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Como a vida virtual afeta a todos nós

Estar on-line é viciante, atraente e repugna, às vezes. Crianças, jovens e adultos de todas as classes sociais encontram-se totalmente viciados em navegar pelas redes sociais, em opinar, julgar e tornaram-se absortos em detrimento de viver a própria vida. Não se interessam mais em interagir com as pessoas, amigos, ler um livro ou fazer atividades prazerosas. Há pessoas que a primeira coisa que fazem ao amanhecer é olhar o celular. Uma dependência que não pode ser saudável. Claro que não me refiro a todos, mas a maioria se encontra nesse patamar.

Já notaram que não se olha mais uma pessoa bonita que passa? Ela não é vista, pois os olhos não saem do aparelho celular. O que está lá é mais atraente. Não há conversas em família, contato olho no olho. Em todos os lugares que se entra, as pessoas estão de cabeça baixa, olhando os seus celulares.

Esse comportamento destrutivo em parte, tem comprometido sobremaneira a vida das pessoas e a sua saúde mental, uma vez que fazem suas refeições mexendo no celular, dormem pouco ou deixam o aparelho ligado para que estejam atentos a qualquer abordagem. Não prestam atenção ao que os cercam, correndo sérios riscos como serem assaltados ou atropelados nas ruas ou vias férreas, pois nem estando atravessando uma rua deixam de falar ao celular, ler ou passar mensagem. Alguns países já punem com multas os pedestres que cometem essa infração.

Um dos aspectos mais negativos do mundo on-line, a meu ver, é a divulgação e disseminação de notícias falsas, sem a menor responsabilidade. Fiquei perplexa outro dia, ao ouvir alguém sentado do meu lado comentar sobre o que estava acontecendo com as doações feitas para o Rio Grande do Sul. Algo que, definitivamente, não era verdadeiro. Ou seja, a pessoa ouve, incorpora aquilo e sai divulgando como certo.

Pensando na prevenção do estrago que tem feito na vida das pessoas de forma precoce, a médica pediatra e autora de vários livros, Ana Escobar, lançou recentemente o livro Meu Filho Tá Online Demais, cuja leitura, eu acredito que seja muito útil para os pais. É preciso oferecer aos pequenos uma vida mais atraente com passeios e brincadeiras ao ar livre, entrosamento com amiguinhos, parentes, evitando, assim, tanto acesso às redes sociais. Ademais, é preciso restringir o tempo de uso e acesso a determinados conteúdos. No mundo virtual temos de tudo: conteúdos de ótima qualidade, mas encontramos ainda o lixo do lixo. E um ser em formação não tem discernimento ainda para fazer essa filtragem.

Um dia desses, ao me deparar com algo inacreditável, mostrei para uma moça que estava próxima a mim, dizendo para ela: “veja isso, não posso ver sozinha”. Um rapaz numa rede social descreveu em pormenores o seu órgão sexual, não esquecendo de nenhum detalhe e usando palavras bem vulgares. E o que mais me surpreendeu é que foi permitido pela plataforma. Se escrevemos lá a palavra “idiota” ao nos referirmos a alguém, somos impedidos de publicar. Mas descrever a própria intimidade deve ser mais atraente ou só eu não sabia que isso é permitido?

Algo muito importante a considerar é a falta de segurança existente para os usuários do meio virtual. Apesar de existirem as leis, elas são de pouca aplicabilidade para combater os crimes cibernéticos. Somos vítimas das clonagens, roubo de dados, pornografia, rede de pedofilia, fotos vazadas, dentre outras. Se o lesado for uma pessoa pública ou um artista, certamente será mais fácil resolver, ainda que demore. Mas o cidadão comum costuma amargar os danos morais que invasões desse tipo provocam.

Importante ressaltar também que há um lado muito positivo das redes sociais e mundo virtual: grandes campanhas de solidariedade são feitas, crimes hediondos são divulgados, casos complexos são elucidados, pessoas desaparecidas são localizadas, escândalos vêm a público. Ou seja, a vida de todos tornou-se um céu aberto. Infelizmente, no entanto, como tudo que é utilizado em demasia ou de forma desvirtuada, a vida on-line tem provocado sofrimento em alguns: há muita agressividade, discussões inúteis, desentendimentos por questões ideológicas, julgamentos.

Existem as pessoas que não suportam a pressão de se sentirem ridicularizadas perante todos e tiram a própria vida. O tribunal da internet não perdoa. Pessoas públicas procuram as redes sociais para justificar as suas falas, a fim de evitar o tal cancelamento. Para alguns, isso é o que há de pior e vários abrem mão de suas convicções para não serem cancelados. São poucos os artistas, por exemplo, que arcam com as consequências de uma declaração que caiu mal. A maioria volta atrás. Aqui não me refiro às declarações infelizes, discriminatórias, mentirosas, mas àquelas que são o ponto de vista de quem as fizeram.

Recentemente, assistimos o constrangimento passado por Kate Middleton quando optou por esconder o seu estado de saúde e a atitude adotada por seus assessores acabou incitando uma horda pela internet ao verem uma foto vulgarmente alterada e inverídica. O fato provocou a sua aparição pública, explicando para o mundo que tem câncer. Pronto, deram um pouco de sossego à Kate. De forma a facilitar esse tipo de especulação, muitas pessoas públicas já divulgam de antemão algo ocorrido com elas, como uma separação, a descoberta de uma doença, uma demissão ou limitação. Os vorazes internautas logo as esquecem. Talvez seja o mais indicado para a paz dessas pessoas. A justiça pode não funcionar a contento, mas a da internet funciona rapidamente, promovendo ou derrubando alguém.

É preocupante para especialistas os danos causados na saúde mental de jovens em particular. Há aqueles que se isolam com a falsa ilusão de que têm muitos amigos, quando na verdade têm seguidores, sem nenhum vínculo afetivo e que podem sumir a qualquer momento. Os jovens ficam reféns de aceitação, de curtidas, de aprovação. Deixam de cuidar de si para ficarem on-line. Não praticam uma atividade física, não convivem com pessoas reais. Não se alimentam ou dormem direito. Além disso, querem se comparar aos ditos “influenciadores”, que são pessoas geralmente bonitas e que propagam comportamentos controversos, despertando o lado rebelde que costuma acometer o adolescente. Não suportam não serem atendidos num contato feito no WhatsApp, por exemplo. Qualquer retorno que não recebam, já é motivo para se sentirem rejeitados.

Crianças podem ser acudidas a tempo, jovens precisam ter um propósito de vida, um projeto que os realizem e adultos podem perfeitamente controlar esse “vício” que é a necessidade de estar on-line o tempo todo.  Basta um pouco de disciplina e determinação. Que nós todos consigamos nos libertar dessa “prisão” e passemos a valorizar mais as nossas relações interpessoais e cuidar de nossa saúde mental. A vida on-line é uma grande ilusão e pode nos tornar solitários.

 

 

Maria Solange Lucindo Magno, professora dos anos iniciais do Ensino Fundamental na rede estadual – aposentada

Atuou como Inspetora Escolar na rede estadual – SEE

Técnica em Educação da rede municipal de ensino de Barbacena – aposentada

Amante de livros, cinema, teatro e música, enveredou pelos caminhos da escrita

Lançou em 2020 o seu livro de caráter intimista “Escritos Com o Coração”

Autora de diversas crônicas

Possui publicações na plataforma Scriv

Comentarista na página do Leitor – Revista Veja

Foi aprovada como colunista do site O Segredo

Aprovada em cinco Antologias

Atualmente é articulista do Complexo de mídia eletrônica Barbacena Online

Instagram: @mariasolluc

Facebook: Maria Solange Lucindo Magno

Threads: mariasolluc

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