O Violino Soberano do “Paganini brasileiro”

Ex-aluna de Flausino Valle resgata memórias e partituras em livro sobre o violinista barbacenense que foi comparado por Villa-Lobos ao genial Paganini Noite de autógrafos em Barbacena será primeiro evento cultural da Fundação Porphyria

Flausino Valle divulgado por um gênio mundial do violino

Ao ouvir as composições  e assistir com espanto a inventiva forma de tocar violino do mineiro Flausino Valle, o maestro Heitor Villa-Lobos não teve dúvidas em proclamar: “Ele é Paganini brasileiro!” A referência era mais   do que um elogio, pois o violinista nascido em Barbacena, em 1894, assim como o italiano Nicolló Paganini, tinha um jeito muito particular de executar seu instrumento, extraindo sonoridades inusitadas do nobre instrumento, e foi isso que impressionou o compositor erudito mais conhecido do Brasil.

Radicado em Belo Horizonte, onde formou-se em Direito, Valle dividia seu tempo entre o jornalismo, a música e o magistério, lecionando no Conservatório Mineiro de Música, hoje Escola de Música da UFMG. Foi lá que a jovem Norma Graça-Silvestre teve a oportunidade de conhecer e ter aulas com Flausino tornando-se a aluna predileta do grande maestro, a quem tinha afeição e amizade. Esse contato intenso com o próprio Flausino e depois com os filhos dele permitiu que Norma reunisse um farto material documental, além de reminiscências sobre a cena musical de Belo Horizonte nos anos 40 e 50 do século passado. Tudo isso resultou no livro Violino Soberano, uma obra de 400 páginas, com fotografias e dezenas de partituras, editado pela Adi Edições, no ano passado.

Em Barbacena, o livro será lançado no dia 12 de agosto de 2022, às 19h30, em uma noite musical e de autógrafos promovida pela Fundação Porphyria e José Máximo de Magalhães, no centro de Barbacena. “Estamos felizes em iniciar esta nova fase da Fundação, agora voltada para ações sociais e culturais, homenageando um grande barbacenense, na véspera do aniversário da cidade”, afirma o presidente da Fundação, Professor Carlos Vinícius Cruz Machado.

Além de autografar o livro, a Professora Norma e o produtor cultural Ozório Couto farão um bate papo sobre a vida e obra do violinista barbacenense, enquanto alunos da Escola de Música Flausino Valle, do Centro Educacional Aprendiz, farão um mini recital com prelúdios de Valle e outras peças clássicas. O evento é aberto ao público, com entrada franca.A Fundação Porphyria fica na Avenida Bias Fortes, número 603. Centro.

Recital Prelúdios para violino só, de Flausino Valle

Violinista: Marcos Viana

Peças: Tirana Riograndense, Resquiescat in Pace, Brado Íntimo, Marcha Fúnebre

Noite de autógrafos, músicos convidados:

Alexandre Magno (violoncelo), Antônio Cerqueira (violino), Alexandre Magno (violão), João Reis (sax) e Dj Helon Santos

 

Sobre a autora

Norma Graça-Silvestre estudou música em Freiburg, Alemanha, com professores renomados em piano e ópera, e lá fez também seu mestrado. Tem uma carreira brilhante, tanto na Europa como no Brasil”. Foi diretora artística do Palácio das Artes, Belo Horizonte e dirigiu de 1980 a 1989 as  temporadas líricas do Teatro Nacional de Brasília. Hoje é conselheira artística da empresa FAZ Arts Management NY, em Nova Iorque e  casada com o músico e maestro Felipe Nabuco Silvestre, considerado o maior cravista do Brasil.

 

Flausino Vale

 

Sobre Flausino Valle

Flausino Rodrigues Valle (1894-1954), além de compositor  foi um pesquisador da música folclórica brasileira e professor de história da música no Conservatório Mineiro. Como Paganini, compôs um álbum de 26 prelúdios para violino-solo em estilo paisagístico brasileiro, como Tico-tico (1926), Asas inquietas (1933) e Folguedo campestre (1941). Foram 23 adaptações para violino só, como o Minueto em G, de Beethoven (1934), Tristeza eterna, de Chopin (1935), e Barcarola, de Offenbach. São 39 as revisões, como Rapsódia húngara, de Liszt, Lenda do Cabloco, de Villa-Lobos, e Canção de estrela, de Wagner. Os arranjos e transcrições, 44 ao todo, como Doce momento, de Luiz Melgaço, Melodia da quarta corda, de Glück, e Dança d’Anitra, de Grieg. Compôs várias peças para violino e piano; canto e piano; canto, piano e coro; hinos; orquestras; e música de câmara. Publicou dois livros de poesia: Caleidoscópia (1923) e Amphora de Rimas (1928), e de 1933 a 1945,  Lérias e Pilhéias (poesia, inédito), Provérbios, Elementos de folclore musical brasileiro, Músicos mineiros e A música e as profissões liberais ou Música Ars Magna (inédito).

 

Sobre a  Escola de Música Flausino Vale

Surgiu em março de 2015, como projeto extracurricular do Centro Educacional Aprendiz, com os professores Alex Furtado e Lucas Paiva. O nome foi escolhido para homenagear o próprio Flausino Vale, reconhecido pelas técnicas violinísticas inovadoras. Inaugurada em 31 de agosto de 2017, a EMFV ministra aulas de música em diversos instrumentos e atua em projetos de cultura, entretenimento e inclusão social.

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