O público plus size e as redes sociais

Por Alexandra D’Arc

Tendo seu processo de massificação global, a internet modifica diariamente as estruturas e meios de comunicações, na qual ressalto as redes sociais como a maior fonte de individualismo e protagonismo. Neste sentido, a internet se estabeleceu como o meio de incentivo e propagação de valores éticos, físicos e psicológicos, o que cada vez mais é evidenciado dentre a disseminação de concepções em torno de temas como corpo, mente e vida ideal, alimentando um mercado online de estereótipos que têm crescido de forma incessante. 

As redes sociais mudaram o caminho e a influência das pessoas em todo o mundo, o que não seria diferente na moda, nos procedimentos estéticos e medicamentos para as supostas soluções em busca do corpo ideal e aceitável ao padrão imposto pelas mídias sociais e seus agentes. Para o público plus size, este tem se tornado um espaço para debater sobre as características e as condições convenientes do mundo da moda, o que possibilita a valorização da diversidade corporal. Portanto, as redes sociais se tornaram uma importante ferramenta de resistência e representatividade, em oposição aos processos de estigmatização existentes nestes mesmos espaços. 

A internet tem possibilitado o rompimento de barreiras e preconceitos relacionados à gordofobia, especialmente a partir da abordagem sobre a moda plus size, conduzindo à possibilidade de ressignificação dos ideais em torno dos corpos, considerando, que “vestir-se bem” deve ser uma possibilidade para qualquer pessoa, realçando as curvas que as tornam únicas.

Em suma, se torna importante a representatividade social nas redes sociais, por possuírem como característica a ressignificação de ideais ilusórios do que seria bonito, aceitável e saudável. Cada vez mais, as padronizações dos corpos e concepções do que se enquadra nos padrões da sociedade ganham visibilidade, possibilitando com que a internet se apresente como instrumento de controle. A coercitividade derivada de tal controle pode ser observada justamente a partir das práticas gordofóbicas produzidas pelos usuários da web, na tentativa de disciplinar os corpos tidos como não-conformes com os padrões em voga. Representatividade, respeito, diálogo, empatia e sororidade: isso nos traz para uma sociedade mais justa e acima de todos os padrões.

 

NOTA DA REDAÇÃO: Alexandra D’Arc é Cientista Social pela Universidade do Estado de Minas Gerais e modelo Plus Size

 

Referências:

ISAIA, Letícia. A revolução fashion: os blogs como instrumentos de consolidação da identidade plus size. Dissertação (Mestrado em Comunicação, Arte e Cultura), Universidade do Minho, 2015.

MATTOS, Rafael; LUZ, Madel. Sobrevivendo ao estigma da gordura: um estudo socioantropológico sobre obesidade. Physis, 2009, vol.19, n.2, pp.489-507.

LEITZKE, Angélica Teixeira da Silva; RIGO, Luiz Carlos. SOCIEDADE DE CONTROLE E REDES SOCIAIS NA INTERNET: #SAÚDE E #CORPO NO INSTAGRAM. Movimento (ESEFID/UFRGS), Porto Alegre, p. e26062, ago. 2020.

VERMELHO, Sônia Cristina et al. Refletindo sobre as redes sociais digitais. Educação & Sociedade, Campinas, v. 35, n. 126, p. 179-196, mar. 2014.

Comunique ao Portal Barbacena Online equívocos de redação, de informação ou técnicos encontrados nesta página clicando no botão abaixo:

Nós usamos cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência em nossos serviços, personalizar publicidade e recomendar conteúdo de seu interesse. Ao utilizar nossos serviços, você concorda com tal monitoramento. Aceitar Saiba Mais