Eu começaria com a saudade. Para alguns, sentir saudade não é ruim nem melancólico, entretanto, nem sempre a saudade é confortável. Ela costuma trazer uma dorzinha incômoda. Sentimos saudade de quem se foi para sempre; daqueles que não soubemos segurar e deixamos partir; de um trabalho prazeroso; de uma atividade que gostávamos de praticar; de lugares que costumávamos frequentar.
O sofrimento faz parte da vida de todos. Não há quem não tenha passado por ele. Em menor ou maior grau, todos nós passamos pelo sofrimento, seja ele físico ou emocional. E é tão bom quando ele se vai! Ninguém passa incólume pela vida, sem experimentar o sofrimento. Isso é o que nos nivela. “Nos preparamos pra muito e choramos por menos”: nuances do sofrimento.
A solidão. Ah, esse sentimento dói demais se não soubermos administrá-lo, se considerarmos melhor ficar aprisionados num relacionamento tóxico apenas para não ficar sozinho. Todavia, é preciso saber diferenciar solitude, que é quando escolhemos estar só, de solidão, onde predomina o sentimento de abandono, de estar à margem de tudo, de sentir que não se encaixa em lugar algum. São situações distintas que fazem a diferença ao serem vividas.
De acordo com especialistas, nós estamos vivendo uma espécie de epidemia de solidão. E, ao contrário do que se pensa, não atinge somente os idosos, mas, sobretudo, jovens iludidos com as conexões rasas e superficiais das redes sociais. Ou seja, tem-se a impressão de que estão rodeados de amigos, seguidores, mas quantos estariam dispostos a prestar um socorro emergencial, a ouvir um desabafo diante de um momento de angústia? Concordo: nunca fomos tão solitários! E esse sentimento se estende a todas as faixas etárias.
Mas existe uma solidão com a qual precisamos aprender a lidar: aquela que nos faz encarar a nós mesmos como somos: nosso lado bonzinho, que é como queremos ser vistos, e os nossos erros, fracassos. Aquele lado B que não gostamos que seja descoberto. Não podemos nos desligar de nossa essência.
A solidão pode aumentar o risco de a pessoa adoecer e morrer. Sim, uma pessoa que sente solidão não se alimenta direito, não dorme bem e pode ter a saúde mental seriamente afetada.
Entretanto, podemos estar rodeados de pessoas e nos sentirmos terrivelmente sós. Ter uma baixa autoestima nos provoca solidão, pois o medo de sermos rejeitados faz com que nos distanciemos de todos e deixemos de interagir, de dar opiniões.
O Brasil é o país dos paradoxos, pois é considerado o que tem o maior número de pessoas que sofrem de solidão, de acordo com uma pesquisa realizada em 28 países. Não faz muito tempo, uma outra pesquisa constatou que os índices de felicidade em nosso país é um dos mais altos. Como pode?
Há pessoas que gostam de viver sozinhas a tal ponto, que não conseguem dividir o seu espaço com outro (s). Se não há sofrimento nessa escolha, nada que afete a saúde mental, é melhor do que uma solidão a dois, por exemplo. De quantas situações temos conhecimento, quando pessoas que vivem na mesma casa, no mesmo ambiente, não têm a menor conexão!
Portanto, é bom que sempre tenhamos em mente que na solitude há uma escolha em que a pessoa quer ficar só e pode, eventualmente, sentir necessidade de se isolar para uma reflexão, ter um momento de interiorização. Já a solidão, se vier acompanhada de uma tristeza profunda, que pode levar à depressão, requer cuidados e acompanhamento psicológico. Existem algumas providências que podemos tomar para contornar esse sentimento que costuma querer se instalar: ler bons livros, praticar uma atividade física, cuidar da autoestima, procurar interagir com pessoas conhecidas ou não, adotar um pet. Aliás, quanto à última opção, já está comprovado que faz um bem muito grande para pessoas que moram só, principalmente idosos.
Já dizia o papa Bento XVI que “O homem só se torna maduro quando enfrenta sua própria solidão”. O que há de ensinamento nessa fala do papa? Quem não consegue viver consigo próprio, não conseguirá viver em harmonia com outro por não ser capaz de compreendê-lo.
O fato é que devemos sempre estar atentos aos nossos sentimentos e sermos observados por pessoas à nossa volta. Ficar só não é necessariamente um problema ou um sinal de perigo. Pode ser preocupante se causar sofrimento.
Maria Solange Lucindo Magno, professora dos anos iniciais do Ensino Fundamental na rede estadual – aposentada
Atuou como Inspetora Escolar na rede estadual – SEE
Técnica em Educação da rede municipal de ensino de Barbacena – aposentada
Amante de livros, cinema, teatro e música, enveredou pelos caminhos da escrita
Lançou em 2020 o seu livro de caráter intimista “Escritos Com o Coração”
Autora de diversas crônicas
Comentarista na página do Leitor – Revista Veja
Foi aprovada como colunista do site O Segredo
Aprovada em quatro Antologias
Atualmente é articulista do Complexo de mídia eletrônica Barbacena Online
Instagram: @mariasolluc
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