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Como Fazer Planejamento Urbano para as chuvas em cidades na atualidade? Os desafios de pensar o urbano no ambiente que já está construído

Por Doutor Delton Mendes Francelino, especialista em Mudanças Climáticas e Urbanidades Ambientais, Criador da Casa da Ciência e da Cultura, Diretor do Instituto Curupira e do Museu de Ciências Naturais Itinerante de Minas Gerais. Autor de livros.

As chuvas intensas têm se tornado cada vez mais frequentes e desafiadoras para as cidades ao redor do mundo, especialmente em grandes centros urbanos que já possuem uma infraestrutura consolidada. Com a crescente urbanização e a ocupação desordenada de áreas de risco, muitas cidades enfrentam sérios problemas com alagamentos, deslizamentos de terra e inundações. Diante desse cenário, o planejamento urbano para as chuvas se torna uma questão urgente, exigindo estratégias que não apenas previnam danos, mas também integrem soluções adaptativas ao ambiente urbano já existente.

O primeiro grande desafio é a drenagem urbana. Muitas cidades possuem sistemas de drenagem antiquados ou subdimensionados, incapazes de lidar com o volume crescente de águas pluviais, especialmente em períodos de chuvas fortes. Além disso, o asfaltamento extensivo e a impermeabilização do solo dificultam a absorção da água. Para enfrentar esse problema, uma abordagem inovadora envolve a criação de “infraestruturas verdes”, como jardins de chuva, áreas permeáveis e reservatórios subterrâneos, que permitem a infiltração da água no solo e reduzem o risco de alagamentos.

Outro aspecto crucial é a requalificação e adaptação das áreas urbanas já existentes. As cidades brasileiras, por exemplo, enfrentam o desafio de tratar favelas e bairros informais construídos em áreas de risco, como encostas e margens de rios. Nesses locais, é essencial realizar intervenções que integrem melhorias na drenagem, construção de canais de escoamento e a instalação de sistemas de alerta precoce para riscos climáticos. Além disso, a promoção da educação ambiental e a conscientização da população sobre os riscos e cuidados durante o período chuvoso são fundamentais para minimizar os impactos das chuvas.

Uma abordagem de planejamento urbano para as chuvas também deve considerar o uso da tecnologia, como sistemas de monitoramento e previsão climática. Com o auxílio de sensores e dados meteorológicos, é possível antecipar as condições climáticas e adotar medidas preventivas, como o fechamento de áreas de risco e o direcionamento de recursos para regiões mais vulneráveis. O uso de aplicativos de mobilidade urbana também pode auxiliar na orientação da população, especialmente em situações de emergência.

É importante destacar que o planejamento urbano para as chuvas precisa ser um esforço colaborativo, envolvendo não apenas os gestores públicos, mas também a sociedade civil, empresas e organizações não governamentais. A construção de um modelo urbano resiliente requer a integração de políticas públicas eficazes, investimentos em infraestrutura sustentável e a promoção de uma cultura de cuidado com o meio ambiente. Só assim será possível enfrentar os desafios das chuvas intensas e construir cidades mais seguras e adaptáveis às mudanças climáticas.

Em Barbacena, que enfrenta os desafios típicos de muitas cidades do interior, como a escassez de recursos para infraestrutura e a ocupação desordenada de áreas de risco, algumas ações específicas podem ser desenvolvidas para melhorar o planejamento urbano no contexto das chuvas. Três ações importantes para minimizar os impactos das chuvas intensas e melhorar a qualidade de vida da população seriam:

  1. Requalificação da Drenagem Urbana e Implementação de Infraestruturas Verdes: Barbacena enfrenta problemas com alagamentos durante períodos de chuvas intensas, especialmente nas áreas mais baixas e nas margens de canaletas de água ou de afluentes que foram cobertos por asfalto e concreto. Uma ação essencial seria a requalificação do sistema de drenagem, com a instalação de galerias pluviais mais eficientes, além de investimentos em infraestruturas verdes. A criação de áreas permeáveis, como praças e jardins de chuva, e o aumento da vegetação nas áreas urbanas poderiam ajudar a absorver parte da água da chuva, diminuindo os riscos de alagamento.

  2. Plano de Ocupação e Regularização Fundiária: Muitas áreas de risco em Barbacena são ocupadas de forma irregular, o que torna a cidade vulnerável a deslizamentos e alagamentos. A implementação de um plano de ocupação ordenada, aliado à regularização fundiária e ao reassentamento de famílias em áreas de risco, poderia mitigar os impactos das chuvas e garantir que o crescimento urbano seja feito de forma segura. Além disso, o governo poderia incentivar a construção de habitações em locais mais seguros e a criação de novos espaços de lazer e áreas verdes, que também auxiliam na drenagem natural da água.

  3. Sistema de Monitoramento Climático e Educação Ambiental: Outra ação importante seria a implantação de um sistema de monitoramento climático para antecipar as chuvas e alertar a população sobre riscos iminentes. Este sistema poderia ser integrado a plataformas de comunicação locais, como aplicativos e rádios comunitárias, e oferecer informações em tempo real sobre o estado das vias e possíveis áreas de risco. Além disso, promover campanhas de educação ambiental sobre o descarte correto de resíduos e a importância da conservação de áreas verdes contribuiria para a conscientização da população e a redução de impactos negativos, como o entupimento de bueiros e canais de drenagem.

Essas ações, se bem implementadas, podem não apenas reduzir os danos causados pelas chuvas, mas também promover um ambiente urbano mais sustentável e seguro para os cidadãos de Barbacena.

Para contato com a Casa da Ciência e da Cultura, basta enviar mensagem via whatsapp: (32) 98451 9914, ou Instagram: @casadacienciaedacultura/ @delton.mendes. O site é: www.casadacienciaedacultura.com.br

Apoio Divulgação Científica: Samara Autopeças e Anjos Tur – Turismo e escolares.

 



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