Os seres mais resistentes do mundo

Por Sabrina Medeiros, sob orientação de Delton Mendes Francelino

“Estas criaturas sobreviveriam a quase todos os desastres cósmicos que poderiam atingir nosso planeta.”

Quando somos convidados a pensar sobre qual é o ser vivo mais resistente do mundo tendemos a imaginar um animal ágil, grande ou bastante forte, capaz de sobreviver a tudo. Porém, o que poucos sabem é que o ser vivo considerado, atualmente, o mais resistente do planeta não chega a sequer 1 milímetro de comprimento.

Esses pequenos invertebrados multicelulares são chamados de Tardígrados (nome que deriva da expressão “passo lento”, em latim). Ao que tudo indica, vivem na Terra há cerca de 500 milhões de anos e surgiram, segundo pesquisas, na chamada Explosão Cambriana, caracterizada pelo aparecimento “rápido” de seres complexos (explosão de vida). Todavia, ainda há controvérsias a respeito do tempo de existência desses seres vivos. Os também chamados “Ursos d’agua” (por se parecerem com ursos) não estão tão longe de nós, podendo muitas vezes ser encontrados em nosso quintal, em locais úmidos, poças de água, musgos, líquens e serrapilheira. Mas, porque esses animais tão pequenos são considerados as criaturas mais resistentes do mundo?

Um grupo de cientistas descobriu que eles sobreviveriam a quase todos os desastres cósmicos que atingissem o planeta. As mais destacáveis qualidades desses pequenos animais são sua excepcional capacidade de adaptação e sua incrível resistência a condições de sobrevivência extremas, que matariam qualquer outro ser vivo. Eles podem sobreviver ao calor intenso e a frios congelantes; podem ficar sem comer por décadas, sobreviver no espaço e serem ressecados, como uma uva. “Eles conseguem sobreviver por alguns minutos sob temperaturas tão baixas quanto -272º ou tão altas como 150º e durante décadas a -20º”, diz o astrofísico brasileiro Rafael Alves. Além de tudo isso, essa criatura resiste a alta radiação.

Cientistas de todo o mundo têm feito testes com Tardígrados e um desses testes foi congelar alguns indivíduos por 30 anos e, depois disso, descongelaram-nos. Para a surpresa de muitos, eles continuaram vivos – ou seja, para conseguirem sobreviver, esses seres incríveis entram em um estado de “hibernação”, que deixa todo o seu sistema quase desligado por completo até que a situação mude, para continuarem a viver sem nenhum dano.  Por serem tão resistentes, pesquisadores acreditam que mesmo depois que os seres humanos e todos os outros seres forem extintos, ou até mesmo nosso planeta Terra deixar de existir, os famosos Ursos d’água poderão permanecer, mesmo que no espaço. Para acabar com eles seria necessário acabar com toda a água do mundo!

Visto que os Tardígrados, em grau de resistência, são bem mais evoluídos que nós, seres humanos, pesquisadores estudam a possibilidade de usarem o tal “poder” (como a capacidade de se adaptarem facilmente a outros ambientes) desses pequenos invertebrados a nosso favor. Podemos até imaginar o que possíveis descobertas em torno desse filo poderiam significar, a longo prazo, no desenvolvimento e aprimoramento de pesquisas e tecnologias. Até onde a espécie humana poderia chegar com tamanha resistência vinda desses pequenos e fascinantes invertebrados?

NOTA DA REDAÇÃO: Texto escrito por Sabrina Medeiros, Graduanda em Ciências Biológicas e membro do Centro de Estudos em Ecologia Urbana do IF Sudeste Barbacena/MG, sob orientação do Prof. Delton Mendes Francelino

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