O perigo dos relacionamentos abusivos

Relacionamentos abusivos acontecem desde sempre. Mas nunca estiveram tão evidentes quanto agora. Talvez pela pandemia, talvez pelo próprio amadurecimento pessoal, hoje somos capazes de reconhecer um relacionamento abusivo, embora nem sempre tenhamos forças ou condições de nos livrarmos deles tão facilmente.

Mas é fato que, reconhecida a condição, sair dela é a melhor e única solução.

O que é um relacionamento abusivo?

relacionamento abusivo é definido como uma relação que apresenta abusos de ordem física e/ou emocional. A relação se torna abusiva quando uma das pessoas utiliza o poder para manipular e controlar o outro (p. ex.: controle do uso de roupas, amigos, redes sociais, ciúme excessivo e vitimização).

Identificar se a pessoa está vivendo em um relacionamento abusivo não é fácil, pelo fato de não precisar ter agressão física para que a relação seja abusiva. O controle e a manipulação acontecem, na maioria das vezes, de forma velada, sem que se perceba, por meio da violência psicológica e, inicialmente, com pequenas privações (p. ex. o parceiro ou parceira passa a controlar o uso das roupas, as amizades, o contato com familiares, dentre outras situações).

O relacionamento abusivo corrói a autonomia e a identidade da pessoa, tornando-a presa e vítima fácil de seu abusador, mesmo que aparentemente ele (ou ela) se mostre preocupado, cuidador e envolvido na relação.

E, embora não se perceba, existem fases neste tipo de relação.

 

 

Quais são as fases de relacionamento abusivo?

Os especialistas que atuam nesta área costumam identificar 3 fases:

Fase 1: Nesta fase estão presentes as ofensas verbais, xingamentos, humilhações, gritos, crises de ciúme. Nesta fase está presente a violência psicológica, manipulação e controle, por isso ainda é difícil identificar o abuso, porque a vítima começa a ter seu psicológico abalado.

Fase 2: A violência psicológica evolui para as agressões físicas, beliscões, empurrões, tapas, socos, chutes, pontapés, etc., além do que a vítima já sabe que está em um relacionamento abusivo, porque as marcas ficam visíveis: machucados provocados pelo agressor, marcas pelo corpo, cortes e ossos quebrados. Normalmente esse é o momento em que as pessoas decidem sair da relação, pedem a separação e denunciam o abusador/agressor.

Fase 3: O abusador sente que está perdendo o controle sobre a vítima e entra na última instância do abuso, que é a famosa fase lua de mel. Ele se arrepende, diz que isso não vai mais acontecer, usa de uma manipulação para que a vítima acredite que seu comportamento foi resultado de muito amor e que apenas perdeu a cabeça, tentando manter o controle para que a vítima permaneça como vítima na relação. Infelizmente nesta fase muitas pessoas acreditam que o abusador irá mudar e perdoam, voltando para fase inicial dos abusos.

 

As fases do relacionamento abusivo podem acontecer nesta ordem ou não, e se repetem toda vez que a vítima perdoar o agressor acreditando na sua mudança. A cada situação de abuso a vítima se torna mais fragilizada e mais desacreditada de si mesma. O apoio de familiares, amigos e outras mulheres para quebrar esse ciclo tóxico é de extrema importância.

 

Os danos psicológicos advindos deste tipo de relação podem durar a vida toda.

 

 

E como a vítima pode se livrar desse tipo de relacionamento?

Quem vive ou viveu em um relacionamento abusivo, precisa de ajuda. A busca por um psicólogo auxilia na identificação e superação do problema. Outras pessoas também podem iniciar o processo de ajuda, principalmente quando envolve agressões físicas. A família, os amigos e até mesmo a polícia são determinantes para a preservação da vida da pessoa abusada.

A autoestima é fundamental para que se tenha força e coragem para sair desse tipo de relacionamento. Quando entregamos ao outro a nossa liberdade, o direito sobre nossas escolhas e sobre nossa vida, estamos permitindo que o outro faça o que quiser e acabamos perdendo nossa identidade.

Relacionamentos são importantes na esfera pessoal e social, mas eles não podem ser doentios e perigosos. Não se pode entender que amar seja permitir que o outro faça o que quiser de nós.

Amar e respeitar a si próprio é tão fundamental como respirar. Perder a identidade por medo da solidão ou das convenções sociais é permitir que relações doentias se tornem reais em nossas vidas.

Ame sua vida e ame-se a si próprio. Aprenda a identificar o que você quer e deseja. Aprenda a dizer nãos necessários. Delimite os espaços e procure por uma pessoa que compartilhe realmente com o seu modo de pensar. Lembre-se de que inícios de relacionamentos são como paisagens em quadros: vemos apenas aquilo que se quer mostrar, mas desconhecemos as tempestades que cercam o lugar.

Sendo assim, cuidado! Você é muito mais do que uma foto em redes sociais.

NOTA DA REDAÇÃO – Valeska Magierek – Psicóloga e Neuropsicóloga; atua há mais de 20 anos na área de Psicologia Infantil e Neuropsicologia; trabalha no Centro AMA de Desenvolvimento em Barbacena.

www.centroamadesenvolvimento.com.br.

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