Muro ou ponte?

A crônica de Francisco Santana

Você já reparou que há casas que se parecem fortalezas? Elas possuem fortes esquemas de segurança e normalmente são circundadas por muros altos. Um morador me revelou que esses cuidados coíbem as ações dos marginais, que o muro é uma forma especial para espantá-los, embora saibamos que os aparatos são atraentes e chamativos.  

Um muro se eternizou na história mundial: muro de Berlim ou muro da Vergonha. Ele foi construído no dia 13 de agosto de 1961 e derrubado em 09 de novembro de 1989. O seu propósito foi o de dividir a cidade de Berlim em duas, a fim de evitar a emigração da população de Berlim Oriental para o lado Ocidental. O muro tinha aproximadamente 66 quilômetros de gradeamento metálico, além de mais de 300 torres de observação, 127 redes metálicas eletrificadas com alarme e 255 pistas de corrida para cães de guarda, os quais auxiliavam na realização da segurança. Muitas pessoas tentaram sair do lado Oriental da Alemanha passando para o lado Ocidental isso porque foram separados de seus amigos e familiares, mas acabaram mortas. Uma parte do Muro de Berlim foi mantida como recordação e virou um mural de pinturas para artistas consagrados internacionalmente.

A briga entre o capitalismo, guerra fria e o comunismo gerou essa barreira para reflexão sobre o tema em voga: construir muro ou ponte? Evidente que tal discussão é no sentido figurado. 

Perguntado, um técnico em edificação me disse que fisicamente é bem mais fácil e rápido construir um muro, bastando para isso definir o local e o material a ser utilizado. Já percebeu que nossas relações se parecem com muros? Se numa relação não há interesse, diálogos ou disposição, nós ficamos reclusos em muros mentais que dependendo do problema, eles podem ser altos, baixos, fortes e difíceis de serem demolidos. Quando resolvemos derrubá-los, pensando que o problema foi superado, há um retrocesso, decepções e voltamos a construí-los. 

A ponte é uma obra cuidadosamente planejada. Ela nos lembra o Sumo Pontífice, Papa, a ponte que liga Deus aos homens, nos aproximando e unindo. Cada ponte é uma semente de prosperidade, paz ou um elo de amor e equidade. Ao planejá-la aprendemos a “ser fiel e verdadeiro, a abjurar a intolerância, a superstição e o fanatismo em religião e em política; a purificar o lar doméstico, criando os bons costumes, base da felicidade humana; a desprezar todos os títulos e distinções exteriores, como sinal infalível da vaidade e ignorante orgulho dos que os ostentam, para que se os considerem superiores aos outros; a não estimar, mas que o talento, que se apóia na virtude, e, sobretudo na modéstia; a não reconhecer outras leis senão as da razão e a procurar com esta a maneira de que todos cumpram seus deveres e a ninguém se prive de seus direitos”. 

“Com seu amor, com sua família, com seus amigos, colegas, lembre-se, policie-se para sempre construir pontes diariamente, quando um pequeno muro começar a se erguer, ainda tímido, derrube-o, vai ser fácil, e então trabalhe arduamente na sua ponte e lembre-se que a ação do próximo será o reflexo da sua ação”.

Estou sempre construindo pontes interligando-me com amigos de várias cidades brasileiras. Com eles interajo, discuto, aprendo e não me envergonho de mudar de conceitos enraizados na mente. Isso porque sei que o que produz a amizade é a benevolência, os serviços prestados sem que tenham sido solicitados e sem que posteriormente sejam publicados. Nestas condições, tais serviços foram prestados apenas em atenção ao beneficiado e não por outro motivo.

(Fontes: Wikipédia/Muro de Berlim: história e características – Juliana Bezerra/Site Só Geografia/ Texto da filósofa Fabiana Dainese Mauch/ Livro Grau 19).

Nós usamos cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência em nossos serviços, personalizar publicidade e recomendar conteúdo de seu interesse. Ao utilizar nossos serviços, você concorda com tal monitoramento. Aceitar Saiba Mais