas das vezes, a angústia provocada pela demora ou pela inadimplência, seja qual for a fonte dos seus recursos, provoca situações de preocupação e ansiedade. Outra questão importante a respeito é que este profissional possui muito pouco tempo ou mesmo nenhum para a prática do lazer, de exercícios físicos ou para desenvolver hábitos alimentares saudáveis. Alguns não conseguem gozar férias anuais, por exemplo”.
A importância desse trabalho trará respostas mais concretas e, para ajudar na pesquisa, os advogados do município estão tendo a oportunidade de responder a um questionário por meio do qual são levantados dados relacionados com os seus hábitos e condições de vida, dados que são importantes para a identificação de possível estresse ocupacional. Dessa forma, o estudo poderá em breve, ajudar a melhorar as condições de trabalho do profissional da área jurídica.