- Meu filho tem tido um comportamento agressivo em casa e na escola. A agressividade é normal na infância?
Antes de mais nada precisamos entender o que significa ‘agressividade’.
A agressão é um tipo de comportamento com a intenção de causar dano físico ou mental. Sendo assim, a agressão não é normal em nenhuma idade, seja criança ou adulto.
O comportamento agressivo, por sua vez, pode acontecer episódica ou frequentemente e precisa de avaliação cuidadosa.
O comportamento agressivo não é uma condição médica. Ele pode ser um sintoma em um quadro neurológico ou psiquiátrico, porém isoladamente não é uma doença ou “desvio de caráter”. Se a agressividade decorre de uma condição emocional explicável no contexto da situação, ela é um comportamento esperado, portanto, aceitável dentro de certos limites. O comportamento agressivo propriamente dito é aquele que se manifesta episodicamente sem provocação justificável ou com um mínimo de provocação para o qual a agressão se mostra injustificável.
Mas aquelas condições em que a criança apresenta agressividade, seja verbal ou física, carecem de atenção tanto dos pais, quanto da escola.
Para aqueles casos em que o comportamento agressivo permanece, um especialista precisa ser consultado.
- O que é comum acontecer na infância e que pode ser considerado um comportamento agressivo, podendo ser breve ou permanecer por tempo indeterminado?
É normal que as crianças pequenas batam, mordam, empurrem, gritem. À medida que o cérebro se desenvolve e sua capacidade motora aumenta, as crianças, naturalmente, expressarão raiva e agressão através de seus comportamentos.
Mas estes comportamentos não podem ficar por tempo indeterminado e como forma única de comunicação e de resolução de seus problemas.
A criança também precisa amadurecer sua capacidade de lidar com as frustrações e sua capacidade de se comunicar.
- Toda agressividade, seja verbal ou física, significa transtorno?
Não, nem todo comportamento agressivo ou agressividade significa transtorno. Eles podem ser passageiros, transitórios. Mas a observação atenta da família e também da escola podem fazer diferença na identificação precoce de transtornos ou outras condições que possuem a agressividade como também um sinal de que algo não vai bem com a criança.
- O que podemos fazer quando a criança apresentar comportamentos agressivos?
A regra geral e sempre válida, é a da observação. Observe como a criança reage ao ambiente, aos estímulos, às frustrações, ao convívio em grupo, às regras.
Em segundo lugar, quando as crianças começarem a bater, morder, empurrar ou estapear, os adultos devem reagir calmamente, mas expressar claramente sua desaprovação cada vez que esses comportamentos ocorrerem; os adultos devem ser cordiais e atenciosos e reforçar o bom comportamento, devemos aplicar uma disciplina apropriada à idade da criança, que estimule o aprendizado (por exemplo, pedindo desculpas, reparando quaisquer danos que tenham sido causados), devemos ensinar às crianças como expressar raiva e frustração usando a linguagem (e não o grito ou a força física), devemos favorecer que as crianças tenham um comportamento tranquilo (por exemplo, cooperar, negociar, ceder, reconciliar).
Com o apoio e a orientação dos pais e das pessoas que tomam conta delas, e através da interação com terceiros, as crianças aprenderão a NÃO usar agressões físicas e, ao contrário, valer-se de comportamentos socialmente mais aceitáveis.
- Mas e para aqueles casos em que já se tentou de tudo e o comportamento agressivo permanece e até mesmo piora com o tempo?
Para esses casos a intervenção especializada é fundamental! O comportamento agressivo, dentro de um transtorno do Neurodesenvolvimento, por exemplo, é de difícil manejo, leva bastante tempo para manejado e precisa de acompanhamento de longo prazo.
Às vezes as famílias de crianças com falhas na interação social, falhas na comunicação e comportamento agressivo acham que sozinhas e com o tempo, aquele comportamento se resolverá. Mas não é exatamente assim que acontece.
Existem casos em que a agressividade piora à medida em que a criança cresce e não consegue se adaptar ao meio em que está inserida.
O comportamento agressivo, por longo tempo, tem muito a nos dizer sobre o desenvolvimento global daquela criança.
NOTA DA REDAÇÃO – Valeska Magierek é Psicóloga pela UFSJ, com especialização em Neuropsicologia pela FUMEC e mestrado em Psicobiologia na Escola Paulista de Medicina (UNIFESP); atua há mais de 20 anos na área de Psicologia Infantil e Neuropsicologia; é Diretora Clínica do Centro AMA de Desenvolvimento em Barbacena. www.centroamadesenvolvimento.com.br.