Por que estamos ouvindo falar tanto sobre a ocorrência de queimadas ultimamente? Entendendo um pouco mais sobre esta triste realidade brasileira
Por Camila Dornellas, graduanda em Ciências Biológicas no IF Barbacena e membro do Laboratório de Escrita do Instituto Curupira, com orientação do professor Delton Mendes Francelino
Certamente você já percebeu que todos os anos, durante um determinado período, a ocorrência de queimadas se intensifica abruptamente, como está acontecendo neste exato momento em vários biomas brasileiros. Caso você não tenha se atentado a isso, veja alguns exemplos retirados do próprio Portal Barbacena Online: ‘’Incêndio registrado próximo a CEASA destrói 5 mil metros quadrados.’’, de 21 de setembro de 2020; ‘’Barbacena registra 8 focos de incêndio em apenas um dia’’, de 12 de setembro de 2020; ‘’Incêndio em fazenda interdita rodovia em Pinheiro Grosso’’, de 8 de setembro de 2020; ‘’Incêndio de grandes proporções atinge área próxima a Avenida Sanitária’’, de 01 de setembro de 2020.
Esses são apenas alguns relatos da nossa região, mas o problema é bem mais amplo e sério. O caso mais discutido atualmente é a triste realidade vivida pelo Pantanal, que vem sofrendo com as queimadas desde o início de Julho, que já consumiu uma área equivalente a 22 cidades de São Paulo, segundo dados publicados no último dia 23 pela ONG SOS Pantanal (2020). É sabido que esse fenômeno ocorre todos os anos por motivos diversos e até existem leis que determinam as condições necessárias para que seja feito de forma segura e controlada (em alguns casos). Mas então, porque chegamos neste cenário atual, tão triste e tão fora de controle?
Fato é que a maioria dos incêndios é provocada pela ação humana, porém as condições climáticas podem contribuir decisivamente para o seu desfecho. Pesquisadores relatam que as preocupações aumentam durante os meses de inverno e primavera, por serem períodos mais secos, cuja umidade relativa do ar se mantém baixa, favorecendo a propagação do incêndio de forma que a baixa quantidade de água presente no ar aumenta a quantidade de calor para a combustão. Em contrapartida, uma boa quantidade de chuva é responsável por deixar o solo mais molhado, o que dificulta o início e a propagação do fogo. O período de exposição ao sol também é considerado um fator decisivo, uma vez que quanto mais tempo exposto aos raios solares, mais a água presente solo e nas árvores evapora e, quanto menor é a quantidade de água disponível, mais favorável à propagação do fogo é o ambiente. Além disso, não podemos deixar de mencionar que o afrouxamento das leis ambientais, associado ao desmonte de órgãos de fiscalização ambiental, também tem contribuído de forma decisiva para o quadro geral notado na contemporaneidade.
Há de se convir que a melhor forma de impedir um incêndio é evitando que ele se inicie e, para isso, entender as condições ambientais e sociais que o provoca é o primeiro passo para minimizar suas consequências. Para tanto, destacamos a importânciado acesso à informação, bem como a divulgação e valorização da ciência como meio de empoderar a sociedade a pensar e agir de forma crítica sobre seu papel e sua relação com o meio que habita.
Apoio divulgação Científica: Samara Autopeças e Portal Barbacena Online
Algumas fontes para leitura
GASPAR, Lúcia. Queimadas no Brasil. Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Disponível em: <http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/>. Acesso em: dia mês ano. Ex: 6 ago. 2009.
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S01007622010000200012&lng=en&nrm=iso>.
http://www.sospantanal.org.br/arquivos/category/incendios-no-pantanal
http://www.sospantanal.org.br/arquivos/blog/pantanal-enfrenta-aumento-de-241-em-queimadas-em-2020