Nesta semana, a amiga londrinense, doutora Marlene Crivelari Oliveira, postou uma brincadeira virtual de grande aceitação, repercussão e risos. A ideia inspirou-me a copiar a brincadeira em forma de crônica. Ela fez a seguinte pergunta: “Cite um erro de português que te irrita profundamente”. Quando ouço um não me irrito, não corrijo e dou gargalhadas por dentro. Estamos vivendo momentos onde as comunicações se fazem por gírias, estrangeirismo, regionalismo e erros que passam a fazer parte do nosso vocabulário e da linguagem do nosso dia a dia. Um amigo disse: “Entendeu? Isso é o que importa!”. Nesse meio encontramos os simplórios, humildes e os ignorantes. Não é difícil distingui-los.
Sempre quando esse assunto vem à baila, lembro de uma antiga faxineira que numa só conversa esgotou o repertório. O assunto era comida. Eu disse a ela que amava quibe e ela me respondeu: “Senhor Santana eu adoro cocrete, pão fresquinho com mortandela ou mantega, pexe fritu, iogute e só não gosto de brinjela”. Ela é aquela mesma que atendeu a uma chamada telefônica para mim e disse que a pessoa que ligou tinha voz de radiador.
Há quem erra e reconhece que errou, como o caso de um ex gerente da Telemig que falava “menas”. Ele ria e corrigia em seguida dizendo que não conseguia falar a palavra menos. Na papelaria, estava do meu lado um senhor que perguntou à vendedora: “Eu quero 25 foia de papeli ofici”. Eu entendi o que ele queria comprar e a vendedora também. Rosália queria se separar do marido e me pediu para lhe indicar um adevogado bão para esse tipo de ação, me contou o porquê da separação e completou dizendo que tinha uma filha dimenor. Por falar em advogado, imagine ele ao fazer uma petição chamar o Juiz de Meretríssimo?
Se você navegar pela rede virtual, perceberá muitos erros ortográficos e de comunicação. Fiz uma pequena pesquisa e observei com clareza. Há quem culpe os corretores automáticos de ortografia. Há casos que sim como o daquela senhora que aconselhava a outra: “Meu filho sempre teve problemas intestinais e a pediatra receitou Yakult para ativar suas flores intestinais”. Pode ser que ela trocou floras pelo flores e ela não percebeu. Infelizmente, a maioria é por falta de conhecimento mesmo.
No facebook, dois jovens conversavam e um escreveu: “Não posso opinar porque isso não é da minha ossada”. E outra pessoa retrucou: “Onde já civil! Outro parecia estar brigando pela sua resposta: “O que vem debacho num miatingi!”. Eu gostei muito do diálogo daquelas duas jovens que falavam sobre uma terceira pessoa: “Eu disse para ela: se a cara pulsa serviu, ponha ela na cabeça”.
E assim naveguei remando em águas turvas pedindo aos ilustres Aurélio Buarque de Holanda, Antônio Houaiss e Francisco da Silva Borba que me ajudassem a sair desse labirinto de impropérios. A todo momento dessa tempestade me deparei com as sombancelhas que seriam feitas; das acusações de estrupo feitas ao João de Deus; que o Presidente Jair Bolsonaro está com pobrema criado pelo seu filho; que naquela cidade choveu tanto que ossadas do cemintério foram parar nas ruas; que Alice iria ao salão de beleza para fazer a viria; que a neta da Eduarda iria à pediatra para furar as oreias; que o pedreiro me pediu cinco metros de taubas para consertar o telhado; que o Felipe comprou uma bicicreta ergométrica para se exercitar em casa; que na casa do vizinho tem aparecido camondongos enormes; que vou ter que tirar meu dinheiro da cardeneta de popança para trocar de carro; que o ideal é sempre calçar as sandalhas da humildade; que estou muito sastifeito com o ano que está se encerrando; que a árvore do centro da cidade caiu porque choveu granito.
Onde já civil tantos erros? Vou assentar naquele banco da praça, aproveitar o sole e chupar um picolé de cocô, o meu preferido. Por falar em picolé de cocô, percebo que muitos célebros, que de célebres não tem nada, continuam tendo disintiria de ignorância. Isso eu agaranto. Falou e dizeu!