Por que os vaga-lumes emitem luz?

Júlia Gonçalves, do Centro de Estudos em Ecologia Urbana do IF Sudeste, graduanda em Ciências Biológicas, sob orientação do Prof. Delton Mendes

Os vaga-lumes, também conhecidos como “pirilampos”, são insetos pertencentes à ordem dos coleópteros e fascinam por sua notória capacidade de emitir luminosidade. Segundo o site Cultura Mix (2019): “existem, ao redor do mundo, aproximadamente duas mil espécies de vaga-lumes, das quais cerca de quinhentas podem ser encontradas no Brasil, o país de maior diversidade desses insetos”, principalmente na Mata Atlântica.

Tratam-se de animais bem pequenos, medindo entre um e três centímetros. Os indivíduos machos chegam a crescer mais do que as fêmeas e possuem asas. Os vaga-lumes são insetos noturnos que habitam regiões de clima quente e úmido e vivem, em média, de um a três anos. A característica mais marcante que os diferenciam dos demais insetos é a capacidade de emitirem brilho em seu corpo. Esse processo chamado de bioluminescência é comum em todas as espécies de vaga-lumes, em ambos os sexos. Segundo o químico Etelvino Bechara, da Universidade de São Paulo (2019) “a função biológica da bioluminescência é pouco compreendida, mas os cientistas desconfiam que ela seja usada para iluminar o campo de visão, atrair presas, no reconhecimento de diferentes espécies e parceiros sexuais e até como uma arma contra predadores”.

A bioluminescência ocorre na parte inferior do abdômen desses insetos e é resultado da reação química entre o oxigênio inalado na respiração e a luciferina, substância produzida pelo organismo do inseto, que resulta na formação de energia que é liberada na forma de luz, a qual enxergamos. Vale ressaltar ainda que cada espécie apresenta um padrão especifico de luminosidade que varia entre o verde e o amarelo. Destarte, é relevante dizer que várias espécies marinhas também produzem luminosidade, por processos similares.

Apesar de sua importância para o equilíbrio ecológico e para estudos científicos, os vaga-lumes, assim como as abelhas, importantes agentes polinizadores, estão, aos poucos, desaparecendo, principalmente por conta da poluição, aumento do uso de pesticidas, desmatamento e excesso de luzes artificiais decorrentes do crescimento urbano. “Quando há um aumento das luzes artificiais, os vagalumes não conseguem enxergar a luz do sexo oposto e não consegue se reproduzir. A continuidade da espécie fica, então, comprometida”, afirma Vadim Viviani, docente da UNESP.

Logo, além da beleza estética, esses insetos têm grande importância para os ecossistemas e, mais uma vez, nota-se que as ações humanas têm sido responsáveis por impactos profundos na qualidade de vida desses seres, tão significativos. Políticas públicas que objetivem minimizar esses impactos, são, portanto, elementares. Ao ver um vaga-lume, a partir de agora, reflita: ele cumpre, assim como todos nós, uma importante função na natureza!

Apoio divulgação científica: Samara Autopeças

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