Palavras ferem e matam

A crônica de Francisco Santana

Tenho certeza absoluta que as palavras possuem força, poder e vida. Devemos vigiá-las para não constrangermos e ofendermos os outros e não nos tornarmos seres desrespeitosos. O estresse e a raiva nos ensinam a nos silenciar para evitarmos a dizer palavras movidas pela emoção e termos que nos desculpar em seguida. Nossas palavras se assemelham a tiros de arma de fogo que machuca a alma antes de ferir a carne. 

Minha mãe nos ensinou a respeitar o próximo com o seu exemplo e com palavras impronunciáveis. Para ela, essas palavras possuíam poderes devastadores, malignos, prejudiciais e atraíam para nossos lares espíritos demoníacos. De vez em quando, deixávamos escapar uma e ela nos chamava a atenção e exigia que orássemos para pedir perdão. Ainda hoje a ouço sussurrar em meus ouvidos a censura pelas tais palavras. Ela perdia a calma e a paciência ao ouvir um filho dizer palavras que faziam referência à ausência de Deus, à podridão, à evocação do mal e do ódio.   

Da boca dos impuros, saem essas palavras que clamam pela violência, discórdia e conflitos. Da boca dos justos, jorram palavras de amor, força e fé. O apóstolo Mateus já dizia: “Por nossas palavras seremos justificados, e por nossas palavras seremos condenados”.

Palavras intimidam e causam pânicos, quando pronunciadas acima do tom habitual. Vou lhes dar um exemplo simples e caseiro. Eu usava o computador quando minha esposa me disse: “Santana, o almoço está pronto, venha almoçar!”.  Além de minha surdez eu estava concentrado no que estava fazendo. Ela então gritou: “SANTANA, O ALMOÇO ESTÁ PRONTO, VENHA ALMOÇAR!”. Percebendo a rispidez da fala fui almoçar. Meu neto Bernardo, 3 anos, disse a ela: “Vovó, não fale assim com o vovô Santana. Ele merece respeito!”. Como não rir? Ele, tão jovem já demonstra perspicácia diante do tom de voz diferenciado de uma pessoa. Observem a palavra “não” ao ser pronunciada: Não. Não! Não!!! Não? Não!?”. Perceberam? A língua é realmente o chicote da bunda.  

Ainda repercute uma atitude do Presidente da República, Jair Bolsonaro, que mandou um jornalista calar a boca ao ser interrompido durante uma entrevista. Errou o Presidente por ter ferido o artigo 5º da Constituição Federal, inciso IX.

“É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;”

Conclui-se que todos têm o direito de expressar suas ideias, opiniões e sentimentos das mais variadas formas, sem que essa expressão seja submetida a um controle prévio, por censura ou licença.  O intuito desse inciso é proteger a expressão da atividade intelectual, artística (músicas, produções audiovisuais, artes plásticas, etc.), científica (artigos científicos, publicações acadêmicas, etc.) e de comunicação (televisão, rádio, jornais, revistas, etc.). 

Errou o jornalista que no afã de ouvir uma resposta à sua pergunta, que poderia ser um furo de reportagem a fez fora de hora. Essa celeuma me lembrou de duas respostas que daríamos aos dois litigantes no meu tempo de adolescente, lá no bairro São José aqui em Barbacena. Ao jornalista o ensinaríamos a responder: “Cala a boca já morreu, quem manda na minha aboca sou eu!”. Ao Presidente, o ensinaríamos a responder: “Quando um burro fala, o outro murcha a orelha!”. Nesse tempo, ambas as respostas terminariam em sopapos, murros, palavrões e pontapés. O tempo passou e hoje, isso dá Ibope e processos judiciais. 

Educação e respeito acima de todos e vidas acima do dinheiro. 

(Fonte: Internet/Constituição Federal/Site Osvaldo.com – O pode de nossas palavras – Luciano Subirá).

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