Francisco de Santana
Passando frente a um colégio deparei-me com dezenas de alunos silenciosos e atentos à tela de um aparelho de celular. Não havia interação, diálogos entre eles. A tela do celular era a atração daquele momento. Não havia correrias, gritos, brincadeiras sadias, agitações de corpos, sorrisos e diversão. Diferentemente do meu tempo onde brincávamos muito, sorríamos muito e éramos muito felizes. Nesse momento entrei no túnel do meu tempo, fechei os olhos e me vi diante de muitos companheiros me divertindo com incontáveis brincadeiras.
Haviam brincadeiras tipicamente masculinas e outras tipicamente femininas e nada impedia as participações de um ou uma. Havia uma machismo camuflado de alguns que nos chamavam de mariquinhas, mulherzinhas, veado ou afeminado numa espécie de bullying dos dias atuais. Nada naquele tempo gerava conflitos, desavenças ou brigas corporais. Tudo terminava em sorrisos e começos de novas brincadeiras.
Elas nos ajudavam a socialização; autonomia; criatividade; coordenação e desenvolvimento motor; autoconfiança; zero ou baixo custo; capacidade de resolver conflitos; reconexão dos adultos com a própria infância; espírito de comunidade; desenvolvimento cognitivo; raciocínio lógico; atenção; Imaginação e criatividade.
Que tal relembrarmos algumas que marcaram nossas vidas? Bolinha de gude, onde algumas pelas cores, tamanho e beleza tinham mais valores. A gente as trocava por cinco ou dez das comuns. Conhecíamos a coquinho (menores), cocões (grandes) e as esferas. Empinar ou soltar pipas ou raias onde travávamos lutas, corridas e manobras delas no ar, tinham aquelas maravilhosas pelo tamanho exagerado, corres variadas e caudas longas, sempre com as dicas da mãe para termos cuidados com os fios de alta tensão ou com o uso imoderado do cerol. Futebol na rua chamadas de “peladas” com alertas com o transitar de pessoas ou carros. Rodar pião, jogar finco, descer as ladeiras do Bairro Alto das Fábricas dirigindo carrinhos de rolimã, que tinham uma trava de madeira para frear e quando ele falhava, usava-se os pés. Já imaginou as feridas e a dor? Queimadas com turmas mistas ou só de homens ou só de mulheres; colecionar álbuns de figurinhas onde as carimbadas tinham um valor comercial bem diferenciado; aproveitávamos as figurinhas para jogarmos bafo (bate figurinha); pique de esconder, passa anel e bater tatu.
Lembrei-me ainda do pique esconde-esconde, quando escurecia; de fazer bichinhos usando o chuchu espetando nele pedaços de pau ou palitos; aviõezinhos feitos de papel (folhas de caderno) e havia até competições para ver o que voava mais alto ou aquele que permanecia mais tempo voando; pular corda onde aplaudíamos o que ficava mais tempo pulando; cabra cega; amarelinha; pega-pega; telefone sem fio; jogo da velha; ciranda (roda); mímica; bolinha de sabão; jogo de botão; roda pião; cabo de guerra; peteca; escravo de Jó; bambolê; bilboquê ou bilboquê; atiradeira ou estilingue; construções de caleidoscópios maravilhosos, corrida de saco; corrida de ovo na colher; corrida com apenas uma perna; corrida de três pernas; dança da cadeira; boca de forno; estátua; batata quente; o mestre mandou; stop, adedanha; jogo da velha; chicotinho queimado; cama de gato; pula elástico; cabo de guerra; jogo da forca; o mestre mandou dentre muitas outras. Depois nos deslumbramos com os patins, patinetes, velocípedes e com as bicicletas.
A gente pertenceu a uma “geração que nunca mais vai voltar; uma geração que foi à escola e voltou a pé; uma geração que fez a lição de casa sozinho para sair o mais rápido possível para brincar na rua; uma geração que passou todo o seu tempo livre na rua; uma geração que adorava pirulitos; uma geração que fez brinquedos de papel com as próprias mãos; uma geração que colecionou fotos e álbuns de recortes; uma geração que teve pais, não idosos; uma geração que ria baixinho anates de dormir, para que os pais não soubessem que ainda estávamos acordados; uma geração que está passando e, infelizmente, nunca mais voltará!”.
(Fonte: sites da internet).
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