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Especialistas e teóricos

Por Roselaine Teixeira, professora e neuropsicopedagoga, com orientação do Professor Dr. Delton Mendes Francelino, diretor da Casa da Ciência e da Cultura e  Coordenador do Laboratório de Escrita Criativa.

Como as mães conseguem sobreviver ao turbilhão de emoções, responsabilidades e adversidades em que são colocadas? Minha reflexão  de hoje, neste artigo, parte do ponto de onde as atribuições se misturam, os dedos em riste, as falas sem reflexão e com apontamentos absurdos que na verdade nem cabem na realidade em que a maioria vive.

As mães são colocadas em um lugar de devoção, mas também de “culpadas” por tudo. Observe ao seu redor e saberá exatamente do que falo. Tenho observado o movimento de objetificação das intenções e ações de mulheres que lutam constantemente para “darem conta de tudo” e, se não dão, é iniciada uma ladainha de que “se não quer cuidar, não deveria ter filhos”. Absurdo!

Historicamente a mulher vive um papel de reprodutora, educadora, cuidadora e o elo no lar; aquela que deve preparar os filhos para a vida e atender às necessidades do marido, sendo muitas vezes entregue a este como um objeto de troca, concílio ou negócios entre famílias. Ela ainda é vista como a pessoa adulta que deve cuidar, educar, alimentar, e a própria anatomia de nosso corpo lembra a todos quem deve alimentar a criança nos primeiros meses de vida.

Há de se observar que apesar de o pai não ter nascido com um par de seios e glândulas que produzem leite, também deve ser cobrado e considerado na criação dos filhos, já que cuidar envolve outras ações como, dar banho, ninar, acalentar e acolher.  Ele também deve ser acionado para levar o filho ao médico, quando a mãe que hoje não desenvolve apenas a administração do lar, que para ser bem sincera já é um trabalho extremamente pesado, ainda desempenha inúmeras funções no mercado de trabalho.

No ambiente escolar, quando uma criança sente um mal estar, automaticamente é perguntado: “você pode ligar para minha mãe por favor”? Dificilmente, a primeira ligação é feita para o pai, afinal, ele não pode ser incomodado em seu “trabalho importante”, enquanto a mãe, seja ela qual função tenha, deve procurar um meio de atender à necessidade do filho ou do ambiente no qual ele esteja inserido. Podemos chamar isso de igualdade de direitos? Não. Na verdade, considero que seja um abuso nos deveres.

Um dia desses, lendo uma matéria sobre criação de adolescentes, li informações, conselhos que considerei descabidos. Procurei a biografia do autor e para minha grata surpresa, era do sexo masculino, na faixa dos 45 anos e o mais importante, não tem filhos! Como alguém que não tem filhos pode aconselhar como educar e até castigar? Como um ser humano que nunca teve nos braços uma criança ardendo em febre ou com um corte imenso para levar pontos pode me orientar como devo agir com meu filho?

Ser um teórico, pesquisador na área não dá direito a tal pessoa de se intitular “especialista na criação de filhos”. Para mim, especialista é aquela senhora que antes de sair para o trabalho prepara o café, lava a louça e deixa o almoço pronto. Tem especialidade no assunto, aquela mãe ou pai que olha para o filho e percebe pela sua expressão no rosto que algo errado aconteceu. É também aquela pessoa que por ter trabalhado até tarde perdeu a hora e liga para a escola justificando o atraso ou a ausência do filho. Abre mão da carreira para cuidar do filho com algum problema de saúde ou deficiência, ou se desdobra em  mil para dar conta de terminar a dissertação de mestrado no final de semana, enquanto o filho corre pela sala ou liga de uma festa para que ela/ele busque-o.

Sempre seremos julgados pelo modo que escolhemos educar e pela vida que buscamos viver. Já ouvi de algumas pessoas que o que meu filho precisa na verdade é da mãe dele em casa, presente, como se eu não fosse presente no tempo de qualidade que estabelecemos. Também já presenciei algumas situações onde mães são julgadas por não trabalharem fora para que os filhos tenham “mais conforto”, elas são apresentadas como pessoas acomodadas e sem sonhos.

A verdade é que o processo de educar não deveria ser isolado, pesado, ninguém chega com uma solução. As pessoas fazem apontamentos diante de um fato observado, e tomam como verdade absoluta, acreditam que sabem exatamente como “aquela mãe sonsa” cria os filhos. Ninguém sabe de nada, só quem realmente vive é que sabe.

Eu gostaria que as pessoas que se propõem a educar, sejam elas pais ou mães, não deveriam ser influenciadas por quem não vive o processo. Que aqueles que veem uma situação de fora, tivessem a honestidade de compreender que um fato isolado acontecido em determinado momento não descredibiliza a educação, as orientações que são dadas diariamente. Existe um provérbio africano que diz que: “É preciso uma aldeia inteira para educar uma criança”. Que essa aldeia, que é a nossa sociedade, deixe de ser um muro de julgamentos e passe a ser  uma ponte para os pais, afinal a criança que educo hoje em breve fará parte desta grande aldeia.

Apoio divulgação científica: Barbacena Online, Samara Autopeças e Anjos Tur Turismo.

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