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Redação do ENEM 2024: Desafios para a valorização da herança africana no Brasil

Embora haja pessoas que valorizam as culturas dos ‘brancos’, como assim consideram, temos sangue africano correndo em nossas veias, num país tão miscigenado como o Brasil.

Para além das raízes históricas, temos influência delas também na nossa saúde e em nosso comportamento, algo que nos identifica como brasileiros.

Na saúde temos condições que são próprias da raça; como assim também nossos comportamentos constituem muito daquilo que nem percebemos.

Muito além dos fatores históricos temos um povo miscigenado que traz em sua bagagem muito mais daquilo que se canta ou se mostra, sejam em avenidas ou museus.

É impossível dissociar um povo de se suas origens e comportamentos, por mais que muitos queiram.

A história brasileira está sedimentada na diversidade de povos e línguas, seu traço inconfundível. Embora de grande extensão territorial, a tríade saúde, comportamento e genética chama para maior entendimento de quem somos e como vivemos.

Assim, nosso comportamento é a soma de valores, tradições e miscigenação, algo que somente o brasileiro possui.

 

 

Por que este continua sendo um tema recorrente no mundo atual?

 

Observem que o tema fala a respeito da valorização das nossas raízes, algo que, embora faça parte da nossa herança genética, ainda enfrenta preconceitos e perseguições ao longo de gerações. Em muitos lugares ainda ouvimos histórias tristes relacionadas ao preconceito, à perseguição, à discriminação e à exclusão de pessoas negras. E este é um obstáculo ao próprio desenvolvimento do Brasil que, em muitas situações, desqualifica pessoas por sua cor, origem e credo.

Se pensarmos em apologia às minorias, infelizmente o Brasil deve estar entre os primeiros, apesar de tentativas extensivas para o contrário.

Olhando de perto, parece que, no Brasil, a soma de diferentes povos não é igual ao todo. Parece que a todo momento somos excluídos por sermos mulheres, negros, pessoas com deficiências, pobres e uma infinidade de outras classificações que apenas causam vergonha àqueles que realmente acreditam que somos todos iguais.

Pensem comigo: se realmente levássemos ao pé da letra que todos são iguais perante nossos direitos e deveres, você acha que precisaríamos, o tempo todo, levantar voz e bandeira pelos menos favorecidos?

A forma como nos comportamos em grupo fala muito a respeito de como entendemos nossa ascendência, seja no que se refere à raça ou às regras socialmente estabelecidas.

Em muitas situações estamos propensos a seguir ou a burlar regras; a todo momento temos a escolha de incluir ou excluir pessoas; a todo momento tempo a opção de negar nossa origem.

E, neste sentido, entender como o conceito de raça nos impede de sermos pessoas comuns, vivendo em sociedade, é fator crucial para a sobrevivência da espécie.

 

 

Por que você acha que, em pleno Século XXI, ainda precisamos falar de minorias ao invés de falar e tratar todos como um único povo e nação?

 

A resposta é tão complexa quanto a pergunta. Infelizmente acredito que nunca encontraremos um ponto de convivência real entre as pessoas. Distribuídas em etnias, grupos, padrões e uma infinidade de outras categorias que nem sequer imaginamos, temos dificuldades reais de aceitar as diferenças. Seja no que se refere à cor da pele, à minha idade, ao local em que eu moro, à quem são meus pais, se tenho pouco ou muito dinheiro, se grau de instrução que tenho, à minha escolha sexual, ao meu modo de pensar e por aí vai.

Falamos tanto mais de diferenças do que de igualdade; precisamos lutar pelas minorias, o que para mim é um grande paradoxo. Se somos uma nação, por que estamos tão divididos? Por que tantos grupos? Por que tantas tribos?

Se não consigo entender e aceitar que estou aqui apenas porque existiram outros antes de mim, eu realmente não entendi o que é ser gente e, muito menos, o que é ser cidadão.

Se desqualifico ou menosprezo tudo aquilo que é diferente de mim, meu comportamento fala mais de mim do que todos os discursos montados para impressionar e cativar pessoas com interesse puramente próprio.

Quando falo das raízes africanas no Brasil e subverto a minha forma de agir e pensar considerando uma outra origem mais apropriada, eu estou excluindo muita coisa de mim mesma.

A forma como não pensamos ou pensamos a partir apenas do nosso próprio interesse nos coloca numa posição perigosa, expostos à própria extinção.

Desta forma, sejamos mais críticos com todas as informações que nos chegam; sejamos mais conscientes no que se refere à nossa origem; sejamos mais responsáveis com nossos comportamentos. Porque, acreditem ou não, aceitem ou não, somos um único povo, apesar de tamanha diversidade.

 

Valeska Magierek – Neuropsicóloga

@amadesenvolvimento

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