Francisco de Santana
Apavorante é me lembrar daquele julgamento covarde , ignóbil, ambicioso e fanático que levou ao sacrifício de Jesus Cristo. Ainda me recordo daquela 5ª feira Santa chamada de Endoenças a qual o Mestre se reuniu com os seus doze Apóstolos, Simão (Pedro), André, Tiago (filho de Zebedeu), João, Filipe, Bartolomeu, Tomé, Mateus, Tiago (filho de Alfeu), Tadeu (Judas), Simão (o Zelote) e Judas Iscariotes para juntos cearem pela última vez. Quando Jesus distribuía o alimento frugal, fez o anúncio de que um daqueles que ali estavam haveria de traí-lo, dizendo, textualmente: “EM VERDADE VOS DIGO QUE UM DE VÓS ME HÁ DE ENTREGAR. Logo depois, vítima do ósculo nefando daquele a quem dera o bocado de mão molhado do vinho da traição, JESUS era preso e levado de roldão aos tribunais dos anciãos do povo hebreu e dos pretores romanos. Nesta Ceia Mística foram servidos aos Apóstolos o pão e o vinho que representam o corpo e o sangue de Jesus Cristo, simbolicamente representando o sacrifício de Cristo na cruz e a comunhão com Ele pela fé.
Mais uma Páscoa se aproxima. O que significa isso? O nome Páscoa surgiu a partir da palavra hebraica “pessach” (passagem) que para os hebreus significava o fim da escravidão e o início da libertação do povo judeu (marcado pela travessia do Mar Vermelho, que se abriu para a passagem dos filhos de Israel que Moisés conduziu para a Terra Prometida). Para os cristãos, a Páscoa é a passagem de Jesus Cristo da morte para a vida: a Ressurreição, é o renascer para uma nova vida. Esta morte é chamada simbólica porque não se trata da morte física, mas da morte do ego. A morte torna-se uma imagem, uma representação da realidade, porque de fato o próprio ego não morre, ele está sempre lá dentro de nós, pronto para ressurgir à menor fraqueza de atenção. Os mecanismos egoístas não estão mortos, mas silenciados, não é mais eles que dirigem a nossa vida, mas é a inteligência do Ser que se impõe diante da inteligência mecânica comum. Devemos combater o orgulho, o egoísmo e a ambição, para que imperem em seu lugar a simpatia fraterna, a caridade e a verdade.
E como comemoramos essa passagem? Comendo mais que refletindo. O povo está nas ruas procurando os melhores vinhos das melhores uvas: Cabernet Sauvignon, Pinot Noir, Syrah, Merlot, Cabernet Franc, Malbec, Carmenere, Tempranillo, Tannat e Carignan; o melhor bacalhau: Ling, zarbo, saithe, marhua, macrocephalus e os melhores chocolates: Alpes, Arcos, Brasil Cacau, Cacau Show, Ferrero, Garoto, Hersheys, Kinder, Kopenhagen, Láctea, Lindt, Nestlé, Neugebauer e toblerone. Para uns, a mesa é farta e para outros, falta tudo na mesa. Muitos pensam nos propósitos da data que é o renascer para uma vida melhor, desbastar a pedra bruta, fazer progressos físicos e espirituais. Todo ano renascemos e nunca aprendemos a lição de vivermos com dignidade, pois estamos sempre desrespeitando a célebre fala de Jesus Cristo: “AMAI-VOS UNS AOS OUTROS COMO EU VOS AMEI”. O nosso desenvolvimento fica sempre na intenção e em interesses nem sempre puros. Continuamos praticando o perjuro e em muitas vezes nos transformamos em seres hipócritas e dissimulados. Será que fazemos algo para mudar? Será que realmente preferimos a virtude ao vício? Esse desejo é de coração?
Sobre esse tema, participei há tempos de uma reunião espírita onde o palestrante disse: “Nem sempre conseguimos mascarar por muito tempo nossas verdadeiras intenções e planos matreiros. Não enganamos por tempo indeterminado as pessoas, pois depois de vestirmos as roupagens da afabilidade e doçura para encobrir rudeza e desrespeito, vem a realidade dura e cruel que desnuda aqueles lobos que vestiram a pele de ovelha. Por querer parecer aos outros alguém que não somos ou impressionar criaturas a fim de conquistá-las, por interesses imediatista, é que incorporamos personagens e vivenciamos no palco da vida uma representação teatral, nada mais do que um script”.
Essa passagem lembrou-me a fábula “O sapo e o escorpião”:
Certa vez, um escorpião aproximou de um sapo que estava na beira de um rio e lhe fez um pedido:
– Sapinho, você poderia me carregar até a outra margem deste rio tão largo?
– Só se eu fosse tolo! Você vai me picar, eu vou ficar paralisado e vou afundar.
– Isso é ridículo! Se eu o picasse, ambos afundaríamos.
Confiando na lógica do escorpião, o sapo concordou e levou o escorpião nas costas, enquanto nadava para atravessar o rio. No meio do rio, o escorpião cravou seu ferrão no sapo. Atingido pelo veneno e já começando a afundar, o sapo voltou-se para o escorpião e perguntou:
– Por quê? Por quê?
E o escorpião respondeu:
-Porque sou um escorpião e essa é a minha natureza.
Muitas vezes agimos assim, vivendo de mentiras, promessas vãs e enganando-nos. Para que prometer se não pode cumprir? Importante é fazermos uma introspecção e meditarmos com sabedoria, com doses corretas de coração e razão. Fechemos os olhos, fixemos nossos pensamentos no amor, na vida, no semelhante, em Jesus Cristo, Espírito Santo e em Deus representados por uma luz forte da cor de sua preferência. Ela vai nos envolver, nos fortalecer nos encher de amor, fraternidade, paz, compreensão e capacidade de perdoar.
Assim seja! Feliz Páscoa!
(Fontes: Site Freemason – Morte Iniciática/ Ritual Grau “18”, maçonaria).