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Na Rua Virgílio de Melo Franco, centro Barbacena o buraco é mais embaixo

Ano 2009

 

Da janela lateral do  quarto de dormir vejo um buraco no asfalto. Carros, motos, chuvas e má conservação fizeram esse buraco crescer. O buraco se transformou numa cratera danificando as viaturas que não a observavam. É comum os motoristas reclamaram gastos financeiros com  trocas ou reparos nos amortecedores, freios, rodas, pneus  e nos tanques de gasolina. Da janela lateral do quarto de dormir conheci pizzas, hamburgers  e marmitex saltitantes e voadoras. Triste e lamentável espetáculo. Reclamações para tapá-la foram feitas e ignoradas pelas entidades e autoridades  responsáveis. Numa noite chuvosa um grande barulho se fez ouvir. Ao abrir a janela, deparei-me com um fusquinha de estimação, dirigido pelo meu vizinho bem velhinho e debilitado, com uma roda dianteira tragada pela cratera que cedera anda mais. Nós fomos acudi-lo. Ele saiu ileso. Graças a Deus os danos foram apenas materiais. Lembro-me quando ele disse: “Amanhã vou reclamar na prefeitura e pedir a ela que tape esse buraco”. Se ele reclamou eu não sei, mas o buraco só foi tapado semanas após o acidente. Isso porque o filho do Secretário de Obras da prefeitura municipal estudava num educandário bem próximo da cratera e o seu carro corria perigo nas manobras de chegada e saída.

 

À época, para evitar mais acidentes, cercamos a cratera com vários de tijolos e todas as manhãs eles desapareciam.  Substituímos os tijolos por três cones de cores chamativas – alerta geral. Na manhã seguinte encontramos um cone quebrado e os outros dois desaparecidos. Então, colocamos dentro da cratera uma bananeira de porte médio. Nessa mesma semana funcionários da prefeitura compareceram ao local, interditaram parte da rua e taparam o buraco. Dois dias de serviço, muita terra, areia, pedras e um novo asfalto.

 

Pensei: se o centro da cidade de Barbacena fosse um coração, a minha rua seria a aorta, por interligar ruas e bairros adjacentes. Infelizmente, convivemos com carros estacionados irregularmente na contra mão dela ou sendo usada como estacionamento.

 

Ano 2019

 

O cenário é o mesmo do ano de 2009. Da janela lateral  do quarto de dormir eu vejo pedaços de asfalto soltos, rachaduras e ondulações que colocam em risco motorista, pedestres e carros. Um verdadeiro caos instalado que não foi devidamente reparado. A cratera retornou ao cenário com toda força e vigor. Um lado positivo dessa ondulação é o acúmulo de águas onde os pássaros ficam ali para se banharem. A fenda está crescendo. Marmitex e pizzas continuam praticando voo livre e salto em altura. Motoristas que já conhecem o buraco, ao se desviarem dele correm o risco de baterem nos carros estacionados. Ontem um motorista irritado ao passar ao lado da cratera, parou o carro, olhou para mim com semblante carrancudo disse: “Meu senhor! Peça a prefeitura para tapar esse buraco urgentemente para evitar que acidentes graves aconteçam!”. Ele achou que a cratera era problema meu. Fiquei em silêncio vendo-o ir embora praguejando.

 

Ao longo da rua pequenos reparos são realizados, mas com as fortes chuvas que caíram sobre a cidade o serviço foi todo perdido. Neste exato momento, 10h15 do dia 14.03.19, ouvi um barulho de uma frenagem. Corri para ver. O moto taxista freou sua moto subitamente em cima da cratera e um saco de ração que estava mal amarrado, não caiu, ele voou. Ele ficou intacto, motorista nada sofreu e a moto também não. Um clima de preocupação tomou conta de todos nós, isto porque em 2009 muitos acidentes aconteceram e ficamos traumatizados com a queda do fusquinha no buraco. 

 

Um amigo me perguntou qual era o tema da crônica da semana. Ao lhe revelar, ele deu uma gargalhada e disse: “Chico Santana, levante as mãos para o céu e agradeça a Deus por morar no centro da cidade, chamada por você de aorta. Nada contra a sua comparação. Permita-me dizer que: se a sua rua está ligada ao coração o restante da cidade está ligada ao intestino. A cidade está abandonada!”.

 

Ano 2024

 

Os textos redigidos acima foram publicados pelo site barbacenaonline nos anos de 2009 e 2019. Acredite, esse mesmo buraco foi reaberto pelo SAS – Serviço de Água e Saneamento de Barbacena  para reparos na área hidráulica e está completando 40 dias sem nenhuma providência para tapá-lo.  Reclamei e recebi promessas vãs. Abriram o buraco. O defeito foi reparado. Encheram o buraco de terra, veio a chuva e a levou. O buraco é grande e está perigoso para pedestres e motoristas incautos que teimam em dirigir falando ao celular. Semana passada um mototáxi desceu a rua a procura de um número residencial para fazer alguma entrega. Ele olhava para um lado da rua e para o outro. De repente ele freou a moto subitamente para não cair no buraco e o que caiu foi a bolsa térmica cheio de marmitex, inclusive a minha. O número da casa que ele estava procurando era o da minha casa, que fica frente ao buraco. O carro do proprietário do restaurante fez o trabalho do mototaxista acidentado. Depois de muitas explicações e pedidos de desculpas, minha marmitex chegou depois às 14h.

 

Estamos tapando a cratera com terras e sinalizando-a com cabos de vassoura e caixas de papelão. Estou pensando em convocar os moradores da rua para montarmos dentro dela uma árvore se natal. Já temos a promessa de um pinheiro enorme e de enfeites natalinos. O nosso receio  é ofuscarmos o brilho dos enfeites colocados pela prefeitura municipal no centro da cidade. Portanto, deixo aqui um aviso de amigo: ao transitarem pela Rua Virgílio de Melo Franco, bairro centro ou Boa Morte todo cuidado é pouco.

 

Olhando para ela nesse instante lembrei-me de uma estrofe da música “Como nossos pais”  interpretada pela Elis Regina onde ela diz: “Por isso cuidado meu bem/há perigo na esquina/eles venceram/e o sinal está fechado prá nós/que somos jovens…”

 

 

Francisco de Santana

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